Moradores fazem apelo para retirar viciado das ruas de Vila Velha
Pedido foi oficializado junto ao Ministério Público Estadual, Defensoria Pública e Secretaria de Estado de Direitos Humanos
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Com queixas de episódios sucessivos de comportamento violento e de transtornos no bairro, moradores de Itapuã, em Vila Velha, estão pedindo ajuda para retirar um morador em situação de rua da região e, até mesmo, interná-lo para tratamento.
O pedido para que medidas sejam adotadas foi oficializado junto ao Ministério Público Estadual, Defensoria Pública e Secretaria de Estado de Direitos Humanos.
O advogado e presidente da Associação de Moradores de Itapuã, Valdenilson Lima, o Neném Lima, relata que, há semanas, vem recebendo dezenas de mensagens, em suas contas pessoais e da associação, com queixas sobre problemas gerados por um morador em situação de rua.
O homem, identificado como Raul Christian Campos Patriota, é conhecido na região.
Entre os episódios protagonizados por ele, segundo o presidente da associação, está uma tentativa de agressão, com uma pedra de concreto, jogada contra o vidro lateral de um carro.
Além disso, ele agrediu com um soco um morador que se aproximava para oferecer água.
“Temos também relatos e registros de situações em que ele mostra suas partes íntimas em via pública, inclusive na presença de crianças e mulheres”.
Em postagens nas redes sociais, centenas de comentários também relatam o temor de moradores e o comportamento por vezes agressivo de Raul.
Valdenilson revelou, ainda, que os pedidos de ajuda o motivaram – como representante dos moradores – a pedir a retirada desse homem das ruas.
“É preciso agir de forma preventiva, antes que uma tragédia aconteça. Em Vila Velha, tivemos, em 2018, uma empresária assassinada por um morador em situação de rua no Centro. Em 2023, uma colega advogada levou uma pedrada, que afundou seu crânio. Não dá para esperar ocorrer algo assim de novo”.
Ele destacou que o pedido é que, dentro da legalidade, medidas possam ser adotadas para retirada dele e de outras pessoas que causem riscos nas ruas, para que se submetam a um tratamento. “Ele precisa ser avaliado, amparado. É possível ver que não está em condições, neste momento, de ficar no convívio social”.
Valdenilson agora está acompanhando o desenrolar dos pedidos e as medidas que serão tomadas pelos órgãos já cientes do problema, não apenas relacionado a Raul, mas ao número de pessoas em situação de rua na região.
Prefeitura diz que moradores de rua são monitorados
Apesar das queixas de moradores de Itapuã, a secretária de Assistência Social de Vila Velha, Letícia Goldner, garantiu que Raul Christian Campos Patriota, assim como as demais pessoas em situação de rua, são acompanhados pelas equipes do município.
Especificamente com relação a Raul, Letícia reforçou que não chegou qualquer queixa à assistência social sobre o comportamento dele.
“Ele tem bom diálogo com as equipes, tanto da assistência social quanto da saúde. As equipes, inclusive, têm monitorado de perto, diante das informações e comentários nas redes sociais”.
Segundo a secretária, as pessoas precisam entender que existe uma normativa no Brasil em relação à pessoa em situação de rua.
Letícia Goldner explicou que, com todos os moradores em situação de rua do município, as equipes fazem abordagens e oferecem acesso aos serviços disponibilizados, como da saúde, abrigo, Centro Pop, assim como para tirar documentação.
“Raul chegou a ser internado, em 2023, para avaliação médico-hospitalar e ficou por um tempo. Um tempo depois, foi liberado”.
Há alguns dias, ele também teve um desentendimento no bairro Itapuã, em que foi preso em flagrante. Durante a audiência de custódia, de acordo com Letícia Goldner, ele teve a sua liberdade recomposta.
Apelido
Ela destacou que o apelido de “Bob Marley” – que tem circulado – não está certo. “Existe uma outra pessoa que trabalha com reciclagem em Vila Velha que tem esse apelido. O Raul é conhecido por Raul mesmo. É preciso tomar cuidado para não confundir”.
Letícia enfatizou ainda que muita gente confunde indivíduos em situação de rua com pessoas que possuem residência, mas passam alguns dias nas ruas para fazer uso de drogas.
Além disso, existem os catadores de material reciclado. “Não se pode incluir todos como se fossem a mesma situação”.
SAIBA MAIS
Queixas de moradores
Após relatos e queixas de moradores da região, a Associação de Moradores de Itapuã enviou ofício à Defensoria Pública, Ministério Público Estadual e à Secretaria de Estado de Direitos Humanos, pedindo uma atuação preventiva diante “de iminente risco de agravamento da violência urbana no bairro”.
No pedido, a associação afirma que, nos últimos meses, o bairro tem sido palco de episódios sucessivos de violência, transtornos urbanos e perturbação generalizada da ordem pública, protagonizados por pessoas em situação de rua, muitas em visível estado de alteração mental ou psicomotora causada por uso de drogas.
Morador
O ofício ainda cita o caso de Raul Christian Campos Patriota, que nas últimas semanas têm gerado uma série de queixas por causa do comportamento.
Entre os problemas, cita uma tentativa de agressão em que teria lançado uma pedra de concreto contra o vidro lateral de carro, quebrando o vidro na altura do passageiro.
Também afirma que o homem agrediu com um soco um morador que se aproximava dele, causando lesão e necessidade de atendimento médico.
Outra situação é o relato de exposição obscena reiterada das suas partes íntimas em via pública.
Para os moradores, o comportamento do homem exige “avaliação clínica imediata, proteção à integridade física de terceiros e atuação jurídica coordenada para evitar desfechos trágicos”.
O que eles dizem
Ministério Público Estadual
Informou que recebeu a documentação em questão, que foi encaminhada para a Promotoria de Justiça de Vila Velha para análise e, posteriormente, a adoção das medidas que forem necessárias.
Secretaria de Estado de Direitos Humanos
Disse que a denúncia foi registrada no Serviço de Atendimento Humanizado a Vítimas de Violação de Direitos Humanos (SAHUV), que está adotando os devidos trâmites em relação à manifestação.
Defensoria Pública
Não se manifestou até o fechamento da edição.
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