As empresas aumentaram a produção ao limite e buscam soluções de importação do insumo. A White Martins, principal fornecedora de oxigênio para o governo do Amazonas, informou que atua para viabilizar a importação do produto da Venezuela para suprir a alta demanda.
O país vizinho, que vive uma grave crise humanitária, seria uma das opções mais viáveis para a importação do oxigênio pela proximidade geográfica e pela disponibilidade do insumo.
A capital do Amazonas vive um cenário de recorde de hospitalizações por Covid-19 e escassez de oxigênio nos hospitais. O insumo faltou em diversos hospitais da rede pública nesta quinta-feira (14), resultando na morte de pacientes por falta de oxigenação, segundo relato de médicos.
A explosão de novos casos da Covid-19 fez com que a demanda por oxigênio chegasse a 76 mil metros cúbicos diários.
Por outro lado, a produção diária de White Martins, Carbox e Nitron, que são as três fornecedoras do insumo para o governo do Amazonas, é 28,2 mil metros cúbicos por dia.
Para tentar suprir a demanda extra, o governo federal tem buscado o insumo em outros estados. Nesta quarta , o Amazonas recebeu 22 mil metros cúbicos de oxigênio transportados pela Força Aérea Brasileira.
O estado já havia recebido uma remessa de 50 mil metros cúbicos, vinda de Belém por via fluvial, na segunda (11). A quantidade do insumo, contudo, foi insuficiente para atender a demanda dos hospitais.
"A demanda surpreendeu um dos maiores conglomerados de gases medicinais do mundo", disse o secretário de Saúde ao Amazonas, Marcellus Campêlo.
Em nota, a White Martins informou que tem mobilizado todos os esforços para suprir a demanda exponencial de oxigênio, que já aumentou cinco vezes nos últimos 15 dias.
A empresa tem capacidade de produção de 25 mil metros cúbicos por dia e está operando no limite máximo de sua capacidade. Toda a produção de oxigênio da unidade foi destinada ao segmento hospitalar.
A empresa também fez um requerimento à Anvisa para que a agência autorize a flexibilização temporária, em caráter excepcional, do percentual mínimo de pureza do oxigênio medicinal produzido no estado do Amazonas. Dessa forma, a porcentagem mínima seria alterada para 95%. Esta flexibilização poderá aumentar a capacidade produtiva da planta de Manaus em cerca de 2.000 metros cúbicos diários.
O pico de demanda por oxigênio registrado nos últimos dias no Amazonas não tem paralelo com qualquer outro momento da pandemia.
Em abril de 2020, quando Manaus enfrentou o primeiro pico da doença e precisou abrir até covas coletivas para enterrar as vítimas da Covid-19, a demanda por oxigênio não superou 30 mil metros cúbicos diários. Antes da pandemia, a demanda não chegava a metade disso.
De acordo com o secretário de Atenção Especial à Saúde do Ministério da Saúde, Franco Duarte, o aumento repentino da demanda foi impulsionado pela explosão de casos de Covid-19 no estado.
Nesta quarta-feira (13), a cidade bateu um novo recorde negativo: foram 2.221 novas hospitalizações só nos 12 primeiros dias de janeiro. O número é maior do que o total de internações registradas em todo o mês de abril, primeiro pico da pandemia no Amazonas.
Em entrevista à imprensa na quinta-feira (14) o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC) anunciou que terá de transferir doentes para tratamento em outros estados, em função do desabastecimento de oxigênio.
O governador também decretou toque de recolher entre 19h e 6h, exceto a pessoas ligadas a atividades essenciais que são saúde, segurança e imprensa como tentativa de diminuir a circulação e infecção de pessoas.
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