Ambientalistas querem que navio abandonado vire recife artificial
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Um recife artificial de 78,7 metros de comprimento, para benefício da vida marinha e promoção do turismo no Estado. Afundar o navio Iron Trader, abandonado desde 2015 no Porto de Vitória, é a proposta de ambientalistas do Estado.
A embarcação foi leiloada por R$ 400 mil e deve virar sucata, caso não haja atuação do governo do Estado ou de empresas privadas.
Segundo ambientalistas, além de servir de atrativo turístico para mergulhadores profissionais, o recife pode ser benéfico ao meio ambiente, atraindo variadas espécies.
“O naufrágio teria de ser até 50 metros de profundidade, onde pode haver formação de espécies de peixes, crustáceos, moluscos. Tudo o que você pode pensar iria se formar vida na carcaça do navio, como algas e corais”, explica o ambientalista e especialista em animais marinhos Lupércio Barbosa, também diretor do Instituto Orca.
Lupércio diz que gostaria de ver o Iron Trader ser doado para alguma universidade ou instituição para pesquisa marítima.
O mestre em Biologia Vegetal André Moreira de Assis alerta que é importante que haja todos os cuidados para não ocorrer contaminação na hora de afundar o navio, como a retirada de óleo.
“Com esse recife, é possível a formação de um novo ecossistema e todo o desenvolvimento de uma cadeia alimentar”, observa.
Guarapari tem, há 18 anos, o maior recife artificial da América Latina, o Victory 8B. O oceanógrafo Luiz Fernando Schettino, professor da Ufes, foi secretário de Estado do Meio Ambiente e participou do processo para essa destinação da embarcação, na ocasião.
“Sou favorável aos recifes artificiais. Tem o benefício do turismo e a vantagem de ampliar a biodiversidade se for feito em local com biodiversidade baixa”.
O governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Turismo (Setur), revelou que tinha interesse em transformar o navio em um recife artificial, mas que o projeto não foi adiante.
“Existia, sim, a intenção de tornar a embarcação Iron Trader um recife natural. Porém, questões judiciais entre a iniciativa privada e a Codesa (Companhia Docas do Espírito Santo) inviabilizaram esta tentativa. Caso contrário o Estado estudaria uma proposta de aproveitamento da embarcação para atividades turística”, informou a Setur, em nota.
SAIBA MAIS Navio Iron Trader
Embarcação veio da costa leste da África
- 1981 foi o ano de fabricação do navio Iron Trader. Ele está atracado no berço 902 do Terminal de Granel Líquido (TGL), em São Torquato, Vila Velha.
- O navio ancorou na barra do Porto de Vitória no dia 30 de novembro de 2014, vindo da costa leste da África.
- Autoridades marítimas, portuária, aduaneira e a Polícia Federal identificaram que a embarcação estava desassistida de representação no porto e do próprio armador, e não recebia óleo combustível, água potável, assistência médica e alimentação para os nove tripulantes, que também estavam sem receber salários.
- 239.430 toneladas pesava a carga com equipamentos e materiais industriais elétricos.
Leilão
- Em maio de 2015, a Justiça do Trabalho nomeou a Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa) como fiel depositária da embarcação, até que a questão trabalhista fosse resolvida entre a tripulação, o armador do navio e o agente.
- O Governo tinha intenção de fazer do Iron Trader um recife artificial para atrair turistas.
- Entretanto, “questões judiciais entre a iniciativa privada e a Codesa inviabilizaram esta tentativa”, segundo a Secretaria de Estado de Turismo.
- O navio, então, foi a leilão no último dia 19 e foi arrematado, por uma empresa da Serra, por R$ 400 mil. A empresa foi procurada pela reportagem, mas não foi localizada.
Fontes: Codesa, Secretaria de Estado de Turismo e pesquisa AT.
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