Vitória contra o câncer e sonho realizado de ser pai
Felipe Franzott Borgo lutou pela vida e conseguiu mudar o prognóstico de infertilidade. Hoje é pai de Arthur, de dois anos
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Domingo é comemorado o Dia dos Pais, uma data que, sem dúvida, passou a ter outro sentido na vida do preparador físico Felipe Franzott Borgo, de 37 anos.
Em uma história de superação, ele afirma que quando o desejo de ser pai bate forte, nem mesmo uma provável infertilidade, após um tratamento de câncer, é capaz de impedir de realizar um sonho.
Hoje curado, feliz e, contrariando todos os prognósticos, Felipe se enche de orgulho ao falar que é o “superpai” do Arthur, de 2 anos e sete meses.
Seu mundo desabou ao descobrir um câncer de testículo em 2010. Durante um ano, ele foi submetido a sessões de quimioterapia, no Núcleo Especializado em Oncologia (Neon), mas após o terminar o tratamento ele contraiu uma bactéria na corrente sanguínea.
Foram dias de incerteza, na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) de um hospital, entre a vida e a morte. Quatro meses depois, ele começou a namorar Nathália Amorim Zanellato.
“O sonho dela era ser mãe. Eu sempre avisei que não poderia ser pai, porque na minha quimioterapia o médico sempre deixou claro que a chance de ficar estéril era muito grande. Mesmo assim, continuamos o relacionamento e ela sempre falava que queria casar”.
Após sete anos, em 2018, chega o dia do casamento. O destino começa a ter outro desfecho depois que ele começa a dar aula de Educação Física para crianças. Pela primeira vez, o desejo de ser pai preenche o seu coração.
No início, Nathália relutou, alegando que ele não podia ter filhos, afinal, foi isso que ela ouviu por muitos anos. Mas ele insistiu. “Ela parou de tomar o anticoncepcional e, um mês depois, fez o teste e descobriu que estava grávida”.
A oncologista clínica Kitia Perciano, da Neon, explica que sessões de quimioterapia mais complexas, com doses mais altas, podem levar à infertilidade (40% dos casos).
“A orientação aos pacientes é fazer a coleta do sêmen e congelar. Só que o SUS e os convênios não cobrem e nem todo mundo tem condições de pagar”.
“Ser pai é indescritível, é demais!”

A Tribuna - Quando descobriu que tinha contraído uma bactéria e ficou entre a vida e a morte?
Felipe Franzott Borgo - Eu terminei a quimioterapia em 23 de dezembro de 2010 e achei que já estava 100% bom. Fui curtir o Réveillon e acabei contraindo uma bactéria. Fui parar no hospital. Quase morri.
O desejo de ser pai surge em que momento em sua vida?
Eu perdi o meu pai precocemente, aos 15 anos, para um câncer de intestino, e nunca tinha tido interesse em ser pai. Só que tudo mudou depois que comecei a dar aula. Um ano depois desse convívio diário com as crianças, bateu um desejo. Cheguei em casa e disse para minha esposa parar de tomar o remédio porque queria muito ser pai.
Como descreve a experiência de ser pai?
Ser pai é indescritível, é demais! Foi uma decisão que não me arrependo em nenhum momento. Eu e meu filho temos uma ligação muito intensa. Tudo é papai. Na hora de dormir, de brincar, de chorar, ele me chama. Ele começou a chamar papai primeiro.
Pensa em ter outros filhos?
Por enquanto não, mas do mesmo jeito que eu mudei sobre a decisão de ser pai, quem sabe no futuro ele não ganhe um irmãozinho ou uma irmãzinha (risos).
Emoção a distância com quíntuplos
De um lado, um pai internado, fazendo mais uma sessão de quimioterapia no hospital. Do outro, enquanto isso, na escola onde os filhos estudam, a primeira apresentação deles do Dia dos Pais.

Na apresentação, que aconteceu ontem, os quíntuplos capixabas, Benício, Bella, Laís, Beatriz e Jayme, de 3 aninhos, cantaram para o pai, Jayme Reisen, 39, que acompanhou tudo pelas redes sociais.
Ele não esperava, mas a mamãe Mariana Mazzelli, 38, teve a ideia de reproduzir a homenagem ao vivo, o que emocionou milhares de pessoas.
“Foi uma surpresa maravilhosa. Tive a oportunidade de ver a apresentação dos meus filhos mesmo estando internado. Ver eles assim me dá mais forças para superar essa doença e nunca perder momentos como esse”, conta o pai.
Jayme foi diagnosticado com câncer em abril deste ano. O tumor está localizado no peritônio, a maior membrana do corpo, que reveste o interior do abdômen.
Ontem, o pai dos quíntuplos seguia internado fazendo a sexta sessão de quimioterapia. Ele aguarda avaliação para saber se vai fazer transplante de medula óssea.
Dez anos marcados por amor, lutas e vitórias
No próximo dia 27, a estudante Vitória Charpinel Fagundes, que ficou conhecida como “Foquinha Baby”, completará 10 anos de idade. Uma década marcada por lutas e vitórias.
Sua história comoveu o Brasil. Há 10 anos, sua mãe, a professora de Educação Física Priscila Charpinel, morreu aos 30 anos, após enfrentar, pela segunda vez, um câncer no cérebro.
Sua morte foi três dias depois do nascimento da filha, um parto prematuro (sexto mês de gestação). A pequena guerreira recebeu o nome de Vitória porque venceu uma “dura batalha” para viver.
Às vésperas do Dia dos Pais, a reportagem de A Tribuna entrou em contato com o pai de Vitória, o publicitário Alex Fagundes, 45. Na ocasião, ele criou uma página nas redes sociais, que chegou a ter mais de 200 mil seguidores, para contar a sua história.
De lá pra cá, o que mudou? Vitória cresceu, está morando com os avós paternos e, para preservá-la do assédio, Alex deu um tempo das redes sociais. “Posso dizer que o pior já passou e agora vivemos novas etapas. Ela mora com os meus pais, e a minha casa, que fica do lado da residência deles, virou a minha empresa”.
Ao descrever o que é ser pai, ele disse: “é sentir o coração do filho bater fora do nosso corpo, de enxergar o que o filho está querendo dizer mesmo sem ouvir uma palavra. Minha pequena está crescendo, é muito estudiosa e quer ser veterinária quando crescer”.

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