O que aprender com os mestres da memória?
Entre as dicas dadas por quem lembra de tudo estão escrever à mão, fazer mapas mentais e ter uma alimentação saudável
Lembrar em minutos de qualquer sequência de números aleatórios, não esquecer jamais a letra de diversas músicas ou decorar muitas informações ao ler o conteúdo somente uma vez.
Outros vão ainda mais além: lembram com exatidão de momentos vividos há mais de 60 anos e conseguem memorizar nomes, datas, fisionomia e até cheiro!
São os “mestres da memória”, aqueles que lembram de tudo e jamais esquecem de algo – uma memória de fazer inveja a quem não consegue lembrar nem “o que comeu no almoço de ontem”.
Essa alta capacidade no cérebro de algumas pessoas é motivo de fascínio e estudos. Mas, afinal, o que explica isso? Genética, dom, desenvolvimento maior do cérebro? Para especialistas no assunto e para quem possui a “supermemória”, a resposta é unânime: atenção, treino e dedicação.
Neuropsicanalista, a professora universitária Quézia Anders, 35 anos, garante que é possível exercitar o cérebro. Ela possui a chamada “memória fotográfica”, descoberta ainda na escola.
“No ensino médio, estudando química, escrevi fórmulas em uma folha e visualizei antes de dormir. No dia seguinte, lembrei exatamente de tudo, da forma que estava, como se eu estivesse olhando para a folha”, conta.
Hoje, ela usa essa habilidade para preparar aulas e organizar cada análise que faz no consultório.
“Consigo correlacionar assuntos de diversas áreas da saúde por essa capacidade de memorização e associações de temas. A memória fotográfica é uma habilidade das inteligências múltiplas, mas não é algo exclusivo, pode ser desenvolvida. Ou seja, podemos treinar nosso cérebro para ter mais memória”.
Como exemplo, ela cita atividades como escrever à mão e fazer mapas mentais – modelo de diagrama em que os assuntos são relacionados. “Aumenta a conectividade cerebral e ativa a memória”.
Além disso, algumas situações rotineiras trazem benefícios ao cérebro e ajudam na memória, como exercício físico, qualidade do sono e alimentação saudável.
O neurologista Igor Pagiola explica que várias funções do cérebro precisam estar funcionando para que o processo de memorização possa ser realizado.
“A memória não deve ser pensada como uma função independente. Devemos pensar como uma engrenagem de um sistema muito mais complexo. Outras funções devem estar ativas, e uma das principais é a atenção”, observa o especialista.
SAIBA MAIS
- O que ajuda na memória?
Atividade física: ativa a oxigenação cerebral.
Sono de qualidade: ajuda na organização de memórias.
Alimentação saudável: ajuda o metabolismo cerebral e corporal.
Escrever à mão: ajuda na atenção e memorização do conteúdo.
Mindfulness: minutos para se concentrar no presente.
- Técnicas de memorização
Visualizar com conexões
Enxergar o que é preciso na mente de forma peculiar, com conexões.
Por exemplo: a pessoa parou o carro na vaga 5C do estacionamento. Imagine que há cinco cachorros esperando no local. Cinco é o número. Já o C é representado pelo cachorro.
Associações
Fazer elos entre as coisas de que você precisa se lembrar.
Por exemplo: para comprar leite, pão, ovos e queijo, pense no leite caindo da caixinha em cima de um pacote de sanduíche de ovo e queijo.
Palácio da memória
consiste em “espalhar” objetos pelo “palácio” que você constroi mentalmente (sala, cozinha, quarto). Depois, “caminhar” por ele.
Basta escolher um local familiar que consiga visualizar facilmente. Caminhe para definir um trajeto, “andando” pelo local.
Identifique locais específicos para guardar as informações, um número, nome, datas importantes que você precise memorizar, cada informação em um local.
Mapa mental
diagrama desenhado que ajuda a explicar conceitos de maneira objetiva. A ideia principal fica no centro e, a partir daí, se ramifica com os conceitos relacionados.
Fonte: Especialistas consultados.