Banca do Alemão: 60 anos de parceria com o jornal A Tribuna
José Luiz Torezani, que começou vendendo jornal na rua até virar dono de banca, conta que tem clientes fiéis e se diverte no trabalho
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A venda de jornais e revistas garantiu muitas conquistas a José Luiz Torezani, 66, durante o tempo que trabalhou na Banca do Alemão, no centro de Vila Velha, que completa seis décadas de história este ano. Apesar de não ter o ensino superior completo, ele se sente vitorioso por ter pago a faculdade de suas duas filhas.
“Não consegui passar no vestibular porque trabalhava demais e não tinha tempo de estudar. Nesses 53 anos, a banca foi o sustento da minha vida e consegui formar duas filhas: a Juliany, que é médica pediatra, e a Lorena, que completa o curso de Nutrição agora no fim do ano”, afirma Torezani, o “Alemão”.
Nessas mais de cinco décadas, ele atuou vendendo jornal na rua, depois foi funcionário dentro do estabelecimento até que assumiu a frente do negócio há 35 anos. O antigo dono era o advogado, já falecido, Deumir Da Rós.
“Primeiramente arrendei a banca e depois, quando comprei, já botei o meu apelido como nome. Digo que caí de paraquedas porque só fiquei, abracei o negócio”, lembra o capixaba natural de Santa Teresa.
Durante três décadas, Torezani chegou a ter um funcionário para ajudá-lo no serviço. Quando o colaborador deixou o cargo, ele convidou sua mulher, Marli, 62, para auxiliá-lo. “Nós somos muito parceiros. Nunca atrapalhou o fato de trabalharmos juntos. Pelo contrario, só fortaleceu nossa relação”.
Aposentado, Alemão não pensa em parar com o trabalho feito na banca. Através do negócio, ele conquistou clientes fiéis. Muitos, inclusive, se tornaram grandes amigos.
“Se você para, se torna inútil. Então, prefiro ficar aqui trabalhando, me divertindo. Minha vida é isso aqui. É um trabalho que compensa. Tenho um público muito fiel, de gente que vi crescer e hoje traz os filhos e netos. Então, vejo a Banca do Alemão durando muitos anos ainda. Enquanto eu estiver vivo, ela vai existir”.
O jornaleiro também não acredita no fim de muitos jornais impressos, o que inclui A Tribuna. “Nos Estados Unidos há vários jornais que ainda são fortes e que estão longe de acabar. A Tribuna é uma grande parceira e sobrevive porque traz informações de qualidade”, salienta.
“O jornal continuar vivo tem um peso”

A Tribuna - De onde surgiu o apelido?
José Luiz Torezani - Sou descendente de italiano, branco. Era 'Alemão pra cá, Alemão pra lá', então decidi adotar o apelido como nome da banca. Antigamente, banca nenhuma tinha nome. Eu fui um dos pioneiros.
Quais foram os melhores momentos nesses mais de 50 anos de banca?
Foi quando implantaram o Plano Real, em 1994. A venda de jornal e revista aumentou muito na época, o que foi bom para mim.
E têm as figurinhas da Copa do Mundo, que geram uma renda extra a cada quatro anos. Aumenta a minha interação com crianças, elas trocam figurinhas aqui, os pais vêm com filhos, netos... É bem bacana.
O jornal A Tribuna tem uma importância na história da Banca do Alemão?
O fato do jornal continuar vivo, rodando, tem um peso pra gente. É o único veículo que continua trazendo notícia para o leitor que gosta do jornal físico. E esse tipo de público ainda existe.
Qual a importância do jornal impresso na formação do cidadão?
O jornal te possibilita acessar mais assuntos, que vão além do que é de seu interesse. Além disso, existem profissionais que selecionam os temas mais importantes.
A turma jovem hoje só quer saber da notícia da internet e nem todas as informações que estão lá são verdadeiras. Tem que saber filtrar. No jornal impresso, você sabe que aquilo é verdade.
Quais foram as matérias mais impactantes?
O caso Araceli, por exemplo, repercutiu muito. A história do assaltante Edmilson Cândido do Rosário também rendeu muitas capas e vendas.
Acompanhou várias mudanças do jornal A Tribuna como produto. Qual foi a mais marcante?
Quando ficou colorido e quando virou tabloide. Foram mudanças muito positivas, porque o tabloide é mais fácil de manusear.
É leitor de A Tribuna?
Leio todos os dias. Minha parte preferida é a de esportes. Torço pelo Flamengo.
Defende a leitura em produto físico, principalmente para crianças?
Sim. Inclusive, fico alegre quando chega uma mãe perguntando se temos revista em quadrinhos. Isso é preciso porque, se alguém não fizer isso, a criança não vem comprar.
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