O que os adolescentes acham do próprio corpo
Em Vitória, número de estudantes de 13 a 17 anos que se considera muito magro ou muito gordo passou de 38% para 51,6%
Seja por excesso ou falta de peso, mais da metade dos adolescentes com idade entre 13 e 17 anos, do 9º ano do ensino fundamental, está insatisfeita com o próprio corpo.
Foi o que revelou a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSe), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) entre 2009 e 2019.
Em Vitória, o número de estudantes que se autodefiniram em um dos dois extremos, muito magro ou muito gordo, variou de 38%, no começo do estudo, até superar metade da população estimada em 2019, com 51,6%.
Desse percentual, quando comparado por gênero e tipo de escola, no final da década de 2010 houve uma maior queixa de magreza ou magreza extrema entre o sexo masculino (30,6%) e alunos de escola pública (29,3%).
Segundo Mariana Esteves, psicóloga especialista em comportamento alimentar, a adolescência é uma fase sensível do desenvolvimento humano.
“Podemos considerar a adolescência como uma fase sensível em que há a formação e maturação de muitos conceitos e crenças tanto sociais quanto sobre si – o que torna ainda mais urgente atenção a esse tema”, comenta.
A especialista diz que um fator que está relacionado a essa insatisfação crescente de adolescentes com o corpo são as redes sociais.
“Quando recorremos à literatura, observamos que a insatisfação com o corpo está cada vez mais relacionada ao consumo das mídias sociais. Hoje, os jovens passam muito tempo conectados e a velocidade e quantidade de compartilhamentos de conteúdos só cresce”, comenta.
Mariana Esteves destaca que essa queixa pode desenvolver transtornos alimentares e psicológicos nesses jovens, como a ansiedade e a depressão.
A psicóloga clínica Monique Nogueira ressalta que os padrões hoje estão cada vez mais dinâmicos. Por isso, o que é padrão de beleza nesse momento, pode não ser o mesmo no mês que vem.
Ela alerta que a busca por uma padronização do corpo pode levar os adolescentes a situações de abuso. “Vivemos um período muito exigente com o corpo, que levam muitos jovens a se colocarem em situações de abuso, abusam deles mesmos para alcançarem um padrão”.
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Pesquisa
A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSe) busca identificar informações que possam contribuir com o maior conhecimento de fatores de risco e proteção à saúde de jovens estudantes. Os dados foram observados durante uma década, de 2009 a 2019.
1) Bullying
Estudantes que já sofreram com a prática
200932,2%
2015 43,4%
201938,7%
- Em vitória, houve um salto no percentual de alunos que sofreram bullying de 2009 a 2015.
- Em 2019, houve queda desse número.
2) Insatisfação com imagem corporal
Mais da metade dos adolescentes se percebe magro ou com excesso de peso
200938,0%
201951,6%
- No final da década de 2010, a autopercepção de magreza ou magreza extrema atingiu mais o sexo masculino (homem: 30,6%; mulher: 27,3%).
- Principalmente alunos de escola pública (pública: 29,3%; privada: 28,3%).
Fonte: IBGE
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