Vinho é guardado em caverna a 30 metros de profundidade no Estado
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Entre as pedras, debaixo da terra, garrafas de vinho armazenadas a 30 metros de profundidade têm atraído visitantes que chegam às montanhas capixabas.
No distrito de Aracê, em Domingos Martins, Região Serrana, o casal de produtores rurais Paulo César Soncini Giera, de 42 anos, e Ana Júlia Zequini Giera, 34, montou uma adega subterrânea que ostenta o título de primeira caverna liberada para acesso no Estado. Os termômetros onde as garrafas são armazenadas marcam 12 graus.
A ideia da família, há dois anos, era apenas guardar o vinho para consumo próprio. Porém, os amigos que visitaram o local acreditavam que as pessoas gostariam de apreciar a bebida dentro da caverna. Daí, nasceu um vinho diferente.
“Inicialmente, levamos 100 garrafas para deixar lá, para consumo da família. As pessoas começaram a nos chamar de doidos. Ficou tão arrumadinho que nossos visitantes comentaram em fazer algo para que as pessoas pudessem visitar o local, tomar um vinho na caverna. Foi aí que surgiu o vinho de caverna”, conta Paulo.
A primeira safra fabricada pelo casal foi levada para a adega em janeiro do ano passado. Para receber os visitantes na caverna, o produtor rural precisou buscar autorização do Corpo de Bombeiros.
“A adega subterrânea se tornou uma aventura que envolve risco de queda, escorregões e, por isso, precisamos da autorização do Corpo de Bombeiros”, diz Paulo César.
“Os bombeiros visitaram o local e explicaram que a preocupação deles, além do risco de queda, era também a falta de oxigênio no local. Mas eles comprovaram que tem acesso de ar e nos concederam a licença para levar os visitantes até os vinhos”, relata.
Como a descida é estreita, com alguns obstáculos, o casal trabalha com limite de pessoas na caverna. Só descem cinco por vez.
A aventura não é aconselhada para pessoas com falta de ar e problemas cardíacos. Para conhecer o local, é essencial o uso do tênis e uma calça confortável.

Agendamento
É cobrada uma taxa de R$ 60 para descida com guia, com direito à degustação do vinho e aos equipamentos de segurança, como capacete e luvas. Crianças acima de 8 anos, acompanhadas dos pais, podem participar. Para elas, o valor sai pela metade.
A visitação dura pouco mais de uma hora e é feita mediante agendamento, pelo telefone (27) 99590-9894.
Descobertas no sítio ocorreram depois de falta de água
Durante expedições para encontrar água, a família Giera descobriu 10 cavernas no Sítio São Floriano, em Aracê, Domingos Martins. Além da adega subterrânea, são mais nove cavernas interligadas e um convite à parte para quem gosta de esportes radicais.
Há 20 anos, a família enfrentou uma forte seca e a nascente usada pelos produtores rurais começou a secar. Paulo César Giera conta que a existência das cavernas era algo imaginável no sítio, mas ele nunca tinha sido desbravado.
Foi assim, por causa da seca, que os familiares descobriram as cavernas. “Sabíamos que existiam esses buracos ou grutas porque trabalhávamos ao lado com as plantações. Em um certo dia, passamos a mão nas lanternas e fomos procurar água”, conta.
“Encontramos uma caverna onde escutávamos a água escorrendo lá dentro, mas não tinha como captar essa água, e fomos procurar em outros lugares”, lembra ele.
“Saímos dessa primeira caverna, nos deparamos com um buraco, e fomos descendo, aproximadamente uns 30 metros”, lembra, citando o local onde hoje foi montada a adega subterrânea.
As cavernas têm muitos obstáculos, mas é possível conhecer todas elas, bastando, para isso, ter calma e espírito aventureiro.
“Elas são interligadas. São mais de duas horas para fazer todo o trajeto, que precisa ser feito com calma, porque são lugares de difícil acesso. Para quem gosta de aventura, esportes radicais, é um prato cheio”, completa.

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