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Cidades

“Volta às aulas presenciais vai ser desafio para todos”, diz especialista

Psicólogo e consultor em Educação diz que pais e educadores devem dar apoio emocional às crianças no momento em que elas retornarem à escola


Imagem ilustrativa da imagem “Volta às aulas presenciais vai ser desafio para todos”, diz especialista
Psicólogo Rossandro Klinjey disse que, neste momento, é preciso reaprender as regras da boa convivência |  Foto: Arquivo/AT

Pais, alunos e professores foram obrigados a descobrir uma nova dinâmica social neste período da pandemia, sendo que ninguém estava preparado para os desafios que encontrariam pela frente.

Agora que o isolamento social tende a diminuir à medida que a vacinação aumenta, voltar às aulas presenciais será um desafio ainda maior. É o que afirma o professor e psicólogo Rossandro Klinjey.  

“A perda de convivência escolar impactou psicologicamente os alunos e será necessário um esforço em conjunto para recuperar os problemas causados pela pandemia”, observou Rossandro.

A Tribuna – Como o isolamento social afetou o psicológico das pessoas?

Rossandro Klinjey – Nós somos o resultado do que a gente vive fazendo o tempo todo. É como conviver com as pessoas na redação de um jornal: vão existir o barulho, as trocas, mas, quando vai para casa, você perde isso. 

Neste momento estamos reaprendendo as regras de convivência, como não invadir o espaço do outro, por exemplo. Então, quando os estudantes voltam para a sala de aula, eles estão voltando para o coletivo. 

Em um ano e meio de pandemia, dentro de casa, todos desaprenderam a lidar com esse convívio e muitos desenvolveram o que chamamos de síndrome da gaiola. 

Em resumo, vamos voltar ao presencial com um conjunto de pessoas que foram afetadas de jeitos diferentes. Algumas conseguiram se adaptar bem, mas muitas outras acabaram desandando. Isso quer dizer que alguns alunos podem voltar mais focados, mas, ao mesmo tempo, outros vão voltar perdidos e sem vontade de estudar. 

Então quais serão as maiores dificuldades ao voltar para o ensino presencial?

Como cada pessoa foi afetada de um jeito diferente, o questionamento que fica é: “Como a gente vai abordar essa situação?” 

As crianças perderam o ritmo de aprendizado e ficaram muito tempo expostas à tela. Muitas estavam dormindo e acordando tarde, jogando videogame por longos períodos,  mas agora é preciso regular. Essa superexposição gerou um esgotamento, já que toda a parte de lazer foi resumida a assistir a séries, a jogos e a redes sociais. 

Então vai ficar cada vez mais explícito que o método educacional não pode seguir um padrão pré-determinado. Cada aluno é um e é preciso levar essas diferenças em consideração dentro do modelo de educação. 

Voltar à realidade da aula presencial será um desafio para todos, maior do que quando tivemos que ficar dentro de casa. Isso porque a casa é um ambiente conhecido e, com o retorno das escolas, os alunos vão estar voltando para um lugar que era familiar, mas que agora não é mais. Eles não vão ter acesso ao que tinham antes.

Como os pais, professores e alunos serão afetados com esse retorno?

Os pais precisam aprender que são necessários no processo educativo, mas sem interferir na rotina pedagógica. Já os alunos estão com ansiedade para falar e interagir uns com os outros. Isso vai causar uma dificuldade maior de concentração. 

Além disso, os professores vão descobrir que os estudantes passaram por traumas,  e é preciso ter em mente que o acolhimento emocional é a grande resposta.  Então, todos precisam estar envolvidos nesse processo.

O que é a síndrome da gaiola?

É o que está acontecendo com muitas pessoas por causa do período de isolamento social. É quando você se acostuma com a gaiola e, quando precisa viver as experiências do mundo lá fora, não sabe mais como fazer isso. 

Então, a exposição à realidade precisa ser feita aos poucos, de forma gradativa, para que a pessoa se readapte ao convívio social. Isso é muito importante! 

A epidemia explicitou algo que já estava interno e fez realçar ainda mais. Algumas pessoas surpreenderam para pior e outras, para melhor. O mais importante é que esse retorno, a volta para a sala de aula,  seja feita com calma para que aconteça uma readaptação social.

Qual a importância do diálogo entre pais e filhos para ajudar nessa readaptação?

É fundamental ressaltar que o diálogo é importante em todo momento. Se os pais começarem a buscar um diálogo só nesse período e acharem que está tudo bem, nós vamos perder muito. 

A interação entre as pessoas já é essencial, mas entre pais e filhos é ainda mais. 

Quando você acompanha o processo de desenvolvimento da criança, é possível questionar como foi a escola, o que está sendo mais complicado nesse retorno, como ela está se sentindo e, só assim, após observar e medir as reações dos jovens, é que será possível verificar o problema e corrigir qualquer mudança logo no início.

Muitos pais acham que os problemas vão se resolver sozinhos ou que essa é uma função da escola, mas isso é uma irresponsabilidade parental. Eu costumo usar o termo “aborto afetivo”, quando os pais negligenciam as crianças e não interferem.

Quais são os sinais de alerta para perceber indivíduos que estão com medo de voltar a uma rotina presencial?

No caso das crianças, você percebe que ela não quer ir para a escola, resiste em sair e diz que não gostou do colégio, por exemplo. 

O mesmo ocorre com os demais indivíduos, que desenvolveram certa resistência para sair de casa. 

Existe alguma dica para ajudar as pessoas a superar esse medo?

A primeira dica é ir! Você não supera o medo de sair de casa sem sair de casa. É uma dica clássica, mas é realística. 

Caso a pessoa precise de ajuda, não tem problema. Basta procurar ajuda. Pode ser pedindo para a própria família, como fazemos no primeiro dia de aula dos filhos, sabe? Levando-os até a porta da escola.  É só combinar com algum familiar e ir buscando essa reentrada de forma gradual.

Além disso, é importante que a escola esteja atenta e crie um ambiente de acolhimento emocional e de diálogo. Porque só depois de acolher o emocional dos estudantes é que as escolas vão conseguir identificar os prejuízos e corrigi-los. 

Se os centros de ensino tentarem deixar tudo como era antes, sem reparar nesses mudanças, eles não vão conseguir melhorar o que precisa ser melhorado.

O que é mais importante nesse momento?

É importante mostrar para as escolas que elas precisam tratar a educação socioemocional. Essa é a demanda do século 21. 

Negligenciar o desenvolvimento emocional é irresponsabilidade da escola, porque ela não é somente um lugar de troca de saberes. É um lugar de desenvolvimento de emoções.


QUEM É - Rossandro Klinjey 


  • Rossandro Klinjey é psicólogo, professor e consultor em Educação e Desenvolvimento Humano.
  • Também é professor visitante da Fundação Dom Cabral e docente do mestrado em Psicologia Organizacional e Gestão de Pessoal na PUC-RS.
  • Atendeu por 20 anos em consultório exercendo a prática da Psicologia Clínica.
  • É formado pela Universidade Estadual da Paraíba e, como palestrante, viaja pelo Brasil, por diversos países e atende muitas empresas. 

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