“Meu filho falou em russo aos 2 anos”, diz administrador
Pai de Guilherme Fontes conta que o garotinho de Guarapari, agora com 5 anos, entrou para grupo de pessoas com altíssimo QI
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Aos 5 anos de idade, o estudante de Guarapari Guilherme Alves de Moraes Zouain Fontes entrou para a sociedade de Mensa, uma organização de pessoas com altíssimo Quociente de Inteligência (QI).
Somente 2% da população em geral possui o QI elevado. Os pais do menino, o administrador Fernando Fontes Santos, 41 anos, e a estilista Bruna Soares Moraes, 35, começaram a notar as diferentes características quando o Guilherme tinha 2 anos.
É que, além de falar inglês e espanhol fluentemente, ele passou falar russo. O pai lembra que a família estava almoçando quando Guilherme pronunciou algo diferente e que ninguém entendeu nada.
“O Guilherme começou a falar um monte de palavras estranhas e eu ainda brinquei com ele, que estaria inventando palavras e falando “guilhermês”. Sem entender a pronúncia, colocamos o Google tradutor na boca dele para traduzir e vimos que era a tradução de russo. Ficamos perplexos mesmo. Ele falou em russo aos 2 anos”, conta o pai.
Depois disso, ele começou a aprender a falar os números, e tudo isso sozinho, sem ninguém ter ensinado para ele.
Guilherme, que ainda está na pré-escola e matriculado em uma escola municipal, sabe falar do um ao 10 em sete diferentes idiomas – português, inglês, espanhol, russo, italiano, francês e japonês. “Decidimos procurar um profissional e fomos ao médico, do médico para a psicóloga, da psicóloga para o neuro. Fomos fazendo todos os exames para chegar a um laudo e ver o que estava acontecendo”, explica o pai.
Após as consultas, os médicos e especialistas da área chegaram à conclusão de que o Guilherme é uma criança superdotada, com uma inteligência acima da média.
O resultado do teste saiu no mês passado e mostrou que o pequeno possui 143 de QI, o que o leva a ser considerado uma criança superdotada. Com o resultado do Guilherme, os pais seguiram com a avaliação do filho mais velho, Leonardo, 7 anos, que também possui características de superdotado.
No próximo mês, os pais almejam fazer o teste de Leonardo no Mensa, para saber se o primogênito também será incluído na organização.
“Os dois vieram superdotados”
A Tribuna: Desde o primogênito, existem características diferentes na aprendizagem?
Fernando Fontes Santos: O Leonardo, que é o primeiro, a gente percebeu que sempre foi muito esperto. Ele fazia esculturas e desenhos que eram mais perfeitos que os meninos mais velhos. O Guilherme foi aprendendo a falar outras línguas sozinho, e decidimos investigar.
Os primeiros exames foram feitos juntos?
Fizemos um primeiro laudo deles juntos. Um laudo só de percentil. Um deu 99,9% e o outro 99,8%, que quer dizer que eles estão no pedacinho da população da amostragem para a idade de cada um acima da média. O Guilherme já está inscrito no Mensa, que nada mais é que uma comprovação social do laudo que ele tem de altas habilidades e superdotação.
As características do Guilherme são diferentes?
O que o Guilherme gostava muito de ver era o YouTube, coisas de letras e números, alfabeto. Ia passando para vídeos em inglês, em francês, em russo, e imaginávamos que ele só estava assistindo. Mas ele estava entendendo tudo.
E o Leonardo?
As habilidades do Leo são na área artística, de pintura, escultura. A memória dele é incrível e ele é muito bom em matemática. São irmãos com a mesma criação e os dois vieram superdotados, porém com habilidades diferentes.
E de que forma vocês foram orientados a conduzir as crianças superdotadas?
São crianças com um grau diferente de inteligência. Crianças superdotadas possuem direitos diferentes. Eles têm direito a um plano de aula individualizado, a um acompanhante em sala de aula, e, no caso do Guilherme, o laudo já pede um adiantamento de dois anos. Temos que continuar estimulando nossos filhos a desenvolverem as suas habilidades.
Maior capacidade de aprendizado
As crianças superdotadas possuem capacidade de aprender muito acima do comum para sua idade. Elas aprendem sozinhas, só de ouvir ou ver, sem muitas explicações.
O primeiro passo para identificar o QI elevado é observando as características de aprendizado. É o que explica o neuropsicólogo Damião Silva, especialista em altas habilidades e superdotação.
“Geralmente, as questões que vão chamar mais atenção são as de habilidades acadêmicas. São crianças que vão se interessar por matemática, leitura, assuntos específicos ligados ao conhecimento, fora de sua faixa etária. Pode ser que envolva criatividade no esporte ou na arte também”.
O problema, segundo o especialista, é que na escola passam a sofrer com a forma de aprender, e chegam a ser rotulados como hiperativos.
E, ao contrário do que muitos pensam, os superdotados também podem apresentar dificuldades. Por terem inteligência acima da média, isso pode trazer desafios comportamentais e emocionais, por serem crianças mais intensas.
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