Conselho Federal de Medicina discute novas regras para bariátrica
As novas diretrizes indicam o procedimento a paciente com IMC a partir de 35, sem a presença de qualquer doença
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Depois de mais de 30 anos em vigor, a atualização das regras para indicação de cirurgias para perda de peso no País será discutida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).
Duas das principais autoridades do mundo em cirurgia bariátrica e metabólica emitiram, essa semana, novas diretrizes clínicas para a realização dos procedimentos, aumentando o grupo apto a operar.
Hoje, as cirurgias bariátricas podem ser feitas em pacientes com Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 35, desde que tenham outras doenças associadas. Já para pacientes sem outras doenças, é preciso ter ICM acima de 40.
As novas diretrizes, publicadas essa semana pela Federação Internacional para a Cirurgia da Obesidade e Distúrbios Metabólicos e pela Sociedade Americana de Cirurgia Metabólica e Bariátrica, indicam o procedimento a paciente com IMC a partir de 35, sem a presença de qualquer doença.
Já para pacientes com diabetes fora do controle, as Sociedades reforçam a indicação da cirurgia metabólica com IMC maior que 30.
O coordenador do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Oswaldo Cruz, Ricardo Cohen, um dos coautores das novas indicações, disse que as novas diretrizes já estão em discussão pelo CFM e devem entrar em vigor no primeiro trimestre de 2023.
Mas com aval do Conselho, os novos parâmetros ainda precisam ser debatidos, posteriormente, pelo Ministério da Saúde e pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Os órgãos devem avaliar se eles serão incorporados ao SUS e aos planos de saúde.
O cirurgião bariátrico do Grupo Meridional e do Hospital das Clínicas (Hucam) Gustavo Peixoto explicou que as diretrizes atuais, de 1991, foram criadas antes das cirurgias laparoscópicas e robótica.
“Os índices de complicações eram maiores na época. O avanço das tecnologias tornou a cirurgia mais segura. Além disso, foram considerados estudos de longevidade de pacientes com bariátrica”.
Ele frisou ainda que há muito a ser discutido para incorporação ao SUS e aos planos. “Na rede pública ainda não conseguimos operar superobesos que precisam. Na saúde suplementar é preciso também avaliar impactos para o custo.”
Vida nova e menos 37 quilos após cirurgia
Depois de chegar a 105 quilos, já com falta de ar para realizar atividades do dia a dia, a administradora e instrumentadora cirúrgica Kamila Gasparini, 37 anos, tomou uma decisão que mudou sua vida: fazer uma cirurgia bariátrica.
Cinco anos depois e com 38 quilos a menos, hoje Kamila pratica atividades físicas e não descuida da saúde.

“Foi a melhor decisão que já tomeu. Eu fazia uso de remédio para controlar a pressão, estava pré-diabética e com gordura no fígado. Depois de várias tentativas de perder peso, sem sucesso, decidi operar. Hoje a saúde melhorou muito, além da autoestima”.
Para o próximo ano, ela ainda tem um sonho a realizar: desfilar em uma escola de samba no Carnaval.
ENTENDA
Mudanças
A Federação Internacional para a Cirurgia da Obesidade e Distúrbios Metabólicos, órgão máximo mundial, e a Sociedade Americana de Cirurgia Metabólica e Bariátrica punblicaram na última quinta-feira novas recomendações para o tratamento da obesidade e das doenças a ela associadas.
Entre as novas diretrizes estão novos parâmetros para indicação de cirurgias bariátricas e metabólicas, aplicando o número de pacientes aptos a realizar os procedimentos.
Eles levam em consideração novos valores de Índice de Massa Corporal (IMC).
Quando muda
Apesar das novas diretrizes das sociedades internacionais, as regras precisam ser debatidas e aprovadas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), que regulamenta a profissão. A expectativa é que isso aconteça até março de 2023.
Rede pública e planos
Para adoção de novos parâmetros na rede pública e pelos planos de saúde, o caminho ainda deve ser maior.
Apenas um aval do CFM não significa que os pacientes poderão realizar os procedimentos pelo SUS e pelos planos segundo as novas regras, pois ainda dependerá de serem incorporados às redes pelo Ministério da Saúde e pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Fonte: Hospital Alemão Oswaldo Cruz e pesquisa A Tribuna.
Cálculo do IMC
PESO | ALTURA - Divida o peso pelo valor da altura ao quadrado (altura vezes a altura).
Como é hoje
Desde 1991, as cirurgias bariátricas eram indicadas em pacientes com IMCs a partir de 35, desde que com alguma enfermidade associada.
Para quem não tinha outras doenças, o índice devia ser superior a 40.
Novas diretrizes
Entre as mudanças está a indicação das cirurgias bariátricas em pacientes com IMC a partir de 35, sem a presença de doença associada.
Para pacientes com obesidade grau 1 ( IMC maior que 30) e com diabetes fora do controle apesar de tratamento clínico, as Sociedades indicam cirurgia metabólica.
Para quem tem IMC acima de 30, há recomendação também para pacientes com comorbidades, como hipertensão, doença renal crônica, insuficiência cardíaca, e outras.
Também fica indicada cirurgia a partir de IMC 30 em pacientes que tenham indicação de outras cirurgias, onde a perda de peso diminui a chance de complicações.
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