Por dia, 38 prematuros nascem no Espírito Santo
Entre as principais causas estão as infecções, hipertensão, diabetes gestacional e a ausência de um pré-natal adequado
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De janeiro a setembro, a cada dia, 38 bebês nasceram prematuros no Espírito Santo. Entre esses meses, o Estado registrou 4.006 nascidos antes do período ideal de gestação, que é de 37 a 42 semanas.
Os números são do Sistema de Informações de Nascidos Vivos (Sinasc) e foram divulgados pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). No Brasil, de acordo com dados do Ministério da Saúde, todo ano, são seis casos a cada 10 minutos.
Entre as muitas histórias, alívio e vitória são as palavras que os pais da pequena Clara utilizam para definir a chegada da filha em casa, após 100 dias na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (Utin).

A primeira filha do casal de médicos Ana Paula Klein, 35, e Ulysses Batista, 38, nasceu com 28 semanas, pesando apenas 685 gramas e medindo 33 cm, após a mãe ter desenvolvido insuficiência placentária ao longo da gestação.
Após o parto, Ana Paula ficou dois dias internada. “Só vi minha filha três dias depois”, lembrou. Foi por meio de exames de pré-natal que o casal conseguiu diagnosticar a possibilidade do nascimento prematuro, já que Ana teve complicações na gravidez.
“Preparei a família e o meu emocional, sabendo que ela nasceria prematura”, contou a mãe. A menina representa um sopro de esperança para muitas famílias. Isso porque a prematuridade, que ganha um dia mundial, lembrado hoje na campanha do Novembro Roxo, é a principal causa de mortalidade infantil.
Entre as principais causas da prematuridade estão as infecções, hipertensão, diabetes gestacional e a mais comum: a ausência de um pré-natal adequado, como aponta a enfermeira obstetra Fabiani Morozini. “O pré-natal é essencial para que a gestação seja acompanhada de forma correta”.
Embora muitos prematuros não precisem de internação ou não apresentem sequelas, a prematuridade pode afetar visão, audição, respiração, além do desenvolvimento neurológico, como limitações motoras e cognitivas.
Para a enfermeira-chefe da Utin do Vitória Apart, Cristiane Rosa, a família também sofre com as consequências, como o desgaste físico e emocional de enfrentar uma batalha durante a internação.
Apesar disso, a enfermeira destaca avanços. “Hoje, nas Utins, os protocolos são utilizados a fim de proteger esse bebê, usando musicoterapia, mantendo a sala escura, evitando ruídos, fornecendo a quantidade correta de oxigênio”.
SAUDÁVEL E EM CASA

A volta de Samuel para casa, em Cariacica, após sete dias internado, também é motivo de comemoração para a técnica de enfermagem Elen Marins, 27 anos.
Hoje com nove meses, o menino nasceu com 34 semanas, no dia 10 de fevereiro.
“Não teve uma justificativa específica. Eu fazia o pré-natal corretamente, mas a bolsa estourou”, lembrou a mãe, que ficou cinco dias internada.
“Voltar para casa sem o meu filho nos braços foi um desespero, mas hoje ele é uma vitória na minha vida”, contou. Saudável, Samuel faz acompanhamento de fisioterapia e estava com 11,2 quilos e 75 centímetros na última consulta de rotina que realizou.
SAIBA MAIS
Nascidos prematuros
De acordo com dados do Sistema de Informações de Nascidos Vivos (Sinasc), o Espírito Santo registrou, por dia, 38 nascidos prematuros de janeiro a setembro desse ano.
2020: 5.121 casos.
2021: 5.309 casos.
2022: 4.006 casos até setembro.
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