Espuma volta a aparecer em praias da Serra

O problema, que já ocorreu outras vezes, tem sido recorrente e já motivou passeatas em protesto, organizada pelos próprios frequentadores da região litorânea. Segundo moradores, a situação está assim há mais de seis meses.
A aposentada Edmara Lúcia Dias, de 68 anos, moradora de Manguinhos, contou que o odor está ainda mais forte. “Um cheiro insuportável de produtos químicos. Ficamos totalmente indignados com a situação. E nesta sexta-feira tem mais uma agravante: um cano da Cesan se rompeu em cima do rio Guaxindiba”, relatou.

“Já fizemos diversas reclamações no site da Ouvidoria da Serra. A resposta que o órgão responsável nos dá é que a prefeitura tinha um projeto-piloto para tirar a poluição do córrego Maringá e do rio Guaxindiba, e chegaram a chamar moradores de Manguinhos para participar desse projeto, mas, até agora, nada foi realizado. Se eles dissera que já identificaram porque não resolvem o problema?”, disse.
Segundo a Secretaria de Meio Ambiente da Serra (SEMMA), o problema ocorre devido à poluição por resíduos industriais no local.
A SEMMA informou que a fiscalização ambiental foi ao local e constatou o lançamento indevido do resíduo. O órgão disse que irá identificar a origem do material, para notificar e multar a empresa responsável.
“Equipes da Secretaria de Meio Ambiente monitoram o local e constataram que o lançamento foi interrompido”, completou o órgão.
Em nota, a Cesan informou que uma rede da Companhia foi atingida por uma obra de terceiros alterando a coloração de uma pequena quantidade de água que já estava dentro da rede e chegou a algumas casas de Manguinhos e Bicanga.
"O reparo foi feito pelo responsável da obra, e a rede foi limpa pela Cesan. O abastecimento está normalizado. Para solicitar vistoria técnica e análise da água é só ligar para o telefone 115, a chamada é gratuita", informou.
De acordo com o biólogo Daniel Gosser Motta, a espuma é resultado da decomposição de um grande número de microalgas, processo que se intensifica em dias quentes, e ao movimento da água do rio.
“O despejo de esgoto industrial aumentou o nível de nutrientes (nitrogênio e fósforo) e de matéria orgânica na água, o que facilitou a maior proliferação de microalgas”, explicou o especialista.
Motta disse que esse processo, chamado de eutrofização, pode ocorrer de forma artificial, como foi no rio Guaxindiba, ou natural.
Com a eutrofização, há a diminuição do oxigênio no rio. Para o meio ambiente, uma possível consequência é a mortandade de peixes e crustáceos.
Para os humanos, que têm contato com a água ou a ingerem, há riscos de sentirem vômitos, diarreias, dores abdominais e até de desenvolverem meningite e hepatite A, segundo o biólogo.
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