Turistas desconhecem risco de caminhar em pedras nas praias
Alerta foi feito pelo Corpo de Bombeiros após dois mineiros morrerem afogados na Praia das Pelotas, em Guarapari
Escute essa reportagem

Após dois turistas morrerem ao se arriscarem em caminhar por pedras em uma praia de Guarapari, os bombeiros fizeram um alerta para o risco da aventura por caminhos não demarcados nas praias.
É que além do risco de escorregar, com o mar agitado existe o perigo da onda forte bater na pedra e derrubar uma pessoa que caminha por ela. Foi o que aconteceu com os mineiros que caminhavam na Praia das Pelotas, segundo a capitã Andresa Silva, porta-voz do Corpo de Bombeiros.
Leia mais notícias de Cidades aqui
“Essa é a região onde mais morre gente em Guarapari. Nesse caso, o primeiro rapaz escorregou e ficou agarrado na pedra, mas a onda forte bateu e o arrancou. Nesse momento os moradores disseram que o segundo rapaz tentou socorrê-lo, mas por não ter as técnicas de salvamento, acabou se afogando também”, explicou.
“Então, além do risco de pedras escorregadias, vemos que nesse caso, a maré forte também contribuiu para a causa da morte”.
Com mais duas mortes registradas por afogamento no Estado, sobe para 59 o número em todo o território capixaba.
O acesso à praia tem placa indicando que o local não possui salva-vidas. “Além das placas, os moradores falaram com eles sobre o risco, e eles não ouviram. No dia da ocorrência, nem mesmo a nossa embarcação pode entrar porque o mar estava muito agitado”, frisou Andresa.
“Quando uma pessoa cai na água assim, não é possível ajudar sem técnica de salvamento. Claro que o instinto de sobrevivência do ser humano é tentar ajudar, mas infelizmente teremos uma segunda vítima. Pedimos para jogar algo que seja flutuante”, orienta.
Os dois turistas que caíram nas pedras e desapareceram no mar em Guarapari foram encontrados a cerca de dois quilômetros da Praia das Pelotas. O primeiro corpo, de Thiago José de Souza Silva, 26 anos, foi encontrado na noite de terça-feira, na Praia de Guaibura, e o segundo, de Anderson Tito, 25, na manhã de ontem, na areia da praia.
Familiares das vítimas, que são de Minas Gerais, estiveram na praia e reconheceram os corpos. Os dois foram encaminhados para o Departamento Médico Legal (DML), em Vitória, e serão levados para suas cidades.

“Jamais imaginei ter de reconhecer o corpo dele”
O pai de Thiago José de Souza Silva, de 26 anos, Vicente Policarpo, 59, falou com carinho sobre o filho e declarou que reconhecer o corpo do jovem, que era agrônomo, na areia da praia foi algo “inimaginável”, já que era a primeira vez que o filho ia para Guarapari.
A Tribuna - Ter de reconhecer o corpo do filho na praia é inimaginável para um pai?
Vicente Policarpo - Thiago era uma pessoa muito do bem, muito amável e amado, superalegre, e eu jamais imaginei ter de reconhecer o corpo dele na praia. É muito triste e ao mesmo confortante ter encontrado o corpo, porque a angústia de não encontrá-lo era maior.
Era a primeira vez dele em Guarapari?
Era a primeira vez dele na cidade. Do Anderson também. Eles já tinham conhecido outras praias, e até o Rio de Janeiro, e agora decidiram vir para cá.
Quando descobriram sobre o afogamento?
Não imaginamos que isso tinha acontecido e só ficamos sabendo quando a excursão chegou de volta em Minas Gerais e eles não estavam. Começamos a procurar e soubemos dos dois desaparecidos no mar. Ligamos para os bombeiros e viemos para Guarapari.
Eles sabiam nadar?
Eles não nadavam bem. Os moradores nos contaram que Anderson escorregou e chegou a ficar agarrado na pedra, mas uma onda forte que bateu na pedra acabou levando ele, e Thiago pulou para ajudar, mas os dois acabaram sumindo.
Thiago já deixa saudades?
Thiago levava a mãe professora para trabalhar todos os dias. Ele era uma pessoa de muitos amigos. Na profissão dele, as pessoas só queriam ser atendidas por ele. Já deixa muitas saudades.
Afogamento é a principal causa de morte entre crianças
De acordo com números da Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático, a principal causa de morte de crianças entre 1 e 4 anos é o afogamento. Segundo os dados da sociedade, a cada três dias, uma criança morre afogada.
No Estado, a última morreu no dia 13, em um clube de Piranema, Cariacica. A menina tinha 3 anos.
“A criança que se afogou na piscina estava com dois adultos próximos, mas eles não faziam a supervisão. O afogamento pode acontecer no filete de água, em um balde de água, mas em uma piscina é algo muito mais perigoso”, destaca a capitã do Corpo de Bombeiros Andresa Silva.
A militar frisa que boias não são seguras e prefere indicar coletes para as crianças. Para ajudar os menores de idade, o adulto precisa estar a um braço de distância deles.
“Crianças de até 4 anos têm coordenação motora limitada e pouca habilidade. Além disso, possuem a cabeça mais pesada do que o restante do corpo, o que prejudica ainda mais o equilíbrio, e dificuldade para se levantarem sozinhos em caso de tombo”, completa.
Estudo da Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta que, se houvesse mais investimento para prevenir mortes por afogamento, mais de 774 mil mortes de crianças seriam evitadas até 2050.
SAIBA MAIS
Caminhar por pedras que recebem ondas o tempo inteiro é arriscado pelo fato de escorregar, bater a cabeça e ir parar no fundo do mar inconsciente, causando a morte. Passa a ser ainda mais perigoso com o mar agitado, pois uma onda forte pode bater na pedra e derrubar uma pessoa que caminha por ela.
De acordo com números da Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático, a principal causa de morte de crianças entre 1 e 4 anos é o afogamento. Dados da Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático indicam ainda que a cada três dias uma criança morre afogada no Brasil.
No Espírito Santo, uma criança morreu no último dia 13, em um clube no bairro Piranema, em Cariacica. A menina tinha 3 anos e estava na supervisão de dois adultos. A supervisão precisa ser feita a um braço de distância.
Crianças até os 4 anos de idade têm coordenação motora limitada. Além disso, possuem a cabeça mais pesada do que o restante do corpo, o que prejudica ainda mais o equilíbrio.
Estudo feito pela Organização Mundial de Saúde (OMS) destaca que se houvesse mais investimento para prevenir mortes por afogamento, mais de 774 mil mortes de crianças seriam evitadas até 2050.
Duas ações são recomendadas para evitar afogamentos de crianças: a conscientização antes do mergulho nas águas do mar, rios e piscinas, e as aulas de natação. O cuidado com as boias é importante. A preferência precisa ser pelos coletes.
Comentários