Estado vai ter mais 2 meses com previsão de pouca chuva
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Mesmo com a chegada da primavera – estação caracterizada pelo retorno do período chuvoso –, o volume de chuva vai ficar abaixo da média histórica no Espírito Santo.
O Estado será o único da região Sudeste com essa característica de seca prolongada durante os meses de outubro e novembro, segundo os meteorologistas. Com isso, a tendência é de que a estiagem continue pelas próximas semanas.
De acordo com a Climatempo, a previsão é de que as chuvas aumentem em Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, mas no Estado a média vai continuar baixa. “A temperatura também segue acima da média, principalmente em Vitória e no Noroeste do Espírito Santo”, ressaltou o meteorologista Filipe Pungirum.

Em novembro, o panorama segue o mesmo: enquanto no restante do Sudeste a chuva volta e fica acima da média, o Espírito Santo e o leste de Minas Gerais continuarão com níveis abaixo da média histórica.
A seca prolongada das últimas semanas já vem causando impacto no nível dos rios no Estado, que estão com volume abaixo da média.
“Estamos com características desfavoráveis ao avanço de frentes frias. Temos temperaturas na superfície do mar no Sul do Brasil mais quente que o normal, enquanto no Sudeste mais fria que o normal. Isso deixa uma configuração de avanço da frente fria menor que o histórico”, explicou Pungirum.
Com isso, o meteorologista diz que a expectativa é de um ambiente ainda mais seco. “É um cenário desfavorável para a chuva, e próspero para ondas de calor”.
Ele explicou, ainda, que a frente fria que vai se formar em Minas Gerais não avança para provocar grandes atividades de chuva em solo capixaba.
A última atualização do Mapa do Monitor de Secas, coordenado pela Agência Nacional de Águas, aponta que houve aumento da área de seca no Espírito Santo.
Vendaval
Apesar da chuva abaixo da média em outubro e novembro, o início da primavera, que começa nesta quarta-feira (22), será marcado por ventos fortes. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia, 19 municípios, quase todos da Região Sul, estão sob o risco de ventos de até 60 km/h.
Governo não descarta medidas restritivas
O volume de água nos rios do Espírito Santo está abaixo da média por conta da seca prolongada dos últimos dias. E diante deste cenário, a Agência Estadual de Recursos Hídricos (AGERH) não descarta a adoção de medidas restritivas para o uso de água.
Um exemplo é o Rio Santa Maria da Vitória, que abastece cerca de 600 mil moradores em Vitória, Serra, Cariacica e Fundão. Após atingir um nível alto no início deste mês, a vazão de água despencou, se aproximando do nível crítico na semana passada.
Essa queda é ainda mais intensa nos municípios do Norte e Noroeste do Estado, segundo a AGERH. Em Colatina, a escassez de chuva já mudou o cenário do Rio Doce, que vem apresentando bancos de areia cada vez maiores em seu leito.
A AGERH ressalta que vem monitorando diariamente a situação dos principais rios, e, no momento, eles não atingem níveis que impedem o abastecimento humano. “Mas medidas restritivas não são descartadas caso os efeitos da estiagem se prolonguem no Estado”, ressaltou a agência.
As medidas restritivas que poderiam ser adotadas no Estado dependem da criticidade da situação em cada região. Por lei, a prioridade é sempre garantir o abastecimento humano e animal, restringindo, por exemplo, a captação de água para fins industriais e para a irrigação.
O racionamento de água para a população só é feito em situações extremamente críticas, como aconteceu em 2016, quando o Espírito Santo passou pela pior estiagem em 80 anos.
Naquele ano, também no fim de setembro, a crise hídrica causou problema no abastecimento e levou a medidas mais drásticas. Foi a primeira vez, na história do Estado, que a capital passou por racionamento de água. O sistema foi adotado em toda a Grande Vitória.
Em nota, a Cesan informou que, neste momento, “não há risco de desabastecimento para a população”. A AGERH, no entanto, fez um alerta. “É sempre importante lembrar que a população deve adotar práticas racionais de uso da água”.
SAIBA MAIS
Primavera
- A estação, que começa nesta quarta-feira (22) no Brasil, é marcada pelo retorno da chuva regular e aumento do calor.
- Em anos normais, no decorrer da primavera, as pancadas de chuva à tarde e à noite vão ocorrendo mais espontaneamente no Sudeste por causa do aumento do calor e da umidade no ar.
- Além disso, a passagem de frentes frias também incentiva a formação de áreas de chuva.
Chuva abaixo da média
- Contrariando o histórico da primavera, o volume de chuva vai ficar abaixo da média histórica no Espírito Santo.
- O Estado será o único da Região Sudeste com essa característica de seca prolongada.
Outubro
- Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo: aumento das chuvas (representado pela cor azul).
- Espírito Santo: chuvas abaixo da média histórica e temperatura acima da média (representado pela ausência da cor azul).
Novembro
- Espírito Santo e Centro-Leste de Minas Gerais: chuva abaixo da média histórica (ausência de cor azul e aumento das cores laranja e amarela) e temperatura dentro da média prevista.
Fonte: Climatempo e pesquisa A Tribuna.
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