Agência declara estado de atenção por causa da seca
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Com o nível de rios abaixo do ideal, O Espírito Santo declarou estado de atenção para a situação hídrica. A Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh) publicou resolução no Diário Oficial, desta sexta-feira (24), com recomendações de uso racional da água.
Segundo a agência, o cenário de atenção foi declarado devido ao risco de aumento do déficit hídrico em rios e demais cursos d'água de domínio do Espírito Santo.
A seca prolongada das últimas semanas já vem causando impacto no nível dos rios no Estado, que estão com volume abaixo da média.
Um exemplo é o Rio Santa Maria da Vitória, que abastece cerca de 600 mil moradores em Vitória, Serra, Cariacica e Fundão. Após atingir um nível alto no início deste mês, a vazão de água despencou, se aproximando do nível crítico na semana passada.
Essa queda é ainda mais intensa nos municípios do Norte e Noroeste do Estado, segundo a Agerh. Em Colatina, a escassez de chuva já mudou o cenário do Rio Doce, que vem apresentando bancos de areia cada vez maiores em seu leito.
De acordo com o diretor-presidente da Agência Estadual de Recursos Hídricos, Fábio Ahnert, a queda nas vazões dos mananciais e a possibilidade de não ocorrência de chuvas em volumes suficientes demandam maior atenção do poder público, das companhias de abastecimento e dos usuários de água.
“Diferentemente das regiões banhadas pela bacia hidrográfica do rio Paraná, que sofrem com a falta d’água desde o primeiro semestre, o Espírito Santo ainda está conseguindo ofertar água em quantidade e qualidade para todos, mesmo em um dos meses mais críticos do período seco. No entanto, chegamos a um momento, no qual os volumes dos rios seguem em queda, o que requer atenção e esforços de economia para evitarmos a escassez hídrica”, explicou Ahnert.
Na última quarta-feira (22), A Tribuna noticiou que mesmo com a chegada da primavera – estação caracterizada pelo retorno do período chuvoso –, o volume de chuva vai ficar abaixo da média histórica no Espírito Santo.
O Estado será o único da região Sudeste com essa característica de seca prolongada durante os meses de outubro e novembro, segundo os meteorologistas. Com isso, a tendência é de que a estiagem continue pelas próximas semanas.
Diante desse cenário, a agência fez recomendações para o uso racional da água por cidadãos, indústrias, agricultores e companhias de saneamento e de serviços de água e esgoto.
“Em paralelo, a Agerh vai reforçar ainda mais o monitoramento dos rios e da chuva, em parceria com os órgãos estaduais e federais, e ampliar as ações de fiscalização nos locais mais sensíveis à estiagem”, complementou o diretor-presidente da Agência.
Fábio Ahnert enfatizou ainda a importância do comprometimento de todos. “É muito importante que todos os capixabas se unam em prol de um uso mais consciente da água, para que continuemos atravessando esse período seco com tranquilidade e sem prejuízo, até o retorno das chuvas”, recomendou.
Confira as recomendações da Agerh
Companhias Públicas e Privadas de Saneamento e Serviços Autônomos Municipais de Água e Esgoto
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Às empresas e organizações responsáveis pelo abastecimento urbano de água, a Agerh recomenda medidas de incentivo à economia do consumo diário de água pela população, intervenções para redução do índice de perdas do sistema de distribuição, e a agilidade no atendimento às solicitações de reparos de vazamentos em suas redes.
Prefeituras municipais
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Às prefeituras dos 78 municípios do Espírito Santo são recomendadas ações que reduzam e responsabilizem atividades promotoras do desperdício de água, como lavagem de calçadas, fachadas, muros e veículos com o uso de mangueiras; a rega de gramados, jardins, vias públicas com água que não seja de reuso.
Indústrias
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Medidas de reuso, reaproveitamento e reciclagem de água em suas unidades são as recomendações da Agerh para a redução do consumo em empreendimentos industriais.
Agricultura
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Aos usuários e empreendedores agrícolas, o Estado de Atenção demanda a adoção do período noturno para a irrigação de lavouras, a ampliação do uso racional e de captação de águas de chuva.
Órgãos Licenciadores
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A Agerh recomenda aos órgãos responsáveis pelo licenciamento de atividades poluidoras, potencialmente poluidoras, degradadoras ou potencialmente degradadoras, que imponham aos empreendimentos a adoção de medidas para a ampliação do uso racional, do reuso e aproveitamento de águas residuais tratadas, da captação de águas de chuva e de ações de reflorestamento e conservação de água e solo.
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Recomenda ainda a desburocratização do licenciamento de atividades e intervenções emergenciais destinadas ao aumento da oferta hídrica.
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