Remédios somem das prateleiras das farmácias da Grande Vitória
Nos estabelecimentos da Grande Vitória já está difícil encontrar opções de antibióticos, antialérgicos e até mesmo soro fisiológico
Escute essa reportagem
Com o aumento recente dos casos de síndromes respiratórias e gripais, como a covid-19 e a gripe, cresceu também a procura por medicamentos para tratar as infecções. E quem busca as farmácias está enfrentando outro grande problema: a falta de remédio nas prateleiras.
Em farmácias da Grande Vitória, já está difícil encontrar opções de antibióticos, antialérgicos e até mesmo soro fisiológico. Estão em falta, por exemplo, azitromicina, amoxicilina infantil e Allegra.
Com isso, muitos consumidores estão tendo que optar por opções mais caras ou simplesmente saindo das farmácias de mãos vazias. “Não encontrei amoxicilina para minha filha”, contou a dona de casa Vera Gomes, 40.
O desabastecimento vem acontecendo aos poucos desde o fim do ano passado, mas se acelerou agora, dois meses após o reajuste dos remédios. Em abril, o preço dos medicamentos teve alta de 10,89%, após autorização da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), que define o próximo máximo ao consumidor.
Com o risco de desabastecimento maior, a indústria farmacêutica defende reajuste. Nos últimos meses, houve um encarecimento do custo de toda a cadeia de produção e distribuição, principalmente por conta da crise mundial gerada pela pandemia. Durante algum tempo, a produção chegou a ser interrompida para conter a propagação do vírus, gerando a escassez de matéria prima e aumento dos custos.
Nos hospitais de todo o País, o risco de desabastecimento é grande. Entidades médicas enviaram ao Ministério da Saúde um novo alerta sobre o baixo estoque de medicamentos de uso hospitalar e pré-hospitalar, como dipirona injetável. As associações que assinam o documento pedem que a pasta ajude na regulação do mercado.
“Ratificamos nosso pedido de solicitar que sejam adotadas ações coordenadas no sentido de contribuir com a regularidade da comercialização dos medicamentos, tendo em vista todas as implicações e prejuízos clínicos que a ruptura de estoque pode ocasionar”, afirma o pedido das entidades.
Presidente do departamento de farmácia da Associação de Medicina Intensiva Brasileira, Erika Facundes disse que a justificativa da indústria foi a redução da margem de lucro, argumentando que não é mais viável produzir o medicamento. “O mercado está desabastecido e estamos com dificuldade de comprar".

Saiba mais
O que está em falta?
- Antibióticos
- antialérgicos
- Até mesmo soro fisiológico.
- O desabastecimento acontece em farmácias e hospitais de todo o País.
Alguns medicamentos
- Amoxicilina infantil
- Azitromicina
- Allegra D
- Dipirona injetável
- Amicacina
- Neostigmina
- Atropina
- Ocitocin
- Imunoglobina humana
- Novamox
- Deposteron
- Noripurum
O que está causando o desabastecimento?
- A Crise mundial gerada pela pandemia, causando aumento do custo de produção e distribuição dos medicamentos.
- A Redução da margem de lucro das indústrias, que estão produzindo menos.
- Aumento recente de 10,89% no preço dos medicamentos, definido no mês de abril.
- Dificuldades de importação de insumos, por causa da guerra na Ucrânia, do lockdown na China e movimentos de protesto de funcionários em portos e aeroportos de alguns países.
Fonte: Associação de Medicina Intensiva Brasileira, Ministério da Saúde e pesquisa AT.
Explosão de testes de covid-19
A procura por testes de covid-19 nas farmácias explodiu, segundo levantamento feito pela Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma).
De acordo com a entidade, houve um aumento de 109% no mês de maio na comparação com abril no País. O total de diagnósticos positivos teve incremento de 326%.
“É um resultado desproporcional e que revela a resiliência da pandemia. A proximidade com a temporada de inverno, em conjunto com o relaxamento das medidas protetivas, pode agravar ainda mais esse quadro”, afirma o CEO da Abrafarma, Sérgio Mena Barreto.
Em algumas redes que iniciaram a venda do produto em março, a demanda cresceu cerca de 300% em abril. A tendência é de que o crescimento seja ainda maior neste mês, já que os casos de covid-19 cresceram em todo o País.
No Estado, os testes positivos, que estavam abaixo dos 10%, chegaram a 19% este mês. A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) acredita que o número de casos positivos possa ser ainda maior, já que muitos moradores não estão fazendo testes mesmo com sintomas gripais.
“Neste período de muitas doenças respiratórias, as pessoas não se atentam a necessidade da realização do teste. É bem possível que tenhamos mais pessoas contaminadas com o vírus que não se testam e não procuram as unidades de saúde. A pessoa com sintomas respiratórios deve fazer, obrigatoriamente, o teste”, afirmou o subsecretário de Estado de Vigilância em Saúde, Luiz Carlos Reblin.
Doenças respiratórias lotam clínicas e hospitais
A média móvel semanal de casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) cresceu 39,5% entre a primeira e a última semana de maio, segundo o boletim InfoGripe divulgado nesta semana pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Entre os dias 29 de maio e 4 de junho, foram registrados no país 7,7 mil casos da síndrome. Em maio, a Fiocruz já havia alertado para a tendência de alta em 20 capitais, incluindo Vitória.
A Fiocruz informa ainda que, se for considerada apenas a população adulta, com 18 anos ou mais, a estimativa é que esse crescimento tenha sido de 88,7%. Entre as crianças, os casos se mantêm estáveis em patamar considerado alto e continuam mais associados ao vírus sincicial respiratório (VSR).
O estudo mostra que o SARS-CoV-2 (covid-19) está retomando espaço entre os casos de síndrome respiratória na população em geral. Na última semana de abril, a covid respondia por 41,2% das síndromes respiratórias graves com teste positivo para algum vírus. Já na última semana de maio, o percentual chegou a 69%.
Comentários