Violência no trânsito: mais de 900 acidentes são registrados na BR-101
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Considerada um dos principais eixos rodoviários do País, a BR-101 vem chamando atenção no Estado pelo alto índice de acidentes: somente nos sete primeiros meses deste ano, pelo menos 942 registros foram feitos pela Polícia Rodoviária Federal.
O número equivale a cinco acidentes por dia, incluindo casos graves, com vítimas fatais e leves.
De janeiro ao dia 14 de julho deste ano, houve 47 mortes em acidentes na BR-101. Já os que causaram algum tipo de ferimento grave nas vítimas foram 299.
Os dados colocam a rodovia no topo de um ranking onde mais se matou pessoas este ano. Na sequência aparecem: BR-262, com nove casos de morte; e BR-259 e BR-482 (ambas com três casos).
Entre as principais causas de acidentes estão velocidade incompatível, ultrapassagem indevida e deixar de manter distância do veículo da frente.
Independentemente das causas dos vários acidentes registrados no Estado, quem mais sofre são as famílias de quem perde a vida.
É o caso de parentes e amigos do ex-vereador da Serra Jucélio Nascimento Porto, de 44 anos, conhecido como “Cabo Porto”, que morreu junto com a mulher, Thatianni Gonçalves Vasconcelos, de 24 anos, e o filho do casal, João Vasconcelos Porto, de 4 anos, em fevereiro do ano passado.
A família seguia em uma viagem para a Bahia quando o veículo em que estavam colidiu contra um caminhão em um trecho da BR-101, em Jaguaré, no Norte do Estado.
Quase um ano e meio após a morte do irmão, da cunhada e do sobrinho, o corretor de assistência médica Ricardo Nascimento Porto, irmão de Jucélio, ainda sente a dor do luto.
“A gente tem que se apegar à fé e procurar entender os desígnios de Deus. A dor do luto não passou. Falo pela minha irmã, pelo meu pai e meu sobrinho (filho do Cabo Porto). Ainda é muito dolorido”.
Amigo da vítima, Roberto Cole lembrou com carinho do também ex-colega de trabalho na Câmara da Serra. “Era um cara bem parceiro e um homem apaixonado pelos filhos e pela família. Infelizmente, perdeu a vida dessa forma”, lamentou.
Ingestão de álcool e excesso de velocidade entre as causas

O alto número de acidentes registrados na BR-101 este ano pode ser explicado pelas várias infrações cometidas por motoristas.
Entre as principais causas, de acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), estão as ultrapassagens indevidas, que ocasionam um grande número de colisões frontais, velocidade incompatível com a via, falta de atenção e principalmente ingestão de álcool.
“Os acidentes de trânsito derivam de três fatores: humano, veicular e vias. A gente percebe que no Estado as causas ocorrem por fator humano”, diz Ana Carolina Cavalcanti, agente da PRF.
“Apesar de toda fiscalização da PRF, de educação no trânsito, os condutores tendem a cometer as infrações e assim provocar acidentes”, destaca a agente.
Ela diz que deixar de manter distância do carro da frente, não observar a presença de outros veículos e reação tardia ou ineficiente do condutor também estão entre as principais causas de acidentes.
“Temos também os pedestres que cruzam a pista fora da faixa e que acabam atropelados”, disse.
Ricardo Nascimento Porto, irmão do vereador Cabo Porto “A dor, por enquanto, não sumiu”

Há praticamente um ano e meio, o corretor de assistência médica Ricardo Nascimento Porto recorre às fotos de família para tentar diminuir a saudade do irmão, Jucélio Nascimento Porto, conhecido como “Cabo Porto”, do sobrinho João Vasconcelos Porto, e da cunhada Thatianni Gonçalves Vasconcelos.
Os três morreram em acidente, em fevereiro do ano passado, em um trecho da BR-101. O tempo ainda não foi capaz de fazer Ricardo assimilar o luto da perda.
A Tribuna – Como tem sido esses quase um ano e meio sem seu irmão?
Ricardo Nascimento – Tem sido muito difícil. Ainda estamos vivendo a dor do luto. Na verdade, a dor do luto nunca vai passar, principalmente pela forma que foi. O acidente não levou embora só meu irmão, mas a mulher dele e uma criança de 4 anos.
E sua família, como está lidando com a perda?
Eu, minha irmã, meu pai e meu outro sobrinho (filho do Cabo Porto) ainda estamos enlutados. Sabemos que isto é um processo, porém, por mais dolorido que seja, com o decorrer do tempo, acredito que a dor irá diminuir. Mas, por enquanto, não sumiu.
Como era seu irmão com a família?
Uma pessoa de energia muito boa, alegre e que gostava de viver. Gostava também de ajudar as pessoas. Sem dúvida, está fazendo muita falta. Ele foi embora em questão de minutos por conta de um acidente.
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