Altas temperaturas e matéria orgânica acumulada podem ser causa de morte de peixes em lagoa na Serra
Escute essa reportagem

O meio ambiente pode sentir hoje e ao longo de décadas os efeitos da degradação e da não adoção de medidas - ou de sua indisponibilidade ou inviabilidade no passado, do ponto de vista técnico, estrutural, tecnológico ou legal – para garantir o uso racional e sustentável dos recursos naturais.
O desequilíbrio do ecossistema em florestas, mares, rios e lagoas, gerando a morte ou a extinção de animais, entre outras consequências, segundo especialistas, tende a se relacionar com práticas bem anteriores às ocorrências em si.
O registro de morte de peixes na Lagoa de Carapebus, na Serra, no último final de semana, pode ser um desses exemplos. De acordo com a bióloga e mestre em Ecologia, Giselli Martins de Almeida Freesz, as lagoas do município registram quantidade significativa de matéria orgânica, acumulada ao longo de décadas.
Ela explica que o período de verão, com altas temperaturas, tem consequências sobre esses mananciais, incluindo tanto a elevação da própria temperatura da água que, por si só, já é prejudicial ao ecossistema, quanto o impacto do calor sobre esses bancos de matéria orgânica (lodo) acumulados ao longo do tempo.
“As altas temperaturas ‘estimulam’ o processo de decomposição desses bancos de lodo no fundo das lagoas e aumentam a proliferação de microalgas produtoras de substâncias tóxicas, gerando também maior demanda por oxigênio e podendo ter impacto no equilíbrio do ecossistema, como a morte de peixes”, afirma bióloga e mestre em Ecologia, Giselli Martins de Almeida Freesz.
Para ela, o despejo clandestino de esgoto, realizado por imóveis que não se ligaram à rede disponível e que, portanto, não passam por tratamento, também é outro motivo de desequilíbrio. “Associadas, essas duas causas podem sim trazer danos ao meio ambiente e à vida do ecossistema”, diz.
Comentários