Quedas levam 72 idosos à morte este ano no Estado
Dados da Secretaria da Saúde mostram ainda que, de janeiro a novembro deste ano, houve 842 internações pelo mesmo motivo
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Para o idoso, um simples tombo pode trazer consequências gravíssimas, inclusive levar à morte. Os números de ocorrências mostram que, de janeiro a novembro deste ano, o Estado registrou 72 mortes de pessoas da terceira idade por quedas em diferentes locais, como em casa ou na rua.
E não para por aí: as quedas causaram, no mesmo período, 842 internações, nesta faixa etária. Os dados são do Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde e de Mortalidade Estadual, repassados pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa).
O ortopedista Thanguy Friço explicou que um dos motivos de as quedas serem mais frequentes em idosos é que eles perdem massa muscular.
“Com isso, o idoso começa a ter mais fraqueza. A partir dos 40 anos começamos a perder 1% de massa muscular por ano. Dos 40 até os 60 anos, a pessoa já perdeu 20% de massa muscular. Depois dos 60, ela perde 2% ao ano. Chamamos essa perda de sarcopenia”, explicou o médico.
Segundo o ortopedista, é nessa faixa de idade que o paciente começa a apresentar osteoporose, ou seja, diminuição de massa óssea.
O ortopedista e cirurgião de ombro e cotovelo Bernardo Terra ressalta ainda que os idosos tendem a apresentar declínio das funções cognitivas, audição e visão.
“Com o tempo, também o passo do idoso fica mais curto e ele levanta menos o pé do chão, favorecendo ainda o risco de queda”.
Bernardo revela que o idoso sofre mais de labirintite, o que pode levar à queda. O médico alerta que nos idosos a queda pode ser mais grave, já que seu mecanismo de defesa é prejudicado.
“Quando cai, o idoso não tem aquele reflexo de usar a mão para se proteger ou de tentar se equilibrar para evitar a queda, por causa da fraqueza muscular, da perda da sensação de equilíbrio”.
De acordo com a geriatra Fernanda Damiani, o banheiro é o local com maior ocorrência de acidentes graves, por causa da umidade que torna o ambiente escorregadio.
“Se o idoso puder contar com itens que deem mais aderência aos pés, como sapatos fechados e pontos de apoio para se segurar, isso dará mais confiança a ele e vai evitar quedas e desfechos negativos”.

Oito meses de fisioterapia após acidente
O objetivo era pegar um objeto em cima da geladeira, mas, ao subir em um banco, a aposentada Creuza Eduardo Oliveira, de 67 anos, sofreu uma queda e fraturou os dois punhos.
O acidente aconteceu em agosto do ano passado, mas as sequelas do trauma físico são sentidas até hoje pela aposentada.
“Eu subi no banco e perdi um pouco do equilíbrio e apoiei a mão no chão para amenizar a queda”.
Ela conta que precisou passar por duas cirurgias e ficou 40 dias com os punhos engessados, dependendo totalmente da família. Foram necessários oito meses de fisioterapia para recuperar os movimentos. “Hoje já faço os serviços de casa, só não consigo mesmo fazer uma faxina pesada”.
SAIBA MAIS
Internações por queda
- 842 internações, de janeiro a novembro deste ano, o Estado registrou de pessoas com mais de 60 anos por queda em diferentes locais, como em casa ou na rua, de acordo com dados da Secretaria de Estado da Saúde.
- 60 a 69 anos é a faixa de idade com mais internações: 337.
- Faixa de 80 anos e mais vem em segundo lugar com 267 internações.
- 70 a 79 anos registrou, até o momento, 238 internações.
Mortes por queda
- 72 mortes de idosos foram registradas, de janeiro a novembro deste ano, no Estado, em decorrência de quedas.
- 80 anos e mais é a faixa etária com mais mortes: 38.
- 60 a 69 anos vem em segundo lugar com 18 mortes.
- 70 a 79 anos registrou, até o momento, 16 mortes.
As causas das quedas
- Há fatores particulares, como a perda da massa muscular e óssea, e os fatores externos, como uma calçada irregular, um fio solto e questões de comportamento de risco, como não usar calçados adequados, abuso de bebida alcoólica e execução de tarefas complexas e perigosas, como consertar telhados sem ter condições físicas e equipamentos de segurança.
Condição clínica
- Hipertensão arterial sistêmica, diabetes, doenças neurológicas e osteoarticulares estão entre as doenças que afetam a força muscular. Por isso, é importante mantê-las controladas com medicamentos e hábitos saudáveis.
Medicamentos
- Estudos demonstram que o uso de medicamentos aumenta o risco de quedas, especialmente em pacientes idosos mais frágeis ou que usam medicamentos com ação no sistema nervoso central, com causa de confusão, sonolência, tontura e outros efeitos adversos.
Sedentarismo
- O sedentarismo ao longo do envelhecimento é extremamente prejudicial, pois está relacionado diretamente com a ocorrência de sarcopenia, que constitui na perda progressiva de massa muscular esquelética.
Riscos
- A queda para um idoso pode ocasionar quadros graves, como perda da funcionalidade, necessidade de bengala ou andador e, em casos extremos, deixar o paciente acamado e levar a quadros de tromboembolismo venoso, infecções e até a morte.
Prevenção de quedas
- As atividades físicas ligadas ao aumento da força, tônus muscular e que mantenham a composição corporal eficiente para a locomoção, melhorando o equilíbrio, podem diminuir a frequência de quedas entre pessoas idosas.
- Os especialistas recomendam ainda uma casa mais segura para evitar as quedas dos idosos: instale suportes, corrimãos e outros acessórios de segurança no banheiro, na sala, nos corredores e no quarto; evite tapetes e fios no chão; instale iluminação ao longo da casa.
Fontes: Sesa, Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia e médicos consultados.
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