Moradores pedem choque de ordem em praias
Entre reclamações de banhistas e moradores de Vitória e Vila Velha estão aglomeração de barracas no calçadão e buracos em ciclovias
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Preocupados com a chegada do verão, estação que registra aumento do número de banhistas nas praias, moradores de bairros das orlas de Vitória e Vila Velha têm observado inúmeros problemas nos balneários. Eles afirmam ainda que as praias estão abandonadas.
Buracos no calçadão e na ciclovia, banheiros químicos sujos em boa parte do tempo e aglomeração de barracas nas calçadas são algumas das reclamações feitas por moradores de Vila Velha e Vitória.
Os problemas mencionados pela população também foram observados pela reportagem de A Tribuna, que percorreu, na tarde desta terça-feira (14), as orlas de Itaparica, Itapuã, Praia da Costa, em Vila Velha, e de Camburi, na capital.
Na orla de Itaparica, o que mais incomoda os moradores, além dos buracos na ciclovia e da falta de limpeza nos banheiros públicos, é a insegurança, conforme revela o casal Willian Alves de Oliveira, de 36 anos, e Renata Rodrigues Poss, de 35 anos.
“Há alguns dias ouvimos alguém gritar: 'pega ladrão!' E quando olhamos, tinha uma pessoa correndo atrás do bandido. Os assaltos são comuns”, conta Willian.
Por conta da insegurança, o casal, que veio do Paraná há dois anos, evita andar no calçadão à noite. “Temos receio. Ultimamente temos observado muitos casos de assalto”, disse Renata.
Em Itapuã, os desníveis nas ciclovias, o acúmulo de lixo e os buracos no calçadão também incomodam, assim como a insegurança. “Tem muitos moradores de rua que estão com facas e que arrombam apartamentos”, disse Herculano Júnior, de 44 anos, morador do bairro.
Na Praia da Costa, esses moradores de rua estão hospedados em barracas, fixadas na areia.
“Ficam embaixo da castanheira e tiram a liberdade da gente. A gente evita até de ir na orla, com medo de alguns. O ideal seria arrumar um lugar para eles ficarem”, propôs o empresário Décio Perim, de 63 anos, morador da Praia da Costa.
Já em Camburi e na Curva da Jurema, ambos na capital, os problemas apontados são buracos no calçadão, som alto, presença de animais sem focinheira e o grande número de roubos.
“São cães da raça pitbull, que estão andando na orla com seus donos sem a focinheira. Na Curva da Jurema, assaltos são frequentes”, diz Marcelo Guerra Ribeiro, de 57 anos, morador de Jardim Camburi.
Prefeituras dizem que vão intensificar fiscalização
Questionadas sobre as reclamações feitas por moradores das orlas de Vitória e Vila Velha, as prefeituras das duas cidades informaram que vão intensificar a fiscalização durante todo o verão.
Em Vitória, além das operações de fiscalização que serão feitas pelo grupamento de Trânsito nas orlas, agentes da Guarda Civil Municipal continuaram com patrulhamento preventivo. “Oitenta guarda-vidas vão atuar no verão, dando apoio em diversos pontos das praias”, disse o secretário municipal de Segurança Urbana, Ícaro Ruginski.
Sobre a reclamação de som alto na praia de Camburi, a prefeitura informou que “agentes de Proteção Ambiental fazem operações por terra, fiscalizando a ocupação da restinga, por exemplo, e por mar, coibindo irregularidades como o som alto em embarcações”.
Sobre buracos na ciclovia da mesma praia, o órgão disse que a obra na ciclovia foi contratada pela gestão passada. “Por configurar dano na execução, a empresa responsável pelo serviço foi notificada extrajudicialmente para providenciar o reparo, sem custos para os cofres públicos”, disse.
Vila Velha informou que intensificou a presença da Guarda Municipal. Sobre os moradores de rua, diz que oferece apoio por meio do Centro Pop e abrigos. Quanto as reclamações de lixo, afirma que realiza limpeza nos 32 quilômetros de extensão da orla.
O município também concluiu o projeto conceitual de requalificação da orla, que vai nortear a empresa vencedora do certame e contemplar 32 km que vai da Praia da Costa até Nova Ponta da Fruta.
RECLAMAÇÕES

Evita pedalar na orla durante a noite
Como medo de ser assaltado, o produtor rural Geraldo Stopa, de 67 anos, evita pedalar ou caminhar à noite na orla da Praia da Costa, em Vila Velha. Segundo ele, o relato entre os moradores do bairro é de que os números de roubo andam subindo.
“Se eu observar que o local está vazio, não me arrisco a pedalar por aqui. Sou acostumado a pedalar e nunca fui roubado, mas os casos de assaltos estão me assustando. Não podemos dar qualquer vacilo”, afirma.

Acidentes na ciclovia
Morando há 22 anos próximo à orla de Itapuã, em Vila Velha, a dona de casa Erika Rodrigues de Freitas, de 32 anos, “já cansou” de observar acidentes na ciclovia do local.
“Sempre que sento aqui, vejo alguém caindo por conta das rachaduras e desníveis da ciclovia”, conta Erika.
Para a dona de casa, que afirma que a orla está abandonada, a prefeitura deveria promover uma reforma no local.

Medo de bandidos
O aposentado Gerson Stefanon, de 70 anos, evita o calçadão da orla de Itapuã, em Vila Velha. O motivo é único: insegurança. Ele, que também reclama das condições da ciclovia, afirma que, quando precisa caminhar ou pedalar, opta por horários em que sabe que o movimento de pessoas é maior.
“À noite eu evito porque sei que é mais deserto e os bandidos se aproveitam disso”, ressalta o aposentado.
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