“Eu já sabia que tinha algo diferente em mim”, diz jovem com TEA
O diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA) veio aos 14 anos
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Isolamento, seletividade alimentar e não aceitação a gestos de carinho foram alguns dos sinais que a jovem Larrúbia Pereira da Silva, hoje com 18 anos, apresentava.
Para a sua mãe, a professora Alaide Gomes Pereira, 45, os comportamentos de Larrrúbia eram personalidade. O diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA) veio aos 14 anos.

“Foi algo inesperado, mas eu já sabia que tinha algo diferente em mim, no meu modo de falar e pensar, em comparação aos outros colegas”, afirma a jovem.
Alaide conta que Larrúbia cortava algumas roupas, tem aptidão por perucas e pela arte, como desenho gráfico e de próprio punho, além de saber falar inglês e compreender o japonês.
Crises
Segundo a mãe da jovem, às vezes Larrúbia apresentava crises. “Eu falava com os familiares. O avô dela me aconselhou a levá-la para benzer. Eu não discordei, mas fiquei muito triste e desabafei com a minha amiga, a Néfia, que me aconselhou a levá-la em um neuropediatra. A minha amiga achava que ela poderia ser autista”.
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E foi com 14 anos que ela recebeu o diagnóstico. “Percebi que eu não posso mudar o seu comportamento. Sou grata a Deus por ser mãe dela. Ela é uma pessoa autêntica, fantástica, resolvida, forte, inteligente, resiliente e criativa. Ela é o nosso maior aprendizado”, ressalta a professora.
Larrúbia relata que evitava falar com os colegas de escola e amigos sobre a condição. “Tinha medo do que poderiam pensar ou de zombarem de mim”.
Para a jovem, o diagnóstico não foi o fim. “Hoje em dia acho que foi libertador receber o diagnóstico, vi que não era o que os outros diziam e especulavam, como algo ruim. Eu amo ser do jeito que sou”, afirma.
“No futuro espero poder conseguir um emprego, sair de casa e ter alguém, como vejo outros da minha idade ter”.
A psiquiatra Julia Carminati Lopes, da Associação Psiquiátrica do Espírito Santo (Apes), explica que geralmente a incidência do autismo é de três a quatro meninos para uma menina.
“Isso é um viés de estudo, já que as características em gênero têm apresentações diferentes. Como nos meninos as dificuldades do neurodesenvolvimento são mais notadas, eles têm sintomas mais graves e recebem atendimento mais precoce. Já nas meninas, às vezes, os sinais passam despercebidos, e isso também no Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)”.
OS NÚMEROS
> 112 mil pessoas têm autismo no Estado, segundo estimativa do CDC dos Estados Unidos
> 200 mil têm TDAH, de acordo com estimativa da Associação Brasileira do Déficit de Atenção
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