Quiosque já foi autuado nove vezes pela prefeitura
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Apontado como responsável pela explosão de fogos que atingiu pelo menos oito pessoas durante a virada de ano na Praia de Itaparica, em Vila Velha, o Quiosque do Vitalino já foi multado nove vezes desde 2017, além de ter sido condenado pela Justiça por conta de uma confusão.
Apesar da série de irregularidades, o dono do estabelecimento venceu a licitação pública no fim do ano passado para administrar o novo modelo de quiosque da praia pelos próximos 20 anos.
Durante o Réveillon, uma estrutura de madeira montada na areia se rompeu e os fogos começaram a estourar em cima da multidão. Pelo menos oito pessoas ficaram feridas, entre elas crianças e idosos.
O quiosque foi interditado pela Prefeitura de Vila Velha na manhã de quinta-feira (2) e o proprietário recebeu duas multas, uma no valor de R$ 6.500 por realizar show pirotécnico sem autorização e outra de R$ 3.500 por promover um show musical, também não autorizado.
O estabelecimento é um dos mais antigos de Itaparica e já esteve envolvido em outros problemas. Segundo o Coordenador de Fiscalização de Posturas de Vila Velha, Edmar Barbosa Júnior, o proprietário já foi multado por irregularidades como obra ilegal, excesso de mesas na areia e tendas não autorizadas.
Em 2018, o quiosque foi responsável pelo Orla Folia, que reuniu mais de 150 mil pessoas e terminou em confusão por conta de uma banda que não compareceu. Irritados, os foliões entraram em confronto com a Polícia Militar. A Justiça condenou o proprietário a prestar serviços à sociedade por conta da confusão, segundo Barbosa.
Apesar do histórico, o proprietário ganhou o direito de administrar um dos 20 novos quiosques da orla. As unidades, mais modernas, vão substituir os 46 quiosques atuais, que serão demolidos a partir do próximo mês. A gestão será por 20 anos, podendo ser prorrogada por mais 20. “O histórico de problema não foi levado em conta na escolha”, afirmou Barbosa.
Em nota, a prefeitura disse que a concorrência dos novos quiosques seguiu à risca a Lei Federal. Entre os critérios, estava o tempo de experiência em quiosque e na orla da cidade. Questionada se o proprietário pode perder a concessão por conta desses problemas, a prefeitura disse que vai aguardar a apuração dos fatos para se manifestar.
Polícia abre investigação sobre acidente com fogos
A Polícia Civil iniciou investigação para apontar os responsáveis pela explosão de fogos que atingiu pessoas na Praia de Itaparica, Vila Velha. O caso está sendo investigado pelo 7º Distrito Policial, em Santa Inês, e os policiais já estão coletando provas e depoimentos.
Testemunhas contaram que a explosão começou por volta da 0h30. Um menino de 7 anos teve queimaduras pelo corpo. Outra criança, de 9 anos, ficou ferida no rosto, nos braços e nas pernas. Durante a correria, um idoso teve a perna pisoteada.
Pelo menos oito pessoas ficaram feridas e duas ambulâncias do Corpo de Bombeiros foram até o local.
O irmão do dono do quiosque, Renato Teixeira, chegou a ir à delegacia para prestar esclarecimentos. Ele foi ouvido e liberado, já que não era responsável pelo fato.
O outro lado
O proprietário do quiosque, Adriano Teixeira da Silva, 42, conhecido como Vitalino, foi procurado pela reportagem, mas não atendeu às ligações. Entretanto, em outro momento, ele alegou que os fogos não pertenciam a ele e teriam sido montados por pessoas que estavam na praia.
Ao interditar o estabelecimento, a prefeitura emitiu um documento questionando ao proprietário por que ele realizou show pirotécnico e musical sem autorização.
“Queremos uma explicação para resolver isso. Até lá, o quiosque segue interditado”, afirmou o coordenador de Fiscalização de Posturas de Vila Velha, Edmar Junior.
Questionado se a fiscalização da prefeitura não falhou ao não identificar a realização do show pirotécnico sem autorização, Barbosa negou qualquer tipo de falha. “Estamos de cabeça erguida quanto a isso”, disse.
O advogado do quiosque solicitou, no fim da tarde de quinta, a liberação do funcionamento do estabelecimento, alegando que o proprietário tem compromissos financeiros já assumidos. O pedido está em análise pela prefeitura. Durante o dia, os cartazes indicando a interdição chegaram a ser retirados, contrariando a determinação da administração municipal.
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