Tratamento contra dor intensa que atinge 82 mil pessoas no ES
Médicos explicam quais são os principais procedimentos para tratar os sintomas da fibromialgia e dar mais qualidade de vida
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Uma síndrome silenciosa, que causa dores intensas por todo o corpo, e atinge cerca de 82 mil pessoas no Estado: a fibromialgia. Se por um lado, o diagnóstico é complexo, por outro os tratamentos para a síndrome estão cada vez mais modernos e melhoram a qualidade de vida dos pacientes.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia, a fibromialgia tem uma incidência de 2,5% a 6% na população mundial. Quando aplicada na população do Estado, a porcentagem equivale a, pelo menos, 82 mil capixabas. Em fevereiro, as campanhas de saúde são voltadas à conscientização da síndrome.
O médico especialista em dor crônica André Felix aponta que há vários tratamentos para a fibromialgia, que agem sob os sintomas, como a aplicação de um anestésico por via venosa, a Estimulação Magnética Transcraniana (EMT) e, até mesmo, o uso do canabidiol, ou seja, a “cannabis medicinal”.
“O mais importante é que o tratamento depende da mudança de hábitos de vida. As terapias aliviam os sintomas e ajudam o paciente a ter energia para mudar pontos disfuncionais no estilo de vida”.
Isso significa que o tratamento acontece em diversas frentes. O médico ortopedista Nilo Neto aponta que a fibromialgia tem relação com distúrbios do estresse, com a depressão e com a ansiedade, ou seja, o paciente apresenta sintomas físicos de problemas psicológicos.
“A dor corporal é um sintoma, não é a causa. A prioridade deve ser cuidar da causa emocional. Na França, a primeira indicação é a psicoterapia. Massoterapia, acupuntura e regulação do sono são outras estratégias eficazes no controle dos sintomas”.
A psicóloga Bianca Rebuli reforça que o acompanhamento multiprofissional é extremamente importante, já que a dor crônica causa desgaste emocional e pode, até mesmo, agravar sintomas.
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“Antes do tratamento, eu só sobrevivia”
“Eu achei que iria morrer de tanta dor, dos pés à cabeça. Não aguentava andar! A dor me impediu de fazer tudo. Eu só ficava na cama. Com isso, veio a depressão. Eu pensava: ‘sou tão nova e não fiz nada para ter isso’”.
As dores insuportáveis por todo o corpo da bordadeira Estela Almeida Machado, 31, começaram por volta de 2018, após um trauma de trabalho desencadear a fibromialgia, segundo relato dela.
Hoje, com os tratamentos psicológico, medicamentoso e clínico, associados à atividade física regular e às sessões de acupuntura, o cenário é outro.
“O tratamento me permite ter uma vida melhor. Antes, eu só sobrevivia. Hoje, eu vivo”.
“Gasto R$ 3.500 por mês”
“(Dizem que) tem de ser perseverante. Quem vive isso, sabe que não é assim. Por mais que eu queira, é difícil levantar da cama, almoçar, jantar e até tomar banho”.
As palavras da técnica de enfermagem Raquel Aparecida de Oliveira, 46, expressam o impacto das dores física e emocional da fibromialgia. O diagnóstico, dado por volta de 2017, não foi fácil: foram consultas com diversos especialistas e inúmeros exames. “Sentia dores no corpo inteiro. Gasto cerca de R$ 3.500 por mês. Nem sobra dinheiro para vida social”.
Ações gratuitas para alertar sobre sintomas da fibromialgia
Com a chegada da campanha Fevereiro Roxo, sobre a conscientização para a fibromialgia, haverá ações sociais gratuitas, com exercícios, palestras, aula de dança e até programação infantil.
A programação acontece no dia 11 de fevereiro, a partir das 7h30, na Praia da Guarderia, na Enseada do Suá, em Vitória.
A campanha é apoiada pelo Centro de Controle da Dor Relevium, referência nacional na abordagem interdisciplinar em pacientes que sofrem com dores crônicas.
O intuito é conscientizar as pessoas sobre a importância do diagnóstico precoce em relação à síndrome, por meio das ações sociais.
Aferição de pressão, massagem, oficina de beach tênis e espaço nutricional oferecido pela equipe da Relevium estão entre as outras ações do evento.
Mais informações sobre as ações e inscrições estão disponíveis no site www.relevium.com.br/fevereiro-roxo.
SAIBA MAIS
Estímulos para reduzir a dor
Tratamento
O tratamento para a fibromialgia é multiprofissional e envolve psicólogo, fisioterapeuta, reumatologista, ortopedista e psiquiatra.
Os sintomas conjuntos da síndrome, como a dor muscular generalizada, a fadiga, o mal-estar, a irritabilidade e a falta de concentração, são expressões das causas do problema, geralmente de origem psicológica.
Os tratamentos para a dor física aliviam os sintomas e permitem que o paciente tenha condições para mudar o estilo de vida. A adesão à alimentação saudável e a prática regular de exercício físico, quando possível, é essencial.
Bloqueio Simpático Venoso
Conhecido como “Soro da Dor”, é uma infusão de anestésico local, geralmente lidocaína, por via venosa. O procedimento promove a quebra do círculo vicioso que mantém a dor.
Estimulação Magnética Transcraniana (EMT)
Usa-se um aparelho que, por energia magnética, melhora o funcionamento das conexões cerebrais e trata dor, depressão e a ansiedade.
Canabidiol
O canabidiol, ou “cannabis medicinal”, é uma opção de tratamento que tem crescido. Estudos sobre o uso para tratar fibromialgia apontam que os pacientes podem se beneficiar com melhorias no sono e no alívio das dores no corpo.
Estimulação Elétrica Transcutânea
É uma modalidade terapêutica que promove analgesia, por meio da emissão de estímulos elétricos à pele.
Fonte: Ministério da Saúde, Sociedade Brasileira de Reumatologia e especialistas consultados.
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