Após morte de paciente, família acusa hospital em Vila Velha de negar atendimento
Omissão de socorro será investigada pela polícia e pelo Conselho Regional de Enfermagem
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A família de Nilson de Almeida Gogi, de 54 anos, acusa a equipe de enfermagem de um hospital em Vila Velha de não atendê-lo diante de um possível ataque cardíaco, que resultou na sua morte. O caso aconteceu na noite dessa quinta-feira (15), quando o paciente foi levado pela família sentindo fortes dores no peito. As informações são da TV Tribuna/Band.
Nilson já apresentava problemas cardíacos e histórico de internações, inclusive no mesmo hospital. Ele passou mal no início da noite dessa quinta-feira e foi levado até o hospital Evangélico, localizado no bairro Alecrim. Na unidade, porém, enfermeiras disseram que ele estava bem e que não poderia ser atendido.
"A enfermeira colocou um negócio no dedo dele, aferiu a pressão, e simplesmente falou que ele estava bem. Uma pessoa que não estava conseguindo respirar, não estava conseguindo falar. Falei com ela que ele precisava de atendimento, pelo menos que o médico olhasse ele, e ela falou que o médico não poderia olhar, que eu teria que ir com ele até um posto de saúde", contou a sobrinha de Nilson, Mara Rúbia de Almeida.
A sobrinha, juntamente com outro tio, chegou a insistir pelo atendimento, relatando que ele já havia sido internado por 19 dias na UTI daquele mesmo hospital, em novembro do ano passado, e que sofria de problemas cardíacos e depressão. Segundo ela, uma enfermeira falou que não poderia atender por causa de procedimentos do local. "Implorei por ajuda, ela falou que era norma do hospital", disse Mara.
A família então visualizou uma viatura da Guarda Municipal que fazia ronda na região e pediu ajuda para levar Nilson até o PA da Glória. Durante o trajeto, no entanto, a família relata que o paciente acabou morrendo. No Pronto Atendimento, ele chegou a ser levado para uma tentativa de reanimação, sem sucesso.
A equipe da Guarda, então, retornou ao primeiro hospital para questionar a recusa de atendimento ao paciente. No local, as enfermeiras novamente alegaram que estavam seguindo normas e procedimentos do hospital. "Infelizmente Seu Nilson não resistiu devido à demora, à falta de compromisso, à falta de humanidade por parte do hospital", afirmou Inspetor Salomão, que participou da ocorrência.
VOZ DE PRISÃO
Diante do fato, os agentes da Guarda deram voz de prisão a duas enfermeiras, de 22 e 36 anos, que foram levadas à Delegacia Regional de Vila Velha para prestar depoimento.
Inspetor Salomão contou que a guarnição chegou a pedir para que Nilson fosse atendido. "Foi negado atendimento a ele, foi negado apoio a ele. A guarnição chegou, mais uma vez conversou com as enfermeiras, foi negado. Uma das enfermeiras ainda informou que ali não era SUS", relatou.
"Olharam para o meu tio como se meu tio fosse um nada", declarou Mara. Nilson morava no bairro Ilha dos Aires, em Vila Velha e era muito conhecido na região, sendo ritmista da MUG e atendendo pelo apelido de "Mocreia".
INVESTIGAÇÃO
A reportagem entrou em contato com o hospital. Por meio de nota, o Evangélico afirmou que "o caso está sendo apurado, lamenta profundamente o desfecho e manifesta solidariedade à família".
O Conselho Regional de Enfermagem do Espírito Santo (Coren) também foi procurado e respondeu que irá apurar os fatos devidamente. "Caso sejam comprovadas irregularidades na assistência, será instaurado, por ofício, o procedimento administrativo competente para apuração das responsabilidades", disse também em nota.
A Polícia Civil informou que as duas enfermeiras, de 22 e 36 anos, assinaram um termo circunstanciado por omissão de socorro, e foram liberadas após assumirem o compromisso de comparecer em juízo.
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