Tatuador pinta faixa de pedestre em 3D
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Mesmo com uma longa trajetória profissional, o tatuador Edinho Santana, de 49 anos, fez no domingo um dos trabalhos mais difíceis dos seus 33 anos de carreira: pintou uma faixa de pedestres em 3D no bairro Jockey de Itaparica, em Vila Velha, como forma de protestar pela falta de quebra-molas na rua Rio de Janeiro.
Com a expectativa de fazer os motoristas reduzirem a velocidade, a pintura dá a impressão de que existem blocos de ferro sobre o asfalto, mas eles não estão ali. Desta forma, o condutor frearia para evitar qualquer “colisão”.
De acordo com Edinho, a ideia surgiu após pedir a instalação de um redutor de velocidade na prefeitura, há cerca de dois anos, e o pedido ser negado.
Representantes da prefeitura chegaram a visitar o local, contudo, como explicou Santana, nada foi feito. A partir dali, começou a pesquisar maneiras de chamar a atenção do poder público. A imagem realista, que demorou três horas para ser concluída, foi feita na frente da casa do tatuador.
“Ao invés de fazer aqueles grandes protestos, achei que seria mais interessante provocar um impacto simbólico, aproveitando o que eu faço de melhor”, avaliou.
Inspirado pelas “faixas de pedestres flutuantes” da Índia, onde esse tipo de intervenção artística é autorizada, ele decidiu adaptar a ação para a região, que, segundo ele, traz riscos para os moradores.
“Nós temos crianças que ficam brincando nela o dia todo. Sou pai de dois meninos, um de 3 e outro de 8 anos, e tenho medo de que alguma coisa aconteça com eles. Vários motoristas passam por aqui correndo, sem sinalizar, o que só piora a situação”, reclamou.
Nas redes sociais, a maioria dos comentários elogia a atitude do artista. No entanto, algumas pessoas já começaram a criticá-lo, alegando que o desenho pode ser capaz de provocar acidentes.
“Vieram reclamar da possibilidade de um carro bater atrás do outro, por causa do susto, mas esse mesmo motorista pode atropelar uma criança devido à alta velocidade. Qual seria pior?”, compara.
Santana ainda frisou que pretende deixar a pintura no local por tempo indeterminado. “Quando resolverem o nosso problema, eu apago”, afirmou.
O OUTRO LADO Prefeitura diz que pintura é ilegal
Procurada pela reportagem para comentar sobre a pintura feita na rua Rio de Janeiro, no bairro Jockey de Itaparica, a Prefeitura de Vila Velha alegou que a prática é ilegal, mas não aplicará multa.
Segundo o órgão, técnicos da prefeitura irão ao local nos próximos dias para averiguar a obra e, a partir daí, decidir se ela será apagada.
“O cidadão será orientado sobre esta proibição”, respondeu, em nota. Para solicitar um quebra-molas, a prefeitura pede que o cidadão protocole seu pedido na Ouvidoria, pelo telefone 162.
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