Insônia aumenta risco de ansiedade e depressão
Megaestudo aponta que efeitos negativos ocorrem até quando a pessoa tem pequenas reduções de descanso, além do habitual
Escute essa reportagem

Pesquisas feitas nos últimos 50 anos foram revisadas em um megaestudo, que mostrou como dormir mal pode influenciar nas emoções e na saúde mental.
O estudo realizado por cientistas da Universidade de Montana, nos Estados Unidos, aponta que a falta de sono – causada por distúrbios, como insônia e até privação de sono – pode levar a sintomas de ansiedade e depressão.
O trabalho mostra que esses efeitos negativos ocorrem mesmo quando a pessoa tem pequenas reduções no período de descanso, além do habitual.
A pneumologista Roberta Couto, especialista em Medicina do Sono, explica que a insônia é o distúrbio do sono que mais se associa aos transtornos psiquiátricos e apresenta uma relação mais evidente com a saúde mental.
“Outros distúrbios do sono como apneia do sono, síndrome das pernas inquietas e narcolepsia (sono em excesso) também se associam com quadros depressivos, mas as evidências sugerem que pessoas com insônia tendem a ter maior chance de desenvolver depressão”, ressaltou.
A médica explica que durante o sono o corpo gera energia, limpa resíduos cerebrais, produz e regula hormônios que interferem no aprendizado, no humor, na atenção e na disposição.
“Pessoas que dormem pouco e sem qualidade ficam com o corpo estressado, e isso favorece respostas agressivas, de rebaixamento de humor e possíveis descontroles emocionais”, alerta Roberta.
O psiquiatra Anderson Dondoni Lovatti ressalta que, além do descanso, o sono promove a restauração das funções do corpo.
“Já foi comprovado cientificamente que muitos hormônios, relacionados às funções do corpo, são liberados durante a noite, no momento do nosso sono. O funcionamento do corpo depende muito do sono”, destacou.
Distúrbio
A psicóloga Patrícia Dummer ressalta que quem sofre de ansiedade apresenta maior risco de apresentar o distúrbio do sono, e quem tem insônia pode piorar ou desenvolver problemas de ansiedade pela ausência de sono.
“Pessoas depressivas frequentemente apresentam dificuldades para dormir”, explicou.
Segundo Patrícia, como resultado do mal-estar generalizado causado pela falta de sono, a pessoa apresenta excesso de estresse, irritabilidade, dificuldade de concentração, diminuição da produtividade, problemas de autoestima e dificuldade nos relacionamentos.
Os números
154 artigos foram analisados em 28 países para a formação do megaestudo.
5.715 participantes fizeram parte do total de artigos analisados.
Saiba mais
Apneia e síndrome das pernas inquietas
- Pesquisa
Um megaestudo revisou as pesquisas feitas nos últimos 50 anos e mostrou evidências de que dormir mal influencia o funcionamento emocional, trazendo consequências para a saúde mental a longo prazo.
A pesquisa, feita por cientistas da Universidade de Montana, nos Estados Unidos, mostrou que a falta de sono foi associada a menos emoções positivas, como alegria e contentamento, e ao aumento dos sintomas de ansiedade.
O trabalho mostra ainda que esses efeitos negativos ocorrem mesmo quando a pessoa tem pequenas reduções no período de descanso, além do habitual.
- Análises
Os autores da pesquisa buscaram os estudos existentes sobre todo tipo de privação de sono e seu impacto no estado emocional. Para isso, analisaram 154 artigos de 28 países, totalizando 5.715 participantes.
- Privação de sono
Nos trabalhos incluídos, os cientistas induziram os voluntários a simular tanto a privação aguda – em que eles ficavam longos períodos sem pregar os olhos – quanto a crônica, em que tinham que dormir menos horas do que o usual.
Também foi avaliado o efeito do chamado sono fragmentado, quando ele é interrompido várias vezes.
O impacto emocional foi mensurado por meio de questionários com respostas a estímulos emocionais e testes para medir sintomas de ansiedade e depressão. Todos os dados eram comparados a um grupo controle.
- Insônia
A médica especialista em Medicina do Sono, Roberta Couto, explica que a insônia é o distúrbio do sono que mais se associa aos transtornos psiquiátricos e apresenta uma relação mais evidente com a saúde mental.
Segundo um estudo epidemiológico sobre sono na população geral
MATÉRIAS RELACIONADAS:




Comentários