565 mil imóveis no Espírito Santo não têm número definido
Dado representa cerca de 26% dos endereços do Estado, o que dificulta a rotina de quem trabalha com entregas
Escute essa reportagem
Na hora da entrega de um produto, a rua está lá, mas cadê o número do imóvel para encontrar o local? A dificuldade na identificação de endereços é queixa comum entre motoboys, e com razão: mais 565 mil locais não têm número no Estado.
Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que os endereços sem número representam 26,3% do total no Espírito Santo. No País, o percentual é de 22,8%.
A análise, que faz parte do Cadastro Nacional de Endereços para Fins Estatísticos (Cnefe), mostrou ainda que, em 2022, o Estado tinha 48,5 mil endereços em logradouros – como ruas, avenidas, rodovias e estradas – sem nome.
O analista de Planejamento e Gestão do IBGE e chefe da seção do Cnefe no Estado, Felipe Moreira Salles, explicou que os dados de endereços têm diversas destinações. Entre elas, citou o uso no planejamento urbano, no aprimoramento de políticas públicas, em estudos de mobilidade urbana, no desenvolvimento de estratégias de transporte e logística, e outros.
“Com relação aos problemas da falta de número ou até de nomes de logradouros, isso acontece em todo o Brasil. É um volume grande, que dificulta também a coleta de dados estatísticos. Por isso, no cadastro, não trabalhamos apenas com o número, mas também com o elemento chamado de modificador, que diferencia os endereços”.
Ele reforçou que entre as curiosidades encontradas na análise está que os principais nomes de logradouros no Estado são: “São Paulo”, “Principal”, “São José”, “Santo Antônio” e “Brasil”.
O presidente do Sindicato dos Motociclistas Profissionais do Estado (Sindimotos-ES), Alexandro Martins Costa, explicou que as dificuldades com ruas sem nome e endereços sem números fazem parte da rotina de quem trabalha com entregas. “Isso gera uma perda de tempo para profissionais. Temos ainda muitas ruas com números misturados, fora de ordem ou até mesmo repetidos”.
Outra situação relatada por ele é de casas que têm dois números. Uma delas, no centro de Vitória, uma moradora teve que imprimir um papel e colar na porta. Lá, ela coloca o “número antigo” e “número atual”, já que correspondências com os dois números chegam, gerando confusão.
Números duplicados e fora de ordem
O motoboy Eliezer Ramos, 55, trabalha há 25 anos com entregas e sente na pele as dificuldades geradas por problemas relacionados a endereços.
Segundo ele, além de casas e estabelecimentos sem a numeração identificando os locais, ainda tem ruas e avenidas com números duplicados, fora de ordem ou ainda sem nomes.
“Quase todo dia eu passo por essa dificuldade de locais sem números ou com problemas de identificação. Isso não só atrasa as entregas, como também gera riscos, já que temos que ficar parando para pedir informações”.
Ele destacou que toda categoria, assim como os consumidores, também acabam tendo atrasos.
Prefeituras explicam como regularizar números
Com 26,3% dos endereços sem números no Estado, prefeituras da Grande Vitória explicaram como é possível regularizar o número ou nome de ruas.
Os moradores de Vila Velha podem solicitar o número de porta do endereço dele acessando o site da prefeitura, abrindo um processo eletrônico, por meio do Protocolo Virtual, e inserindo os documentos básicos.
A outra forma de oficialização de endereço está em execução pela prefeitura em seis bairros da Região 5, no Programa de Regularização Fundiária Urbana de Vila Velha (Reurb VV).
A prefeitura de Cariacica ressaltou que o morador que verificar que o imóvel não tem numeração deve entrar em contato com a Gerência de Planejamento Urbano via processo ou por e-mail ([email protected]) para que o número seja gerado.
Em Vitória, a prefeitura informou que atende as demandas de identificação com placas de logradouro por chamados no 156. Além disso, está em fase preliminar para instalação de placas nos bairros São José, Mata da Praia e Resistência.
Com relação à numeração dos imóveis, a prefeitura da Serra explicou que, no País, a convenção se dá de forma simples: a partir da definição do ponto inicial da rua, a numeração se dá na distância deste ponto até as casas.
Já a escolha se o número deve ser par ou ímpar, costuma também seguir um padrão: números pares ficam à direita da rua, já os ímpares ficam à esquerda.
Comentários