Cabeleireiros consertam “estragos” da pandemia
Escute essa reportagem

Com a pandemia de Covid-19, muitas mulheres e homens que estão ficando mais tempo em casa, devido ao isolamento social, estão se arriscando em realizar os próprios cuidados com a beleza, como corte, alisamento e pintura de cabelo. Como o resultado nem sempre agrada, boa parte dessas pessoas acaba recorrendo aos salões de beleza.
“Cerca de 90% das pessoas que atendo já danificaram os seus cabelos com procedimentos feitos em casa. Algumas pintaram e não gostaram. Outras alisaram e o cabelo caiu. Mas o que mais atendo são as que cortaram e se arrependeram”, relata o cabeleireiro Antony Oliver.
A estudante Thalia Scar, de 19 anos, foi uma dessas clientes. A jovem tentou fazer uma franja, em maio deste ano, e não gostou do resultado. Segundo ela, a ansiedade causada pela pandemia foi o que a motivou a cortar o cabelo.
“Estava sem fazer as atividades que tinha antes da pandemia. Fiquei ansiosa e inventei de cortar a franja. Só que ficou horrível. Estava feio. Eu não queria nem sair às ruas. Eu me arrependi e procurei o Antony”, relatou.
Especialista em perucas, o cabeleireiro Dirceu Paigel também recebeu clientes insatisfeitas com o resultado de cortes, colorações e alisamentos feitos em casa.
Ele ressaltou que, em alguns casos, o problema leva a um desgaste emocional e, até mesmo, a possíveis doenças.
“Realizar esses procedimentos em casa pode até parecer algo simples, mas tive caso de uma cliente, por exemplo, que entrou em depressão após cortar o seu próprio cabelo e não gostar do resultado. Por isso, é importante procurar um profissional, pois ele irá saber a técnica ideal a ser usada, se o corte vai ou não combinar com cliente etc.”, destacou.
O salão onde a cabeleireira Adriana Dias trabalha já recebeu mulheres e também homens em busca de profissionais para consertar os estragos capilares.
“Às vezes, as esposas pintam o cabelo dos maridos e, por não saberem as técnicas de pintura, por exemplo, ou o tempo necessário de deixar o produto, acabam fazendo um estrago no cabelo. Eles ficam desesperados e vão ao salão pedir ajuda”, contou Adriana.
Fios ficam amarelos

A servidora pública de Guarapari Nara Maiole, 32 anos, decidiu aplicar química no cabelo em casa. Como estava evitando sair, devido à pandemia do novo coronavírus, Nara pediu ajuda de uma amiga para mudar o visual.
“Eu resolvi mudar um pouco, para melhorar a autoestima. A intenção era fazer um ombré hair (método de clareamento dos cabelos), mas não deu certo”, conta ela.
O problema é que as mechas não ficaram com o efeito degradê natural que ela esperava e o resultado foi um cabelo amarelo (veja foto em destaque). Nara pediu socorro à cabelereira Thielli Boni. Com 20 anos de profissão, Thielli disse que o procedimento não deu certo porque faltou o uso de técnicas apropriadas.
“Faltou técnica. Erros acontecem, claro. Mas, neste caso, não souberam fazer”, explicou.
Homens deixam cabelo crescer e voltam a estilo dos anos 1990
O famoso ditado “tudo que vai, volta” nunca fez tanto sentido no mundo da beleza. Isso porque o cabelo longo, desgrenhado e despojado, conhecido como “grunge”, famoso na década de 1990, está de volta com tudo.
Na barbearia onde Juari Santos trabalha, a procura por esse por esse estilo de cabelo vem crescendo, principalmente, durante o período de pandemia.
Segundo ele, boa parte dos homens que têm ficado mais tempo dentro de casa, está optando por deixar os cabelos crescerem.
“Eles chegam e falam que não estavam querendo sair por conta da quarentena e que optaram por deixar o cabelo crescer. Acabam gostando do estilo. As esposas também gostam e, daí, eles (homens) vão até a barbearia só para fazer alinhamento e hidratar”, contou o barbeiro.
O cabeleireiro Antony Oliver, que também tem atendido a esse tipo de demanda, explica que a moda não se restringiu apenas ao público antigo, como surfistas e roqueiros. “Está vindo um público bem diversificado”, comentou Antony.
Procedimentos mais arriscados
1 - Alisamentos
- Muitos produtos possuem altas doses de elementos químicos que, em contato com produtos já presentes nos fios, podem causar até a queda deles.
- Para isso, os especialistas orientam realizar testes de mechas, antes de usar qualquer produto no cabelo, até mesmo para evitar problemas graves de saúde, como alergias.
2 - Colorações
- As colorações aplicadas em cabelos que já possuem algum tipo de química, como os alisamentos, podem ocasionar o corte químico (queda do cabelo).
- Além disso, a reação entre os componentes pode gerar o famoso “chumbamento” (quando a cor desejada não é alcançada e os fios ficam brancos, roxos ou, até mesmo, laranja).
3 - Descoloração
- Uma descoloração amadora, onde a pessoa não utiliza o produto adequado e não sabe o tempo certo da retirada do produto, pode fazer com que os fios fiquem elásticos e, consequentemente, pode levar à queda deles, além de provocar queimaduras no couro cabeludo.
4 - Cortes
- Tanto para as franjas quanto para o corte repicado, é necessário muita técnica, evitando, assim, desalinhamento dos fios.
Comentários