Médicos criam manual sobre riscos do uso de celular por crianças
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Médicos da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) lançaram um manual de orientação aos pais sobre os riscos do uso excessivo de celular por crianças. A preocupação deles é com a saúde, já que a exposição às telas é prejudicial e pode causar danos físicos e mentais.
O documento traz diversas orientações, como a proibição de celular para menores de 2 anos de idade e limitação de tempo para crianças com até 5 anos. Além disso, detalha os problemas para a saúde, como dependência digital, transtorno do sono, depressão, irritabilidade e tendinite.
“O uso está cada vez mais intenso, até mesmo pelos pais, que introduzem precocemente as telas para crianças com baixa idade, o que traz prejuízo psíquico e motor. Muitas vezes, quando o pai tenta interromper, a criança já está doente”, alertou o pediatra Marco Antônio Chaves Gama, um dos responsáveis pelo documento.
O manual destaca a influência familiar no uso desregrado das telas. “Estamos ensinando que o tempo de espera é tempo de toque na tela. Com isso, estamos introduzindo a ansiedade precoce. Isso faz uma diferença negativa muito grande no desenvolvimento da criança”, ressaltou Gama.
O documento atualiza as recomendações lançadas pela entidade em 2016, já que, durante esse período, novos problemas apareceram e a dependência digital passou a ser tratada como doença pela Organização Mundial da Saúde.
“Dada a urgência do tema, decidimos atualizar as orientações para auxiliar pediatras, pais, responsáveis e educadores a evitar os principais agravos advindos da utilização inadequada das tecnologias digitais”, afirmou a presidente da SBP, Luciana Rodrigues.
Os médicos também estão preocupados com o conteúdo acessado pelo celular. Dados da pesquisa TIC Kiks Online revelam que 86% das crianças e adolescentes brasileiros, entre 9 e 17 anos, estão conectados, o que corresponde a 24 milhões de pessoas.
Cerca de 32% dos participantes do levantamento relataram contato com imagens ou vídeos de conteúdo sexual e formas de machucar a si mesmos; 14% com fontes que informam sobre modos de cometer suicídio; e 11% com experiências com o uso de drogas.
Saiba mais
Manual
- O Manual de Orientação #MenosTelas #MaisSaúde foi lançado por médicos do Grupo de Trabalho de Saúde na Era Digital da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
- As orientações são para pais, responsáveis, médicos e educadores.
Orientações
Evitar
- Evitar exposição de crianças menores de 2 anos às telas.
- nada de telas durante as refeições. Além disto, se desconectar uma a duas horas antes de dormir.
- Encontros com desconhecidos on-line ou off-line devem ser evitados.
Limitação
- Limitar o tempo de telas ao máximo de uma hora por dia, sempre com supervisão para crianças com idades entre 2 e 5 anos.
- Limitar o tempo de telas ao máximo de uma ou duas horas por dia, sempre com supervisão para crianças com idades entre 6 e 10 anos.
- Limitar o tempo de telas e jogos de videogames a duas ou três horas por dia, sempre com supervisão; nunca “virar a noite” jogando para adolescentes com idades entre 11 e 18 anos.
Alternativas e regras
- Oferecer como alternativas: atividades esportivas, exercícios ao ar livre e contato direto com a natureza, sempre com supervisão.
- Criar regras saudáveis para o uso de equipamentos e aplicativos digitais, além das regras de segurança, senhas e filtros apropriados para toda a família, incluindo momentos de desconexão e mais convivência familiar.
- saber com quem e onde seu filho está, e o que está jogando ou sobre conteúdos de risco transmitidos (mensagens, vídeos ou webcam) é responsabilidade legal dos pais e cuidadores.
Denúncia
- Conteúdos ou vídeos com teor de violência, abusos, exploração sexual, nudez, pornografia ou produções inadequadas e danosas ao desenvolvimento cerebral e mental de crianças e adolescentes, postados por criminosos devem ser denunciados e retirados pelas empresas de entretenimento ou publicidade responsáveis.
Os riscos
Saúde mental
- Dependência digital.
- Depressão, irritabilidade e ansiedade.
- Transtornos do déficit de atenção e hiperatividade.
- Transtornos do sono.
- Transtornos da imagem corporal e da autoestima.
- Comportamentos autolesivos, indução e riscos de suicídio.
Problemas físicos
- Transtornos de alimentação: sobrepeso/obesidade e anorexia/bulimia.
- Sedentarismo e falta da prática de exercícios.
- Problemas visuais, miopia e síndrome visual do computador.
- Problemas auditivos e perda auditiva induzida pelo ruído.
- Transtornos posturais e músculo-esqueléticos.
Problemas sociais e crimes
- Entre outros, riscos da sexualidade, nudez, , abuso sexual e estupro virtual.
- Aumento da violência e abusos.
- Bullying e cyberbullying.
- Uso de nicotina, bebidas alcoólicas, anabolizantes e outras drogas.
Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
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