Cadê o transporte seletivo? Passageiros pedem a volta deste serviço
Passageiros cobram o retorno de coletivos que, segundo eles, faziam viagens mais rápidas por não pararem em terminais
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Usados por quem precisava chegar em casa mais rápido, ou simplesmente por serem mais confortáveis que os ônibus convencionais, os seletivos do Sistema Transcol estão fazendo muita falta na vida dos passageiros.
Mesmo com o retorno de toda a frota do sistema, desde outubro de 2020, esses ônibus não aparecem mais nas ruas e a pergunta de muitos usuários é: onde estão os seletivos do Transcol?
Ao todo, circulavam pelas ruas da Grande Vitória 16 linhas. Embora tivessem uma passagem mais cara do que a dos ônibus tradicionais, muitos usuários preferem esses coletivos, principalmente, pela comodidade que eles apresentavam, como cadeiras que inclinam, ar-condicionado e cortinas.
Um outro fator que era decisivo no momento de escolher entre um veículo convencional e o seletivo era que esses ônibus não paravam em terminais rodoviários, o que tornava a viagem mais rápida, principalmente de quem mora longe do local de trabalho.

“Ele me ajudava muito. Eu moro na Serra e o seletivo era o único ônibus que vinha direto para Vitória, onde trabalho. Hoje, sem ele, eu preciso passar por três terminais para chegar ao trabalho, e na volta para casa, a mesma coisa. Onde eles estão?”, questionou a subgerente Natália da Silva de Oliveira, de 28 anos.
Natália acredita que a volta dos seletivos ajudaria muitas pessoas que moram longe. Ela, que já chegou a gastar duas horas para ir de Vitória até a Serra, diz que, diariamente, ouve nos pontos de ônibus reclamações de usuários que pedem a volta dos seletivos.
“Todo dia tem gente reclamando que os ônibus eram um adianto para quem mora longe do trabalho. Eu já gastei duas horas para chegar à Serra, enquanto que, com o seletivo, eu gastava 45 minutos”, relatou.
O presidente do Sindicato dos Rodoviários (Sindirodoviários), Marcos Alexandre da Silva, frisou a importância da volta desses coletivos. “Para o passageiro, seria uma maravilha, principalmente pelo fato de esses ônibus não passarem nos terminais. Mas na vida da nossa classe, não implicaria em nada”.
Em nota, a Companhia Estadual de Transportes Coletivos de Passageiros do Estado (Ceturb) disse que não há previsão para retorno do serviço dos seletivos e que “a prioridade é melhorar a qualidade do serviço do Sistema Transcol”.
Passageiros reclamam de falta de linhas e fazem protesto
O atraso no horário dos ônibus que passam pelo bairro Padre Gabriel, em Cariacica, está deixando os moradores da região revoltados. A espera pelos coletivos, que já chegam lotados nos pontos, é tão grande que muitos passageiros relatam sufoco para conseguir entrar nos veículos.
O atraso dos coletivos está prejudicando até quem precisa do emprego para sustentar os seus filhos. É o caso da cuidadora de idosos Karina Martins, de 27 anos. Ela perdeu uma oportunidade de trabalho por chegar atrasada no local combinado.
“Precisava chegar cedo, mas não consegui porque o ônibus demorou muito. Perdi a oportunidade. Sou mãe de duas filhas e dependo do meu trabalho para sustentar minhas meninas”, disse.
O presidente da Associação de Moradores do Bairro Padre Gabriel, Zenildo Sena da Silva, explicou que a região ganhou dois condomínios novos, onde moram cerca de duas mil pessoas e, por isso, tem mais demanda de passageiros. Além disso, ele citou que a Ceturb retirou o ponto final do bairro, o que dificultou o controle de horário feito pelos moradores.
“Já fizemos abaixo-assinado, reclamamos, e nada. Os intervalos dos ônibus são de 40 minutos em dias de semana e de uma hora nos fins de semana. Muitos dizem que estão chegando atrasados em compromissos de trabalho e estudos por conta disso”, apontou.
Em nota, a Ceturb disse que as linhas 716 e 756, que atendem ao bairro, foram transformadas em Circular (sem ponto final) e que o intervalo entre viagens é determinado em função da demanda de passageiros. O órgão analisa a possibilidade de uma reunião com a comunidade.
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