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Regional

Das matas de Aracruz às vitrines de luxo do País

Indígenas coletam sementes de árvores nativas e transformam em joias, contribuindo também para o meio ambiente


Imagem ilustrativa da imagem Das matas de Aracruz às vitrines de luxo do País
Danila Soares mostra as sementes de árvores que coletou |  Foto: Divulgação

No coração da Mata Atlântica, moradores desempenham um papel fundamental na preservação ambiental em Aracruz.

Os integrantes da Cooperativa de Agricultores Indígenas Tupiniquim e Guarani, a Copyguá, coletam sementes de árvores nativas e as disponibilizam para a restauração de florestas, além de produzir biojoias, que são vendidas para lojas de luxo de todo o País.

Para a presidente da Coopyguá, a indígena da aldeia Pau-Brasil Bárbara Tupinikim, de 30 anos, a coleta de sementes é mais uma forma de agregar sustentabilidade às aldeias, formando um processo equilibrado entre o homem e a natureza.

“Por meio dessa relação com as espécies florestais do território, a gente consegue ter abundância de sementes, alimento e remédios naturais. Faz com que a gente se sinta um ser querido pela natureza, que tem um papel muito importante no processo de restauração e garantia da nossa subsistência”, diz.

Imagem ilustrativa da imagem Das matas de Aracruz às vitrines de luxo do País
Danila Soares mostra as sementes de árvores que coletou. Elas são transformadas em biojoias |  Foto: Divulgação

De acordo com informações da Copyguá, são sementes de 60 espécies diferentes, como amescla, goiaba, urucum, olho-de-cabra, entre outras. Só em 2022 foram coletados 2.270 quilos de sementes, gerando R$ 150 mil em renda para os participantes da cooperativa.

Danila Moraes Soares, 31 anos, integrante da aldeia tupiniquim Comboios, afirma que a coleta de sementes é uma atividade ancestral dos indígenas, mantida há gerações, e que agora é reconhecida como fonte de renda. “Faço a coleta desde criança, aprendi com meus antepassados. Agora, além de ser uma renda extra e nos ajudar economicamente, essa atividade contribui para manter o ciclo de preservação do meio ambiente”.

Imagem ilustrativa da imagem Das matas de Aracruz às vitrines de luxo do País
Sementes de árvores são transformadas em biojoias |  Foto: Divulgação

Segundo Danila, por dia são coletados cerca de 15 quilos de sementes, que são transformadas em colares, pulseiras e brincos. “A maioria das sementes a gente já conhecia. Então, para a gente foi bem vantajoso, porque além de estar plantando, daqui a uns anos meu filho e minha sobrinha já vão ter as sementes para o uso no artesanato”.

Se depender dela, as mãos hoje pequenas vão manter viva a tradição do trabalho ancestral. “A gente faz de tudo para mostrar isso, vai em oficinas e leva as crianças. A gente faz a limpeza da semente aqui na beira de casa e põe as crianças para poder ver e aprender”.

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Mais de 3.800 indígenas em aldeias do município

Aracruz é o único município no Estado que possui cerca de 3.800 indígenas aldeados, estando esses distribuídos em 10 aldeias e duas etnias: guarani e tupiniquim.

De acordo com dados divulgados pela Prefeitura de Aracruz, os guaranis estão localizados em Boa Esperança, Três Palmeiras, Piraqueaçu e Olho D’Agua, mantêm a língua nativa e fazem artesanato, que serve de subsistência para muitas famílias das regiões.

Outra característica da etnia, vinda do Sul do País na década de 1960, está relacionada à religião e às danças, que fazem jus à sua história, a exemplo da aldeia de Boa Esperança (Tekoá Porâ), onde existem pequenas moradias de estuque e tijolos, cobertas com palhas.

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Aldeia em Aracruz: língua nativa |  Foto: Divulgação/Prefeitura de Aracruz

Diferente dos guaranis, os tupiniquins participaram mais ativamente do processo de aculturação e acabaram perdendo sua língua-mãe, fazendo com que o português se tornasse a língua oficial.

Mesmo fabricando artesanatos e trabalhando no cultivo da lavoura e pesca (caranguejos e outros crustáceos), os indígenas desta etnia já se encontram inseridos nas empresas existentes no município, o que justifica a forte influência do “homem branco” em suas vidas.

Eles se encontram localizados em Areal, Caieiras Velhas, Irajá, Pau Brasil, Comboios e Córrego do Ouro. Dependem do artesanato como fonte de renda, fabricando cestas e bijuterias.

Patrimônio imaterial preservado

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Joana Francisco, historiadora e professora, explica que indígenas sobrevivem protegendo grandes porções de áreas florestais |  Foto: Clóvis Rangel

O Brasil tem, ao todo, 305 etnias indígenas que falam ao menos 274 línguas, sendo um dos países com maior diversidade sociocultural do planeta.

De acordo com a historiadora e professora Joana Francisco, 47 anos, essas etnias sobrevivem protegendo grandes porções de áreas florestais e outros biomas.

Preservam também um patrimônio imaterial que se traduz em manifestações, rituais, ícones e objetos artesanais, como as biojoias, além da expressão da ancestralidade.

“A diversidade de artefatos criados nas aldeias brasileiras é resultado da experimentação de formas, elementos naturais e técnicas artesanais de trançado, entalhe, escultura e pintura, que conferem à arte indígena um caráter exclusivo”, observa.

Segundo Joana, entre os principais objetos produzidos pelas etnias estão biojoias, cestarias, máscaras, artigos têxteis, cerâmicas e até os famosos bancos do Xingu, no Mato Grosso.

“Eles são criados tanto para o uso próprio quanto para a venda como artigos de decoração. Na tribo, os cestos são criados para coleta de frutas ou armazenamento de comida. As panelas Waurás, por exemplo, são moldadas no formato ideal para o preparo do beiju (iguaria feita a partir da tapioca). Já os bancos indígenas são esculpidos em formato de bichos que são sagrados para cada etnia”.

A professora disse também que, além do valor cultural, um aspecto importante da produção indígena é a sustentabilidade.

Merenda fornecida por cooperativa de agricultores
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Merenda escolar: contratos |  Foto: Divulgação/Prefeitura de Aracruz

Também em Aracruz, outra cooperativa tem feito a diferença. A Cooperativa de Agricultores Familiares de Aracruz (CAF), que fornece merenda escolar para todas as escolas da rede municipal por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), comemora a consolidação de mais um contrato, desta vez para atender a rede municipal de Ibiraçu.

Com o novo acordo, a cooperativa passa a atender este ano um total de 61 escolas nos dois municípios.

Segundo a presidente da CAF, Taciana Sperandio Barone, a expectativa é que o número de escolas atendidas pela cooperativa cresça ainda mais, já que a entidade aguarda a aprovação do PNAE para atender também a rede estadual.

“Se formos contemplados, atenderemos, além de Aracruz e Ibiraçu, unidades de Fundão, João Neiva e Linhares”. Segundo Taciana, a cooperativa trabalha em parceria com a Suzano no fornecimento de cestas de produtos caseiros, como bolos, biscoitos, pães e doces, produzidos pelos agricultores.

As cestas são entregues em eventos promovidos pela companhia.

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