“Novo normal” para turistas em aventuras pelo Caparaó
Depois de seis meses fechado devido à pandemia, o Parque Nacional do Caparaó, uma das mais importantes unidades de conservação do País, situado entre o Espírito Santo e Minas Gerais, reabriu parcialmente.
Por enquanto, a entrada ao parque só pode ser feita pela portaria de Minas Gerais. E o próprio Pico da Bandeira – terceira maior montanha do Brasil – está com acesso fechado. Estão liberados alguns acampamentos, cachoeiras e trilhas.
De acordo com o chefe do parque, Fábio Luis Velozo de Mello, o acesso pela portaria de Pedra Menina, em Dores do Rio Preto, no Espírito Santo, continua fechado, não por causa do coronavírus, mas devido às chuvas de janeiro que destruíram estradas e pontes. O local passa por obras de recuperação.
A reabertura parcial do parque animou os que trabalham com turismo, como é o caso do condutor turístico Jorge Peixoto, 48 anos.

Ele destaca que o parque possui três cachoeiras principais, da Farofa, dos Sete Pilões e do Aurélio. O Mirante do Lajão é a estrada mais alta do Espírito Santo e a segunda do Brasil, com mais de 2.250 metros de altitude.
Com o parque ainda fechado no lado capixaba, a opção são as dezenas de cachoeiras ao redor da unidade, que atraem visitantes de todas as partes. Os passeios podem ser feitos a pé, de bicicleta, carros de passeio ou ainda de um jeito mais radical, em quadriciclos ou veículos off-road.
“Quem preferir pode seguir no veículo off-road, que transporta até sete pessoas. Fazemos roteiro nas cachoeiras, cafeterias, restaurante e finalizamos com um lindo por do sol”, disse Jorge. O passeio custa R$ 50 por pessoa.
Para visitar o Parque Nacional do Caparaó, é necessário cumprir algumas recomendações. O visitante precisa estar usando máscaras, além de levar álcool em gel para a higienização.
Segundo o chefe do parque, Fábio Luis Velozo de Mello, é permitido até que as pessoas fiquem sem máscaras em ambientes abertos ou nas caminhadas, desde que sejam do mesmo grupo.
Pedal nas alturas
Visuais fantásticos
O passeio de bike nas estradas do entorno do parque virou febre entre os ciclistas. “Aqui temos visuais fantásticos. Para quem gosta de bike não tem lugar melhor. É seguro, tranquilo”, disse o assistente administrativo Yuri Lugão de Amorim Rodrigues, 31.

Ele disse que é possível pedalar centenas de quilômetros sem precisar seguir por asfalto, visitando sítios de café, passando por túneis centenários, florestas e visitando cachoeiras. Os passeios cortam municípios de Minas e Espírito Santo.
Café ajudou a suprir a falta de turistas na pandemia
A suspensão da atividade turística não trouxe mais danos à região porque muitos donos de pousadas, restaurantes e cafeterias trabalham também com o cultivo do café, que permaneceu estável durante o período de pandemia.
“Não sofremos porque durante a pandemia a venda de café não parou”, disse o produtor rural Afonso Donizete Abreu de Lacerda, 48 anos.
Sua família – formada por oito irmãos e o pai – é proprietária do premiado café Forquilha do Rio, que já conquistou quatro títulos de melhor café do País.
A cafeteria, administrada pela mulher, Altilina Lacerda, 41, reabriu recentemente. Funciona ao lado do terreiro de secagem do café e possui o selo Covid Free, para quem cumpre o protocolo de proteção. No estabelecimento, clientes devem entrar com máscaras e usar álcool em gel.
Além de café, o cliente pode experimentar pão com queijo na chapa, bolos e rosquinha de nata. Ela explica que quando o movimento aperta, todos ajudam: o marido, o filho, a filha e até o namorado da filha.
Lazer com selo de garantia a regras contra a Covid
Com o objetivo de impedir a contaminação pelo coronavírus, o Circuito Caparaó Capixaba, que reúne 31 estabelecimentos turísticos, implantou o selo Covid Free, que atesta o cumprimento de um rigoroso protocolo de higiene.
O circuito, segundo o presidente Marcelo Sanglard Valentim, abrange os municípios de Guaçuí, Divino de São Lourenço, Dores do Rio Preto e Ibitirama.
Os empreendedores do Caparaó, principalmente do distrito de Pedra Menina, em Dores do Rio Preto, foram os primeiros do Estado a suspender o funcionamento das pousadas, antes mesmo do decreto estadual.
“Logo que a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu a pandemia, o grupo de Pedra Menina decidiu fechar. Depois, veio o pessoal de Patrimônio da Penha, em Divino de São Lourenço”, explicou.
Nesse período, o circuito criou o selo Covid Free destinado aos que respeitam as normas de segurança.
Entre as normas, a taxa de ocupação precisou ser reduzida pela metade e os quartos, após a saída dos hóspedes, ficam isolados por pelo menos 48 horas, com janelas abertas, e passam por higienização antes dos novos clientes. Máscara é obrigatório.
Marcelo ressalta que o apoio do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) foi fundamental nesse período. O órgão disponibilizou consultorias gratuitas para preparar os empreendedores para o retorno.
Foram 48 diferentes consultorias. “Já que ocorreu a paralisação, a gente precisa se preparar tanto para o presente, quanto para o que virá com a reabertura”, explicou a analista técnica do Sebrae, Kelly Machado Premoli.
Respeito às normas
Passeio em família na região

Para o engenheiro químico João Cláudio da Silva Leônidas, 54 anos, que visitou o Parque do Caparaó com sua família no último final de semana, é possível curtir a natureza mesmo durante a pandemia, porém com cautela.
“Não vejo a necessidade de usar máscaras o tempo todo, principalmente quando estamos sozinhos, em meio à natureza, por exemplo. Mas sempre quando há outras pessoas próximo de nós, usamos máscaras. É uma questão de bom senso e de respeito com o ser humano”, disse.
Comentários