Roupas criadas por capixaba vão parar em Nova Iorque
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Largar uma pilha de processos criminais para desenhar peças de roupas virou de cabeça para baixo a vida da estilista Júlia Loyola, de 24 anos. De origem canela-verde, ela irá representar o Estado no New York Fashion Week, um festival que reúne os melhores do mundo no segmento nos Estados Unidos.
Apesar de ser formada em Direito e de ter tirado nota 10 na prova da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a jovem resolveu seguir o sonho de abrir a empresa ATITÚ durante a pandemia, em 2020.
Essa paixão começou ainda na infância, quando Júlia ia com a avó vender algumas peças de roupa em Vila Velha, onde mora até hoje. Mas, insegura quanto ao retorno financeiro que o ramo traria, ela acabou desistindo de seguir o sonho. Em um dado momento da faculdade de Direito, inclusive, até definiu que viraria juíza.
“Mesmo assim, a moda sempre aparecia para mim. Eu precisava ficar arrumada para audiências e eventos e, por isso, a vontade de desenhar e confeccionar peças aflorou mais uma vez”, conta.
Decidida a se profissionalizar, ela fez um curso em São Paulo e, na metade de 2020, desembarcou em terras capixabas com a ideia de abrir uma marca própria. Um mês depois, montou uma equipe de três pessoas e divulgou algumas das suas primeiras peças, cujos principais traços são versatilidade, sofisticação e atitude.
“Com apenas um 'look', queremos fazer com que as mulheres se sintam poderosas e arrumadas para qualquer ocasião. Trata-se ainda de uma marca sustentável, que busca diminuir o desperdício de matérias-primas desde o início do processo até a peça final”, explica.
O convite para participar do desfile em Nova Iorque surgiu no mês passado. Ela precisou passar por três etapas de processo seletivo e, agora, a ATITÚ entrará na passarela dia 12 de setembro, apresentando em primeira mão sua nova coleção “O Futuro é Agora”.
“Participar desse desfile é motivo de muito orgulho”, diz.
“Saí da zona de conforto”
A Tribuna - De onde surgiu o desejo de virar estilista?
Júlia Loyola - Fui criada pela minha avó desde os 2 anos. Hoje, ela é funcionária pública aposentada, mas, quando estava ativa, vendia roupas para as amigas nos horários livres. Cresci a acompanhando, então escolhia as peças com ela e até dava opinião (risos).
Por que foi para o curso de Direito, se não era o seu verdadeiro sonho?
Quando estava próximo de prestar o vestibular, falei com minha avó sobre cursar Moda e ela me aconselhou a escolher um curso que, na visão dela, me promoveria maior segurança, por saber das instabilidades do comércio.
Escolhi o curso de Direito, me dediquei e fechei o ciclo com nota 10 na OAB. Porém, entrei querendo ser juíza e saí querendo ser protagonista da minha própria história, só que com a minha marca de roupas, a ATITÚ. Inclusive, escolhi esse nome pela atitude que precisei ter de mudar totalmente o rumo da minha vida e me permitir sair da zona de conforto.
Quando percebeu que não queria mais ficar na área?
Devido à necessidade de estar arrumada e elegante em eventos, audiências, entre outros ambientes da advocacia, vi o quanto a moda ainda estava presente na minha vida.

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