Desordem no rotativo em Laranjeiras
Ambulantes ocupam vagas para vender seus produtos, provocando reclamações. Mas eles alegam que pagam pela utilização
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Quem circula de carro pela Avenida Central, em Laranjeiras, na Serra, convive com a dificuldade em estacionar os seus veículos.
Contudo, as vagas acabaram se tornando também um dilema para os comerciantes do bairro. Tanto quem vende quanto quem dirige reclama da ocupação de ambulantes nos estacionamentos rotativos.
Comerciantes reclamam que a presença deles prejudica a visibilidade do mostruário de suas lojas, enquanto motoristas buscam estacionar fora da Avenida Central para evitar dificuldades.
Moradora e comerciante em Laranjeiras, Maria Severina de Figueiredo, de 49 anos, acredita que quem atua na Avenida Central lida com a poluição visual causada pela quantidade de camelôs no local e perde clientes por conta da ausência de vagas para estacionar.
“Os motoristas não acham vagas com facilidade para deixarem os seus veículos e acaba que, às vezes, desistem de comprar por não encontrarem um local para parar”.
A professora Juliana Melo Rodrigues, de 44 anos, afirma que não estaciona mais na Avenida Central.
“Eu já conheço os lugares mais próximos que eu sempre sei que tem vaga. Então, eu nunca tento estacionar na Avenida Central. Eu acho que precisa de uma reorganização, talvez de um replanejamento urbano”.
Já os ambulantes defendem que pagam o rotativo diariamente para ter o seu direito de trabalhar garantido na região.
O presidente da Associação de Camelôs da Serra, Isley Gonçalves Barbosa, afirma que hoje 50 vendedores ambulantes estão cadastrados para vender na Avenida Central mediante pagamento do rotativo, aguardando regulamentação da prefeitura. Além disso, outras duas propostas estão sob análise.
“O primeiro estudo seria o calçadão, com barraquinhas padronizadas ao longo da avenida, e o segundo seria um mercado amplo abrangendo todos os camelôs. Há alguns anos, de duas a três vezes por mês perdíamos nossas mercadorias”.
Reclamações
Falta visibilidade
A vendedora Elaine Pereira Rocha, de 31 anos, afirma que consegue vender mais nos dias que ambulantes não aparecem em frente da loja onde trabalha.
“Meu patrão reclamou que quando estão parados em frente, atrapalham a visibilidade do que estamos vendendo. Quando não estão aqui, geralmente dá uma visão bem mais ampla da loja para os clientes, que acabam entrando”, afirma.
Pagando para atuar
O vendedor ambulante Carlos Henrique Moreira Lacerda, de 32 anos, trabalha há três anos na Avenida Central e afirma que paga o rotativo, tanto para o carro quanto para o trailer atuar na região.
“Geralmente dá R$ 12 por dia. Eu estaria atrapalhando se eu não estivesse pagando pela vaga, pois isso aqui é uma forma honesta de trabalhar e hoje está muito difícil de levar o sustento para casa”, afirma.
O outro lado
Prefeitura avalia
A Prefeitura da Serra afirma que apesar das dificuldades que as pessoas enfrentam diariamente para circular pela Avenida Central, tem avaliado a questão dos ambulantes.
“Muitos ambulantes que ali estão são pais e mães de famílias que perderam seus empregos no período de pandemia e não estão conseguindo ingressar novamente no mercado de trabalho”.
Por meio de nota, o município informou também que realiza o controle para inibir o surgimento de novos comércios, notificando e dando oportunidades em outra região, com disponibilidade e viabilidade do local.
“Existe uma intensa fiscalização com muita orientação e com entendimento de ambas as partes. A fim de solucionar o problema, a prefeitura está elaborando o projeto de um espaço destinado à atuação desses comerciantes”, completa.
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