Dona Zulmira completa 111 anos e ganha parabéns da varanda de casa
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Dona Zulmira Ferreira da Silva é daquelas avós que vemos nos livros: uma mulher guerreira, apaixonada pela família, pela casa, que gosta de uma boa comida, de se arrumar, que não rejeita uma boa proza e se dedicou às atividades religiosas. A diferença é que ela, nesta quarta-feira (22), completa 111 anos.
Moradora da cidade de Alegre, no Centro, Zulmira nasceu em Recreio, Minas Gerais, onde passou parte de sua infância. Ela é filha de uma índia, Rita Isidoro, e de José Ferreira da Silva. Veio para Alegre em 1919, aos 10 anos, e aos 18 anos casou-se com José Hipólito Valory na Igreja Matriz Nossa Senhora da Penha.

A vida foi construída cuidando da família e se desdobrando em meio a costuras e roupas que pegava para lavar. Ao longo desses 111 anos, construiu uma grande família grande, formada por nove filhos, 43 netos, 43 bisnetos e mais de 10 tataranetos.
Há cerca de oito anos vive com uma filha e uma neta, Luciana Valory Gama, 41 anos, que se orgulha em dizer: “Temos muita sorte na vida de ter minha avó tão lúcida e com saúde até hoje”.
Luciana revelou que dona Zulmira sempre gostou muito de viajar e faz inveja em muita gente ao garantir que nunca sentiu dor de cabeça.
“É fora do comum. Ela diz que nunca teve dor de cabeça e não tem problema de saúde, só toma um remédio para pressão, mas nem sofre disso. Vovó se alimenta muito bem e come o que você oferecer, mas ama mesmo é churrasco”, contou.
A neta destacou que só nos últimos meses a matriarca da família começou a apresentar alguns sinais de cansaço nas pernas, um pouco de esquecimento e dificuldade de audição.
“Mas ela não fica doente, não nos dá trabalho, é lúcida, disposta. Vovó sempre foi cheia de energia, a vida toda, e é assim até hoje. Ela vivia atarefada e ia duas vezes por dia na igreja, para ajudar nas atividades, nas visitas e participar das celebrações. A energia dela é invejável”, disse Luciana.
Sem festa por causa da pandemia
A comemoração pelos 111 anos não teve os requisitos que merecia. Por conta da pandemia do novo coronavírus, e do isolamento social imposto, nada de festa, abraços e beijos.
Mas alguns bisnetos e vizinhos apareceram na rua para cantar parabéns e dona Zulmira ficou na varanda, sorridente e acompanhando toda a celebração.
“Sempre juntamos a família para comemorar. Ela merece, mas este ano está diferente de tudo. Já explicamos sobre o coronavírus e que não podemos ter contato físico com as pessoas. Vovó respondeu: ‘essas coisas são assim mesmo’. Acho que não tem noção do que estamos vivendo, mas ela está bem e isso é o que nos faz felizes”, declarou Luciana.
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