Transporte de ônibus pode parar, dizem empresários
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Diante da queda no número de passageiros por conta do isolamento social, as empresas de transporte público correm o risco de paralisar suas atividades por falta de recursos para pagar os funcionários.
É o que afirma Jerson Picoli, presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado (Setpes), responsável pelos ônibus de Vitória.

O prejuízo é resultado do forte desequilíbrio entre oferta e demanda. Segundo o sindicato das empresas, os ônibus perderam 83% dos passageiros desde que a quarentena teve início, há um mês.
Aproximadamente 67 mil pessoas por dia deixaram de utilizar o transporte público da capital. Por conta disso, somente 79 dos 204 ônibus estão circulando, de acordo com o Setpes.
“Os ônibus estão transportando durante a semana menos indivíduos do que costumam transportar aos domingos, o que está provocando baixa arrecadação e causando colapso. As empresas de transporte público coletivo urbano correm o risco de paralisar suas atividades”, disse Picoli, em nota.
O representante das empresas, no entanto, ressaltou que a paralisação pode acontecer, mas essa não será uma decisão do setor. “Temos responsabilidade social e sabemos da relevância desse serviço essencial”, disse.
Paralisação
O reflexo da crise já é sentido pelos passageiros. Ontem, cerca de 350 funcionários da Viação Tabuazeiro cruzaram os braços por atraso no pagamento. A empresa é responsável por 23 linhas que circulam em Vitória.

“As empresas estão com arrecadação de apenas 20% do faturamento, o que inviabiliza o pagamento de todas as despesas para operação da frota”, informou o Setpes, em nota.
A paralisação vai continuar até que os funcionários sejam pagos, segundo o presidente do Sindicato dos Rodoviários do Estado (Sindirodoviários-ES), José Carlos Sales.
Em relação aos ônibus do sistema Transcol, o governo do Estado diz que houve queda de 60% dos passageiros (360 mil pessoas), mas não há perspectivas de demissões, “pois o sistema precisa da mão de obra disponível para manter a frota operando além da demanda para evitar lotação nos coletivos”, informou a nota.
Pedido de ajuda é feito à Prefeitura de Vitória
Com dificuldade para manter a circulação dos ônibus durante o isolamento social, as empresas que operam o transporte público de Vitória protocolaram na prefeitura da capital um pedido de auxílio emergencial.
Segundo o Setpes, foi solicitada a criação de um programa emergencial para manutenção da receita, como foi feito em outras cidades do País. Isso inclui, por exemplo, aquisição de créditos de vale-transporte e pagamento do combustível.
Procurada pela reportagem, a prefeitura informou que está avaliando o contexto da situação e “uma solução conjunta com outras secretarias”. Disse ainda que a questão trabalhista deve ser resolvida entre empregado e empresa.
Sobre o pagamento dos salários, o Setpes disse, em nota, que empresa Tabuazeiro está buscando “o melhor caminho para que as atividades sejam retomadas”.
Enquanto isso não acontece, o presidente do Sindirodoviários-ES, José Carlos Sales, garante que paralisação vai continuar até que a empresa envie uma proposta aos trabalhadores. Ele também não descarta paralisações em outras empresas caso o problema financeiro e o atraso se espalhem.
“Somos cobrados para trabalhar, então precisamos de garantias. Caso isso não aconteça, podemos parar e cruzar os braços de novo. Não dá para trabalhar sem dinheiro, ainda mais correndo risco de vida nesse momento”, afirmou.
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