Número de filhos por mulher é o menor da história, diz IBGE
Enquanto em 1960, a taxa era de 6,28 filhos por mulher, em 2022 o número caiu para 1,55 no País. No ES, o cenário se repete
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Em um retrato que vem se desenhando já nas últimas décadas, as mulheres estão tendo menos filhos e adiando cada vez mais a gravidez.
No País, a taxa de fecundidade – média de filhos por mulher em idade reprodutiva – ficou em 1,55, em 2022, a menor da história. Em 1960, por exemplo, a taxa era de 6,28 filhos por mulher. No ES, a queda se repete, com uma média de 1,62 filho por mulher.
Já a idade média em que as mulheres do Estado tinham filhos subiu de 26,8 anos, em 2010, para 28,6 anos, em 2022.
As informações fazem parte dos resultados preliminares do Censo Demográfico 2022: Fecundidade e Migração, divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O diretor-geral do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), Pablo Lira, explicou que, com a maior parte da população residindo em cidades, quanto maior o número de filhos, maior o gasto que se tem com educação, transporte, saúde e alimentação.
“Também no ambiente urbano, temos uma vida mais acelerada. Por isso, a taxa de fecundidade está em 1,62”.
Pablo Lira enfatizou que essa taxa impacta na redução da base da pirâmide etária. “A taxa de fecundidade do Espírito Santo está abaixo da taxa de reposição, que são 2,1 filhos por mulher”.
Ele explicou que a taxa de reposição garante que a população continue crescendo. “Como está abaixo, já tem projeções mostrando que a partir da década de 2040, o Espírito Santo e o Brasil vão começar a ter redução da população”.
A ginecologista e obstetra Lorena Baldotto destacou que os dados apontam para a realidade, em que muitas mulheres acabam postergando a maternidade. “É natural, pois muitas vezes elas focam primeiro na carreira, querem estar mais estruturadas e preparadas para engravidar”.
A especialista ressalta, no entanto, que há vantagens e desvantagens nesse “adiamento”.
“Infelizmente, a vida fértil da mulher pode ser curta e, caso ela demore muito, pode ter dificuldade de engravidar – principalmente após os 30 ou 35 anos”.
Decisão tomada de ter apenas um filho

Decidida, a universitária Sara Luiza dos Santos Lube, de 28 anos, quer ser mãe de filho único: o pequeno Rael Lube Senna, que tem um ano e três meses.
Além de se dedicar ao filho, Sara está determinada a concluir sua graduação em Educação Física. “Não é fácil conciliar a faculdade com as tarefas de casa. Consigo me organizar porque o curso é EAD, mas confesso que, às vezes, deixo para estudar apenas nos finais de semana, quando meu marido está em casa”.
Para ela, a decisão de ter apenas um filho está relacionada ao foco em concluir os estudos e ingressar no mercado de trabalho. “Muitas mulheres têm priorizado a formação acadêmica e a estabilidade financeira antes de pensar em maternidade”.
Opiniões


Saiba mais
Taxa de fecundidade total (TFT)
A taxa estima o número médio de filhos que uma mulher teria ao longo da vida reprodutiva (15 a 49 anos). É um dos componentes mais importantes para analisar a evolução demográfica de uma população. Quando a taxa de fecundidade é menor que 2,1 filhos por mulher, ela está abaixo do chamado nível de reposição da população, ou seja, indica que a população tende a parar de crescer e começar a ser reduzida.
No ES
1,62 filho por mulher era a taxa de Fecundidade Total (TFT) do Espírito Santo em 2022.
Taxa de fecundidade por nível de instrução
Mulheres sem instrução ou com ensino fundamental incompleto: 2,08 filhos por mulher.
Mulheres com ensino fundamental completo e médio incompleto era de 1,98 filho por mulher.
Mulheres com ensino médio completo e superior incompleto: 1,43 filho por mulher.
Mulheres com ensino superior completo: 1,29 filho por mulher.
No Brasil
1,55 filho por mulher foi a taxa de fecundidade total no Brasil em 2022.
Idade média para ter filho no ES
2010: 26,8 anos
2022: 28,6 anos
Idade média de fecundidade por cor ou raça
Mulheres brancas: 29,6 anos
Mulheres pardas: 28,3 anos
Mulheres pretas: 27,5 anos
Mulheres entre 50 e 59 anos sem filhos
2010: 10,1%
2022: 15,7%
Migração
497,1 mil pessoas que nasceram no Espírito Santo residiam em outro Estado em 2022.
689,6 mil pessoas de outros lugares residiam no Espírito Santo
Ganho da população
102,4 mil pessoas recebeu o Espírito Santo em cinco anos (entre 2017 e 2022).
74,5 mil pessoas deixaram o Estado nos cinco anos anteriores ao Censo de 2022.
27,9 mil foi o saldo migratório positivo nesse período.
Fonte: IBGE.
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