Atrasos de ônibus deixam os passageiros na mão
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Quem depende do transporte público e por aplicativo na Grande Vitória tem tido dor de cabeça nas últimas semanas.
Com o atraso mais frequente dos ônibus e a dificuldade em pedir um carro de aplicativo, passageiros estão reclamando dos serviços. Mas, afinal, o que está por trás de tanta demora e dificuldade?
Para quem utiliza os ônibus, o atraso e a consequente superlotação ocorrem nas linhas do Transcol. Um exemplo é a linha 515, que liga os terminais de Laranjeiras, na Serra, e Campo Grande, em Cariacica. O porteiro Mário Azevedo passou a esperar 40 minutos a mais pelo ônibus, logo no início do dia, às 5h40.
“Passa atrasado todos os dias na Enseada do Suá, em Vitória. Eu acabo chegando muito tarde em casa, pois moro em Viana”, contou.
O problema também tem acontecido nas linhas que atendem ao município de Vitória. Desde junho, o sistema municipal deixou de existir e todos os ônibus passaram a circular pelo Transcol. Na ocasião, a Companhia Estadual de Transportes Coletivos de Passageiros (Ceturb) garantiu que não haveria redução da frota e nem mudança de itinerário.
Apesar disso, os passageiros alegam que a espera aumentou após a mudança. Usuário da linha 074, que atende aos bairros Tabuazeiro, São Cristóvão e Joana D’arc, o microempresário Bruno Silva diz que os intervalos ficaram mais longos.
“Acredito que o quadro de horários tenha sido alterado, com o número de carros reduzido. Esses bairros foram muito afetados”.
No caso dos aplicativos, como Uber e 99, são duas principais explicações. A primeira é que cerca de dois mil motoristas abandonaram a profissão nos últimos meses por conta da alta no preço da gasolina, de acordo com a Associação dos Motoristas de Aplicativos do Espírito Santo.

Além disso, os condutores que ficaram estão insatisfeitos com o preço das corridas. Com isso, muitos estão recusando aceitar pedidos para locais próximos ou em áreas em que há engarrafamento. Como o valor pago é pela quilometragem rodada, muitos se recusam para não “perder tempo e dinheiro”.
Ceturb diz que não reduziu a frota
Mesmo diante das reclamações, a Companhia Estadual de Transportes Coletivos de Passageiros (Ceturb) garantiu, por nota, que não houve redução da frota de ônibus. Já sobre os atrasos, diz que considera “normal”, por conta dos congestionamentos.
“A operação do Sistema Transcol está sendo realizada com toda a frota disponível, que atualmente é de 1.559 veículos. Antes da ampliação do serviço em Vitória, contabilizava-se 1.428 carros. Além disso, ressalta-se que não houve redução na oferta de veículos e nem alterações de itinerário ou quadro horários recente”, disse.
A companhia também citou a realização de obras na BR-262 para justificar os atrasos.
“Com o acréscimo de veículos nas vias e entre os horários de pico, é normal que algumas linhas atrasem devido ao trânsito intenso. As linhas estão sujeitas às mesmas intervenções, uma vez que há obras na BR-262 e grande fluxo de carros no entorno de Carapina e na avenida Fernando Ferrari. Contudo, a companhia monitora constantemente a operação do sistema para que ajustes sejam feitos”, frisou.
Presidente da Associação de Motoristas de Aplicativo do Estado, Luiz Fernando Muller reconhece que alguns motoristas estão recusando corridas, mas, segundo ele, por questão financeira.
“O combustível teve alta, mas as empresas não reajustam o preço do motorista desde 2016. Eles recusam corridas pequenas porque ganham o valor mínimo da corrida, por volta de R$ 5, menos do que o litro da gasolina. A conta não fecha. A única forma de não ficar no prejuízo é escolhendo a corrida”, afirmou.
A reportagem procurou a Uber, mas não teve retorno até o fechamento desta edição.
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