Jovem passa por transplante e recebe novo coração
Portador de miocardiopatia dilatada idiopática, rapaz de 21 anos estava há dois meses na fila de espera por um coração
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Novo coração, nova chance para viver. Portador de um problema cardíaco chamado miocardiopatia dilatada idiopática, um jovem de 21 anos passou por um transplante no último domingo, procedimento fundamental para sua expectativa e qualidade de vida.
A operação aconteceu no Hospital Meridional de Cariacica após um doador compatível ser identificado no município de São Mateus.
A captação do órgão ocorreu no Hospital Roberto Silvares, com seu transporte sendo feito por via aérea através da equipe do Núcleo de Operações e Transporte Aéreo (Notaer), garantindo a agilidade e a preservação adequadas.
Já o jovem receptor foi transferido do Hospital Rio Doce, em Linhares, ao Hospital Meridional Cariacica por meio de uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
Segundo o cirurgião cardiovascular e coordenador do setor de transplantes cardíacos da Rede Meridional, Melchior Luiz Lima, o coração doado apresentou boa contratilidade ao término do procedimento, que durou cerca de seis horas, e o paciente evoluiu de forma satisfatória.
Antes do rapaz, seu pai, que tem 43 anos, também passou por um transplante de coração. “Quando o meu marido foi transplantado, ainda no hospital meu filho teve o mesmo problema e os dias se tornaram mais difíceis ainda”, comentou a mãe do jovem, que ficou cerca de dois meses na fila de espera para conseguir o coração.
“Ficar três meses e 17 dias dentro de uma UTI para um jovem de 21 anos é muito difícil, mas não perdemos a fé e mais uma vez Deus preparou um doador”, ela completou.
Melchior destacou que não é “o mais comum” pessoas mais novas passarem por esse tipo de procedimento, mas também não é raro. “Já tivemos várias pessoas que foram transplantadas jovens”.
Ele disse ainda que o transplante cardíaco sempre é a última instância. “Só se faz quando já se esgotaram todos os tipos de procedimentos para tentar melhorar o desempenho do coração da pessoa, seja através de medicamentos, marcapassos e cirurgias cardíacas”.
O cirurgião cardiovascular da Rede Meridional Héber Souza Melo Silva, que participou do processo, explicou em quais casos a operação se torna necessária. “Desde doenças relacionadas com processos inflamatórios do coração, em que chamamos de miocardite, doenças valvulares ou alguma doença congênita cardíaca”.
Cinco fizeram transplante este ano no Estado
Várias vidas foram impactadas por conta do transplante de órgãos neste ano: a Secretaria da Saúde (Sesa) registrou no primeiro semestre 295 transplantes, sendo 41 de rim, 28 de fígado, cinco de coração e 221 de córneas.
A Sesa divulgou ainda que, atualmente, há 2.647 pacientes que esperam por doações, sendo sete por um coração, 45 por um fígado, 1.086 por rim e 1.509 por córneas.
No caso do coração, o cirurgião cardiovascular e coordenador do setor de transplantes cardíacos da Rede Meridional, Melchior Luiz Lima, explicou sobre os critérios utilizados para analisar a compatibilidade entre o paciente e o doador, o que é fundamental para que o procedimento dê certo.
“Logo de imediato sempre tem que ter a compatibilidade sanguínea. Também é feito um painel imunológico, para saber qual é reatividade desse paciente em relação à população geral”, explica o médico.
“Além disso, sempre que aparece o órgão, você tem que saber uma relação de peso e altura. Você não pode colocar o coração de uma criança em um adulto, por exemplo”, destaca.
Confira entrevista com a mãe do paciente
Antes do paciente de 21 anos passar pelo transplante de coração, seu pai, de 43 anos, precisou realizar o mesmo procedimento.
Ao jornal A Tribuna, a mãe do rapaz comentou sobre os momentos difíceis que a família passou e o sentimento de esperança ao descobrir um doador.
AT: Tanto seu filho quanto seu marido tiveram miocardiopatia dilatada idiopática. Quais foram os sintomas apresentados por eles?
Mãe do paciente: A miocardiopatia dilatada idiopática para mim tem várias formas, porque meu marido começou com aceleramento no coração, falta de ar e inchaço nas pernas e na barriga. Já meu filho começou com tosse, inchaços nas pernas, na barriga e no rosto.
AT: Há quatro meses seu marido foi transplantado. Como foram os dias até chegar enfim à operação?
Mãe do paciente: Foram dias difíceis. Só Deus e eu sabemos o que passei e achava que não ia mais aguentar. Mas Deus entrou com providência e preparou um doador e a cirurgia do meu marido foi um sucesso. Até hoje, graças a Deus, ele não teve reação nenhuma e está bem. Quando o meu marido foi transplantado, ainda no hospital meu filho teve o mesmo problema e os dias se tornaram mais difíceis ainda.
AT: O que sentiu ao saber que tinha um coração compatível para seu filho?
Mãe do paciente: Quando recebi a notícia que tinha um coração compatível foi uma alegria tão grande, choro e risos de agradecimento a Deus e aos familiares.
AT: Acredita que a doação de órgãos é um ato importante?
Mãe do paciente: É um ato de amor que não tem explicação. Quero agradecer primeiramente a Deus e a essa família que, mesmo no momento de tristeza, fez minha família sorrir, em meio a tantas lutas. Que Deus abençoe cada familiar e conforte o coração.
Fique por dentro
Sobrevida de 80% no primeiro ano

Transplante de coração
Doenças relacionadas com processos inflamatórios do coração (miocardite), doenças valvulares ou alguma doença congênita cardíaca são condições que levam à necessidade da operação.
O transplante é a última opção a ser seguida, recomendado a pessoas que não respondem a nenhum tratamento ou cirurgia.
Objetivo
Aumentar a expectativa de vida e levar mais qualidade de vida. A pessoa que antes estava limitada por uma insuficiência cardíaca avançada volta a respirar com facilidade, andar, comer bem e dormir melhor.
Taxa de sucesso
A sobrevida média após o transplante cardíaco no Brasil é de cerca de 80% no primeiro ano e mais de 65% em cinco anos, números comparáveis aos dos melhores centros do mundo.
Cuidados
Quem passa por transplante precisa tomar remédios imunossupressores. Além disso, para ter o controle adequado, são programadas biópsias do coração para avaliar se a terapia imunossupressora está apropriada.
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