Mulheres lideram ida a médicos e vivem 7 anos a mais que homens
Elas dão exemplo de força e cuidados com a saúde
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Por muito tempo conhecidas como o “sexo frágil”, as mulheres dão exemplo de força e cuidados com a saúde, liderando a busca por médicos ao longo da vida. Como resultado, já vivem em média sete anos a mais que os homens, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Dados do Programa Nacional de Saúde (PNS) apontam que 76,2% da população foi ao médico em 2019, antes da pandemia de covid-19. Mas na proporção entre os sexos, são elas as que mais estão presentes nos consultórios.
O levantamento revela que 82,3% das mulheres foram ao médico, enquanto 69,4% dos homens buscaram o atendimento.
A médica e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia do Estado, Daniela Barbieri, diz que os consultórios estão mais cheios de mulheres.
Entre os motivos, ela citou o fator genético e que, tradicionalmente, elas eram menos expostas a acidentes de trabalho e tabagismo, por exemplo. “Culturalmente, as mulheres frequentam o médico ao longo de toda a vida, fazendo pré-natal, preventivo. Os homens precisam criar o hábito de fazer exames e consultas de rotina”.
Para o médico intensivista do Cremasco Medicina Diagnóstica, Enrico Miguel Stucchi, há uma junção de fatores que leva o homem a dar menos atenção aos cuidados com a saúde física.
“Pode ser uma questão cultural, em que o homem se considere naturalmente mais forte que a mulher, logo, mais resistente a doenças virais, como a gripe, e até mesmo a mais graves, como o câncer”.
Ele também aponta que é preciso levar em consideração os hábitos ruins de alimentação, a ingestão em excesso de álcool, o tabagismo e a falta de conscientização sobre o diagnóstico precoce, o que diminui a presença dos homens em consultórios médicos.
O geriatra Roni Chaim Mukamal, superintendente de Medicina Preventiva da MedSênior, confirma que as mulheres se destacam nos cuidados com a saúde, mas ele percebe que os homens vêm mudando os hábitos. “Estou vendo uma mudança de comportamento que é salutar”.

“O caminho é investir na prevenção”
Esbanjando simpatia, a aposentada Inah Loureiro Pacova, 72 anos, admite: “Não sou fã de remédios”. Ela aposta na prevenção de doenças. Nesse quesito, o que não faltam são exemplos do que é levar uma vida saudável.
Ela joga vôlei há mais de 35 anos e, com muito orgulho, conta que já conquistou mais de 40 medalhas.
Além disso, ela faz exames periodicamente e cuida da alimentação. “Sou obrigada a tomar dois remédios, pois tenho colesterol um pouquinho alto, que é genético, e tireoide”.
Inah aproveitou para mandar um recadinho para quem deseja levar uma vida saudável.
“Jogo todos os dias da semana, com exceção do sábado, dia em que curto a minha família. As pessoas devem traçar objetivos na vida. O caminho é investir na prevenção. Hoje (terça-feira, 29) eu tomei duas vacinas, influenza e a quarta dose contra covid. Meu braço está doendo, mas com dor ou sem dor, não abro mão do meu vôlei”.

Paixão pela música e leitura
Aos 99 anos, grande parte deles dedicados à música, a aposentada Vera Camargo esbanja boa saúde.
Uma das fundadoras da Escola de Música do Estado, em 1954 (hoje Faculdade de Música do Espírito Santo), ela ainda dirige e é apaixonada por livros. “Não toco mais o violino por causa de uma artrose nos dedos, mas ao mudar o plano de saúde, a médica indicou vários exames de rotina e com bons resultados. Só me passou vitaminas”.
SAIBA MAIS
- 76 anos é a expectativa do brasileiro ao nascer (2020)
- Mulheres - 80 anos
- Homens - 73 anos
Por que as mulheres vivem mais?
1 - Maior cuidado
- As mulheres costumam cuidar mais da saúde. Geralmente, vão mais ao médico do que os homens.
- Com isso, elas descobrem doenças com antecedência, tendo maior sucesso no tratamento e na cura.
- Já os homens costumam procurar o médico de forma mais tardia, quando a doença já está instalada e avançada.
Procura por médicos
- 82,3% das mulheres buscaram médicos.
- 69,4% dos homens buscaram atendimento.
- Dados do Programa Nacional de Saúde (PNS), de 2019.
2 - Fatores sociais
- Os homens se envolvem mais com a violência urbana (tráfico de drogas e brigas), vícios (alcoolismo, tabagismo e drogas ilícitas) e acidentes de carro (são maioria ao volante). Estudos dizem que tais comportamentos também estão ligados aos hormônios masculinos.
3 - Hormônios
- O estrogênio, o hormônio sexual feminino, atua como “antioxidante” no corpo, impedindo o envelhecimento das células.
4 - Genética
- Os embriões masculinos morrem em um ritmo maior do que os embriões femininos. Isso é resultado do papel que desempenham os cromossomos que determinam o sexo. As mulheres têm cromossomos XX e os homens têm cromossomos XY.
- Os cromossomos X contêm muitos genes que ajudam a prolongar a vida.
Fonte: IBGE, Programa Nacional de Saúde (PNS), especialistas consultados e UFMG.
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