Como controlar os sentimentos com os ataques nas redes sociais
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As redes sociais surgiram para aproximar as pessoas promovendo a interação por meio de um simples clique, mas nem todas as interações na internet são positivas. As mídias sociais e plataformas digitais também abrem espaço para o Cyberbullying, a prática da intimidação, humilhação e perseguição em ambientes virtuais.

Essa prática pode levar ao desenvolvimento de diversos problemas emocionais às vítimas, como aconteceu no caso do adolescente Lucas Santos, de 16 anos, filho da cantora Walkyria Santos. O menino tirou a própria vida nesta terça feira (03) após sofrer ataques e comentários homofóbicos na Internet por publicar um vídeo em uma plataforma digital.
Especialistas comentam que o bullying cibernético pode afetar pessoas de qualquer idade e causar impactos profundos na saúde mental das vítimas.
Depressão, ansiedade e até distúrbios alimentares podem ser desencadeados a partir de comentários negativos e críticas na internet.
"O agressor é uma pessoa frágil"
O médico psiquiatra Valber Dias Pinto comenta que o perfil do agressor é de uma pessoa frágil emocionalmente que precisa agredir as pessoas para se sentir melhor e se apoia no anonimato para cometer agressões.
"As pessoas que cometem esse tipo de agressão geralmente têm uma fragilidade emocional muito grande e por conta disso cometem esses atos. São pessoas com baixa auto estima que precisam agredir os outros para se sentir melhor consigo mesmo e se escondem sob o véu da internet para cometer atos como esses", comentou.
O psiquiatra comenta que é necessário supervisionar o uso de internet, principalmente para crianças e adolescentes.

"A internet, assim como o mundo, tem coisas boas e coisas ruins. As crianças precisam de supervisão na internet do mesmo jeito que é na vida real. É preciso os pais estarem presentes e acompanharem enquanto os filhos navegam na internet", ponderou.
Valber, que é pai de uma menina de 9 anos, comenta que adotou medidas para estar mais próximo enquanto a filha navega na internet.
"Durante a pandemia, eu coloquei o computador da minha filha na sala para acompanhar de perto o que ela está fazendo na internet. É importante se interessar pelo que nossos filhos fazem e perguntar mais sobre a rotina deles na internet", comentou.
Para o psiquiatra, é necessário definir limites para o uso de internet e reservar um momento longe das telas.
Não temos como evitar que as crianças tenham contato com certas coisas na internet, afinal elas nasceram em uma geração muito conectada. Mas é preciso definir limites e supervisionar", comentou.
Diálogo aberto e participação
A psicóloga Camila Carvalho também comenta que é necessário que os pais mantenham um diálogo aberto e acompanhem mais de perto o que os filhos fazem na internet.
"É importante que os pais tenham um diálogo aberto com os filhos e procurem acompanhar o que acontece nas redes sociais e mídias das crianças e adolescentes. Quando estão mais próximos, é possível identificar mudanças de hábitos e comportamentos que possam afeta-los", explicou a psicóloga.
Ela comenta ainda que as redes sociais têm pontos positivos, mas também há o lado negativo. Segundo Camila, o imediatismo e a busca pela aprovação de outras pessoas podem afetar a saúde mental, ainda mais quando se trata de crianças e adolescente.
"Ao perceber mudanças no comportamento, é importante buscar uma proximidade maior e entender o que de fato está acontecendo sem julgar. Muitos pais tendem a menosprezar e não validar o que os filhos estão sentindo. Dar voz a eles mostra que o que eles estão passando tem importância. Sendo necessário, buscar a orientação de um profissional é muito importante", ponderou.
Para a psicóloga, a internet é um mundo de recortes que não transmitem a realidade como um todo e que críticas têm impacto amplificado.
"O impacto de um comentário negativo nas redes sociais é amplificado, porque não é apenas uma crítica, são várias. Um comportamento pode levar as pessoas a serem 'canceladas' por muito tempo. Isso traz consequências muito negativas à saúde mental de pessoas que não têm a maturidade necessária para saber lidar com tudo isso", completou.
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