Viciados invadem prédios históricos para usar crack
Dependentes químicos ocupam o Convento São Francisco e outros espaços públicos, no centro de Vitória, para usar drogas
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O problema envolvendo o uso de drogas em ruas da Grande Vitória está muito longe de ser resolvido. Na Capital, por exemplo, é cada vez mais comum se deparar com viciados em crack que fazem uso do entorpecente ao ar livre, quase que diariamente.
É também em Vitória, na Cidade Alta, no Centro, que usuários estão tirando o sono de moradores. Por lá, até prédios históricos são alvos de um grupo, que cresce cada vez mais.

Um vídeo recente, publicado pelo professor e deputado Sérgio Mageski, mostra viciados em drogas ocupando a varanda do Convento São Francisco, onde funciona a Cúria Metropolitana da Arquidiocese de Vitória.
“É um grupo grande, de aproximadamente 10 pessoas. Eles esperam o convento encerrar as atividades para invadir o espaço. Lá, além de trocarem drogas e usá-las a noite toda, ainda fazem muito barulho”, conta Mageski.
Devido à bagunça, moradores têm o sono interrompido.
“Pior que fazem isso em plena segunda-feira. Nós trabalhamos no outro dia, bem cedo, e praticamente não conseguimos dormir. Isso sem falar que temos muitas crianças que moram no prédio e que às vezes, ao olhar pela janela, se deparam com cenas até de sexo”, revelou uma aposentada, de 68 anos, que não quis se identificar com medo de represálias.
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Outro ponto, também histórico, que vem sendo alvo de viciados, é o antigo prédio do Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Industriários (IAPI).
Localizado na Praça Costa Pereira, o local, que já foi objeto de projetos para se transformar em moradia popular, é ponto de encontro de viciados em drogas.
“Chegaram a colocar cadeado para ter acesso restrito. O Centro é um local de pessoas de bem, que merecem atenção. Deveriam ter políticas públicas para retirar essa população do bairro”, disse o morador Eugênio Martini.
Ele cita um outro prédio, alvo de vândalos, que foi invadido recentemente para retirada de fios de cobre e outros itens.
“É um prédio do governo federal no pé da Escadaria Maria Ortiz. Era a Delegacia da Fazenda”, citou.
Uma moradora, de 72 anos, falou sobre o medo que sente por residir próximo da atual escola São Vicente. Considerado um monumento histórico, a calçada da escola virou dormitório.
“Eles ficam na calçada, usando drogas. Defecam ali mesmo e fica esse mal cheiro”, afirmou a aposentada.
Furto de fios e vandalismo em porta de convento

Além do barulho, viciados em drogas que estão tirando o sono de moradores que residem próximo ao Convento de São Francisco, na Cidade Alta, em Vitória, estão cometendo crimes. Um deles é o dano ao patrimônio público.
Segundo um funcionário do Convento, há alguns meses, um grupo de pessoas, que estava usando drogas na varanda do monumento, furtou fios de energia das lâmpadas da frente do local.
“E estamos até hoje sem as luzes das luminárias. Eles cortaram os fios e não religaram”, disse o funcionário.
Uma outra ação criminosa foi colocar fogo em uma das portas do convento. “Foi em um final de semana, porque aos finais de semana, não tem segurança. Quando chegamos para trabalhar no dia seguinte, nos deparamos com a porta toda queimada”, revelou.
Moradores também reclamaram da ação dos viciados no convento. “Sem falar no mal cheiro, porque eles defecam aqui, urinam, jogam lixo”, contou uma farmacêutica, de 57 anos, que pediu para não ser identificada.
A reclamação de mal cheiro também foi feita por moradores que residem nas proximidades da Escola de Ensino Fundamental São Camilo. A calçada da escola vem servindo de dormitório para os usuários.
Prefeitura diz que monitora pontos e faz abordagens
Usuários de drogas que invadem patrimônios públicos e privados do centro de Vitória já são monitorados pela Guarda Municipal. Segundo o órgão, muitos deles são aliciados por traficantes e passam a vender entorpecentes em locais específicos, como os prédios históricos.
“Temos ciência de que alguns viciados em craque são usados por traficantes para fazer essa revenda. Em troca, eles recebem valores em dinheiro, que muitas vezes são usados para eles próprios comprarem drogas para uso”, explica o secretário de Segurança Urbana de Vitória, Amarílio Boni.
Ele informou que a Guarda Municipal já conta com tecnologia de ponta que facilita a identificação e as prisões dos infratores.
“Temos um sistema de videomonitoramento que consegue identificar todo e qualquer cidadão que cometer qualquer tipo de delito. Sem falar nas viaturas, que já faziam um patrulhamento em toda essa região”, disse.
Ele informou ainda que a guarda trabalha em uma das ocorrências registradas. Pediu para que a população denuncie os atos no 156.
A secretária de Assistência Social em exercício, Carla Scardua Shalders, disse que equipes do Serviço Especializado em Abordagem Social monitoram esses pontos e fazem abordagem à população em situação de rua.
Disse que são ofertados a eles os diversos serviços, como abrigos e o Centro Pop, além de encaminhamento a outros serviços de saúde.
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