Serra é a cidade mais perigosa para dirigir no Estado
Escute essa reportagem
Com mais de 180 anos de história, a Serra é considerada uma das cidades capixabas que mais se desenvolveu nos últimos anos. Mas se por um lado o município ganha visibilidade pelo desenvolvimento econômico e populacional, por outro se destaca por um problema que atinge milhares de cidades brasileiras: acidentes graves e fatais no trânsito.
Dados da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) revelam que, de janeiro a julho deste ano, pelo menos 446 pessoas perderam a vida em acidentes de trânsito no Espírito Santo. Serra é a cidade mais perigosa, com 32 vítimas fatais no período.
Mesmo que o número represente uma redução de 20% dos casos, se comparado ao mesmo período do ano passado, os registros colocam o município no primeiro lugar de um ranking com as 10 cidades onde mais ocorreram mortes.

Excesso de velocidade e ingestão de álcool estão entre as principais causas dos acidentes, segundo especialistas e policiais ouvidos pela reportagem de A Tribuna.
“É difícil lembrar de um acidente de trânsito onde a vítima não seja a culpada. Na maioria dos casos, o motorista tem uma certa participação, às vezes por excesso de velocidade, ingestão de álcool, ultrapassagens indevidas ou falta de atenção”, explica o major Flávio Cavatti, do Batalhão de Polícia de Trânsito (BPtran).
As condições das vias também foram lembradas pelos especialistas e, principalmente, pelas vítimas. Há cerca de três meses, o vereador Wilian Silvaroli, de 43 anos, sofreu um capotamento em um trecho da BR-101 em uma região conhecida como “Ponte do Bagaço”.
O acidente, que segundo ele foi provocado pelo rompimento de um peça do veículo, ao passar por uma lombada da rodovia, poderia ter sido evitado se no local houvesse mais sinalização e melhores condições na via.
“Aquela região é muito conhecida por acidentes graves, mas eu mesmo não sabia da lombada (quebra-molas). Quando passei no meio, a peça do carro quebrou e eu capotei, caindo da ponte. Não morri porque Deus me abençoou”, afirma.
“Milagre divino”. Assim explica o fato de estar vivo o vereador Wilian Silvaroli, de 43 anos, vítima de um acidente de carro no dia 15 de maio deste ano em um trecho da BR-101, conhecido como “Ponte do Bagaço”, na Serra.
Ele conversou com a reportagem de A Tribuna e contou detalhes do acidente.
A Tribuna- Como aconteceu o acidente?
Wilian Silvaroli - Eu estava indo para a casa do meu pai, que fica em Fundão. Saí de Cidade Continental, na Serra, e seguia para lá quando, por volta das 7h40, passei em cima da ponte, ouvi um barulho e apaguei.
Depois disso você só acordou no hospital?
Não. Eu acordei debaixo do carro. Consegui abrir a porta e, quando saí, olhei para o lado para ver se eu tinha me envolvido em outro acidente e se não tinha matado ninguém.
E depois disso?
Eu descobri que o carro tinha capotado, caído da ponte, de uma altura de seis metros, e que não tinha atingido ninguém.
O que você acha que pode ter ocasionado o acidente?
Ao fazer a vistoria, descobri que uma peça do carro quebrou na hora em que eu passei por uma lombada que estava no meio da pista.
Acha que algo deveria ser feito nesse trecho onde você se acidentou?
Sem dúvida. Não só ali, mas em vários trechos da BR-101, na Serra. Muitas pessoas estão perdendo a vida lá. A própria região onde eu me acidentei é conhecida pelos acidentes graves que ocorrem ali.
Até por isso eu estava cumprindo o limite de velocidade permitido no local. A concessionária da BR deveria ter mais atenção para todos os trechos da rodovia.
Como você descreve o fato de estar vivo?
Milagre mesmo. Se não fosse Deus, eu não estaria vivo. Naquela condição do acidente, de cair de seis metros de altura e ainda não atingir nenhum outro veículo, foi Deus mesmo. Não há outra explicação.
Comentários