Mais de 130 livros escritos por capixabas vão para as salas de aula
Governo do Estado selecionou 132 livros para compor o acervo literário das escolas da rede pública para alunos de 8 e 9 anos
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Mais de 100 escritores do Espírito Santo tiveram livros infantis selecionados para compor o acervo literário das escolas da rede pública estadual e de todos os 78 municípios que atendem alunos de 8 e 9 anos.
Com temas diversos, que podem ou não trazer a história ou a geografia locais, as 132 obras escolhidas foram escritas por autores capixabas ou que moram no Estado há pelo menos 5 anos.
“Escolhemos livros sem falas racistas e machistas ou que fossem contra os direitos humanos ou à diversidade. Vamos fazer uma nova análise e ver quais deles serão usados na produção de um novo material didático para atender aos anos iniciais do ensino fundamental”, afirma Aleide Cristina de Camargo, que está à frente da Gerência do Currículo da Educação Básica.
A previsão é de que o novo material didático e as obras escolhidas já sejam usadas pela rede de ensino pública a partir do início de 2025. A gerente ressalta ainda que nenhuma das publicações precisa ser comprada pelos estudantes.
“Todas as crianças receberão gratuitamente os produtos assim que estiverem prontos. O material começará a ser produzido agora, passará por revisão e diagramação. Então, até ir para a gráfica, levará um tempo”, salienta Aleide.
As publicações que ficarem de fora dessa triagem vão poder integrar o acervo das bibliotecas das escolas. “Nada impede que, posteriormente, esses exemplares sejam adquiridos”.
A iniciativa faz parte do Pacto pela Aprendizagem no Espírito Santo (Paes), criada pelo governo do Estado e assinado por todos os 78 municípios capixabas.
“O principal objetivo do pacto é a garantia do direito à alfabetização na idade certa, entre 6 e 8 anos. Tem sido feito um grande investimento para a melhoria da alfabetização de nossas crianças”, pontua.
Entre as obras selecionadas estão “A gente às vezes é assim!”, de Lilian Pereira Menenguci; “Rê Tinta e a revolução escolar”, de Elisa Lucinda e Estevão Ribeiro; e “Era uma vez um quintal”, de Eliana Zandonade.
“Recebo esta oportunidade com muita alegria e responsabilidade. Ver um trabalho de 10 anos como escritora infantil ser reconhecido é muito gratificante. E estar perto do leitor, podendo visitar as escolas, é o sonho de todo escritor”, diz Eliana, autora de 10 livros.
“A literatura é muito poderosa”
A Tribuna- É da área de exatas. Quando decidiu entrar nesse mundo da literatura infantil?
Eliana Zandonade- Sou matemática, estatística e professora da Ufes. O mundo infantil me capturou quando tive meu filho, Erik, hoje com 18 anos. Lia com ele todas as noites. Daí para contar histórias e escrever foi um pulo! É um mundo maravilhoso.
O que te inspira a escrever histórias infantis?
Minha grande inspiração são as crianças, o encantamento delas pelas histórias e pelo mundo da imaginação. Me inspiro também nas minhas lembranças da infância, na menina que fui e ainda está por aqui.
Além de incentivar a leitura, você também estimula a escrita, certo?
Sim, durante a pandemia tive a oportunidade de criar um projeto, o “Memórias de Criança”, no qual ajudo crianças a escrever. Editei cinco livros individuais com crianças e adolescentes e um com uma turma de crianças de 6 anos de uma escola municipal de Vitória.
Qual a história de “Era uma vez um quintal”, livro selecionado pela Sedu?
É uma história cheia de imaginação, no quintal da Vó e do Vô. Nele, um casal de ratinhos transforma o quartinho de bagunça em um ateliê de artes, produzindo bichos de sucata que criam vida e alegram o quintal. As ilustrações são da artista e fazedora de brinquedos Regina Miranda
Qual o poder da literatura na vida de uma criança?
A literatura é muito poderosa para desenvolver a imaginação, resolver conflitos internos e, principalmente, divertir, tornar a vida mais leve.
Como a escola pode e deve atuar no incentivo à leitura?
A escola tem sido a grande parceira da literatura, apresentando os livros de forma a encantar a criança e convidando os autores a conhecerem as crianças, os leitores.
Qual o maior desafio das escolas hoje?
A escola compete com o mundo digital, cheio de cor e movimento. A escola precisa aliar a imaginação ao conhecimento e despertar na criança a curiosidade para o mundo real. E os livros de literatura infantil são um grande portal para isso acontecer.
As crianças de hoje têm sido mais incentivadas à leitura?
Percebo, nas minhas visitas às escolas, que as crianças estão redescobrindo os livros, e o incentivo dos professores e bibliotecários tem sido fundamental para o crescimento de leitores.
Qual o papel dos pais nesse contexto?
Sempre repito: os pais têm uma grande oportunidade de estar com seus filhos e dividir sua visão do mundo lendo para eles. É maravilhoso ler para uma criança antes de dormir, embalando seu sono e seus sonhos!
- Eliana Zandonade Professora da Ufes e escritora infantil
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