Pesquisa aponta: maioria das crianças passa mais tempo em tela do que deveria
Exposição diária de crianças a celulares, tablets, computadores ou TVs é maior que o dobro do recomendado
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Mesmo com alertas da comunidade médica e de especialistas, o uso excessivo de telas faz parte da rotina de crianças brasileiras, inclusive nos primeiros anos de vida.
A pesquisa “Panorama da Primeira Infância: O que o Brasil sabe, vive e pensa sobre os primeiros seis anos de vida” aponta que 78% das crianças de até 3 anos e 94% daquelas entre 4 e 6 anos têm contato diário com celulares, tablets, televisões ou computadores.
O tempo médio de uso é de 2 a 3 horas por dia – mais que o dobro do recomendado pela Sociedade Brasileira de Pediatria, que orienta o limite de 1 hora por dia para crianças com mais de 2 anos. Para os menores de 2 anos, a recomendação é evitar totalmente as telas.
Apesar da alta exposição, apenas 4 em cada 10 responsáveis (40%) reconhecem que o tempo diante das telas pode ser excessivo.
Muitos também dizem perceber consequências negativas no comportamento e na saúde dos pequenos. Entre os principais efeitos citados estão prejuízos à saúde física (56%), limitação do contato com outras pessoas e atividades (42%) e agitação ou agressividade (42%).
A neuropsicopedagoga clínica Geovana Mascarenhas destaca que a exposição prolongada aos dispositivos eletrônicos pode afetar muito o emocional da criança, causando distúrbios como depressão, ansiedade e, em muitos casos, agressividade.
A psicóloga e orientadora parental em disciplina positiva Kamila Vilela de Souza frisou que o uso excessivo de telas na infância é uma preocupação crescente.
“A primeira infância é um período de intenso desenvolvimento cerebral, emocional e relacional. Nessa fase, a criança precisa de experiências sensoriais, movimento, brincadeiras e vínculos afetivos reais. As telas, apesar de parecerem interativas, são estímulos passivos que substituem justamente essas vivências fundamentais”.
Segundo ela, é essencial dizer que os pais não são culpados. “Eles estão sobrecarregados, muitas vezes sozinhos, sem rede de apoio, e usam a tela como forma de sobreviver ao cotidiano. Por isso, o debate precisa sair do lugar da culpa e ir para o acolhimento e da orientação, que considera a realidade dessas famílias”.
Orientação aos pequenos
Exemplo positivo
Brincar com outras crianças é prioridade

Mãe da Elisa, de 11 anos, do Pedro, de 8, e da Maria, de 1 ano de idade, a universitária Thaynara Uliana Souza, 33, tem uma atenção especial no tempo de uso de telas pelos filhos. “Temos algumas regras. Por exemplo, se estão com os primos ou em um ambiente com outras crianças, eles sabem que as telas precisam ficar para outro momento. A prioridade deve ser brincar e explorar”, relata.
Ela ressaltou, ainda, que não costuma proibir categoricamente as telas, principalmente aos maiores, mas está sempre atenta aos conteúdos e conversando. “Se tem algum jogo, música ou vídeo que acredito que não é bom para eles, a gente senta, conversa e eu explico o que aquilo pode trazer de risco para eles”.
Opiniões


Alta exposição pode gerar danos
Tempo de tela
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) orienta o limite de 1 hora por dia de tela para crianças com mais de 2 anos.
Antes dessa idade, o ideal é que não haja exposição a telas.
Riscos de exposição excessiva a telas na infância
- Problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão.
- Obesidade.
- Isolamento social
- Déficit de atenção, hiperatividade e queda no rendimento escolar.
Estratégias para diminuir o uso de tela
1. Rotina
Crie uma rotina com horários definidos e fixos para o uso de telas.
2. Alternativas atrativas
Brinquedos simples, livros, massinhas, blocos de montar, papel e lápis de cor podem substituir telas, especialmente se adultos participam.
3. Mais tempo ao ar livre
Levar a criança para parques, quintais ou até calçadas seguras estimula o movimento e o contato com o mundo real.
4. Brinque junto
Isso fortalece o vínculo e ocupa o tempo que seria gasto na tela.
5. Seja exemplo
Crianças imitam os adultos. Deve-se, portanto, reduzir o uso de celular na frente delas.
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