Faltam remédios para dez doenças nas farmácias do SUS
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Além de conviver com o risco de contaminação pelo coronavírus, a população também sofre com a escassez de medicamentos. Nas farmácias do Sistema Único de Saúde (SUS), faltam remédios para mais de 10 doenças.
São medicamentos usados no tratamento de problemas como hipertensão, diabetes, glaucoma, depressão e artrite reumatoide.

Além dessas doenças, há ainda falta de remédios usados para dores abdominais, menopausa e até para deficiência de vitaminas.
Na Farmácia Cidadã Estadual, faltam quatro medicamentos, sendo um de responsabilidade do Ministério da Saúde.
Em Vila Velha, faltam 12, enquanto em Cariacica, 16, sendo que nas duas cidades, um desses remédios é de competência federal. Em Vitória faltam sete, e na Serra, quatro.
Quem está à espera de um desses medicamentos é a aposentada Edith Sperandil, de 75 anos. Para tratar artrite reumatoide, ela depende do metotrexato injetável, que deve ser disponibilizado pelo Ministério da Saúde.
“Desde janeiro, estou esperando por esse remédio. Enquanto isso, vou tomando analgésicos para aliviar as dores que sinto”.
Também está em falta o formoterol, usado em pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC).
“Esse medicamento é usado, geralmente, no grau mais leve do enfisema, quando o paciente já tem alterações tomográficas. Esses pacientes necessitam da medicação, já que a doença tem estágio e tende a progredir. O remédio tem uma função broncodilatadora”, explicou a pneumologista Ciléa Victoria Martins.
Pacientes em tratamento contra depressão também sofrem com a falta de remédios. O amitriptilina, por exemplo, está em falta na Serra e em Vila Velha.
“Basicamente, a interrupção aguda da medicação pode causar uma síndrome de retirada, com sintomas que podem variar conforme a pessoa. Mas, geralmente, incluem tonteira, vertigem e tremor. Além disso, pode haver recaída dos quadros, seja de ansiedade ou de depressão”, explicou o psiquiatra Valber Dias.
Outro remédio em falta é o timolol, para glaucoma. “O tratamento tem de ser contínuo e, se o paciente deixar de pingar o colírio um dia, no outro a pressão já vai estar aumentada”, destacou a oftalmologista Marília Villas Boas, do Hospital de Olhos de Vitória.
Prefeituras dizem que atraso é por conta de fornecedor
A falta de medicamentos é causada, em sua maioria, por conta de atrasos dos fornecedores, segundo alegam as prefeituras e a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa).
A Gerência de Assistência Farmacêutica (Geaf) do Estado esclareceu que, até ontem, apenas três medicamentos estavam em falta nas Farmácias Cidadãs: fenofibrato, formoterol e tramadol.
“Em todos os casos, os problemas são relacionados aos fornecedores, mas, para garantir a assistência aos pacientes, processos de compras emergenciais estão em andamento para aquisição do fenofibrato e tramadol. Já em relação ao formoterol, o atraso por parte do fornecedor está sendo revisto e a nova previsão de entrega é na próxima semana”, disse, por nota.
Em Vila Velha, a prefeitura informou que o índice de abastecimento de medicamento é de 95%. Dos remédios em falta, um está com a aquisição em andamento, outro é de responsabilidade do Ministério da Saúde, e os demais estão aguardando entrega.
Na capital, a prefeitura informou que mantém um índice de cobertura de 94,02% de medicamentos. Segundo o município, os fornecedores alegaram problema na produção, mas as empresas já foram notificadas e deram prazo até o final do mês para regularizar a entrega.
Na Serra, o índice de abastecimento das farmácias é de 94,37%, segundo a prefeitura. A informação é que os remédios estão em fase de regularização de estoque e outros estão sendo adquiridos.
A Prefeitura de Cariacica disse que o abastecimento de medicamentos na cidade está em 82%, e que alguns não chegaram “por conta da dificuldade na entrega por parte dos fornecedores”.
“Alguns estão na iminência de chegar e outros seguem sem previsão, devido à falta deles no mercado”. A prefeitura orienta que os pacientes que necessitam de medicamentos em falta procurem o médico para que seja realizada a troca por remédios similares.
Até o fechamento desta edição, o Ministério da Saúde não respondeu à reportagem.
SAIBA MAIS
Doenças que são tratadas com os 10 remédios em falta
- Atenolol 50 mg: trata doenças como hipertensão arterial.
- Amitriptilina 25 mg: recomendado para o tratamento de depressão em suas diversas formas.
- Doxazosina: indicado para o tratamento dos sintomas clínicos da próstata aumentada (benigna).
- Gliclazida 30mg: é destinado ao tratamento de diabetes tipo 2; diabetes em paciente obeso, em idosos e em pacientes com complicações vasculares.
- Timolol 0,5%: solução oftalmológica usada no tratamento do glaucoma. Ajuda a diminuir a pressão nos olhos.
- Fenofibrato: utilizado para diminuir os níveis de colesterol e triglicerídeos no sangue, quando, após dieta, os valores permanecem.
- Formoterol: usado no tratamento de pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC).
- Metotrexato 25 mg/mL injetável: usado no tratamento de pacientes com artrite reumatoide.
- LEVODOPA + BENSERAZIDA (100+25) MG: indicado para o tratamento de pacientes com doença de Parkinson.
- NITROFURANTOÍNA 100MG: indicado no tratamento de infecções do trato urinário, agudas e crônicas, tais como cistites.
Fonte: Sesa, prefeituras consultadas e pesquisa AT.
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