Mais duas pessoas são investigadas em caso de menino desaparecido em SC
Garoto foi encontrado pela Polícia Militar paulista na tarde de segunda (8), dentro de um carro, onde estavam os dois suspeitos
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Mais duas pessoas foram incluídas no inquérito que apura em quais circunstâncias um menino de 2 anos foi entregue pela mãe em Santa Catarina para uma mulher de São Paulo, no último dia 30. A informação é da Polícia Civil de São José, cidade próxima de Florianópolis, onde o caso é investigado.
O caso ganhou repercussão após o tio e a avó da criança procurarem a polícia no último dia 5 e relatarem o sumiço. O garoto foi encontrado pela Polícia Militar paulista na tarde de segunda (8), dentro de um carro, onde estavam Marcelo Valverde Valeze, 52, e Roberta Porfírio de Souza Santos, 41. Eles estão presos sob suspeita de tráfico de pessoas e negam a acusação.
De acordo com a Polícia Civil, o marido de Roberta Santos também está sendo investigado. Uma das hipóteses é que o casal tentava adotar a criança de forma clandestina. A investigação ainda está em andamento.
Outra investigada é a esposa de Marcelo Valeze.
Ao serem flagrados, Roberta e Marcelo disseram à PM que estavam levando o menino para o Fórum de Tatuapé, na zona leste paulistana, para tratar de uma eventual adoção.
A mãe do menino, uma mulher de 22 anos, admitiu à polícia que entregou o filho a outra pessoa. Mensagens de celular indicam ela sofreu assédio para dar o filho desde o nascimento dele, há dois anos, de acordo com a Polícia Civil de Santa Catarina. Ela está sem emprego e não há registro do pai do menino na certidão de nascimento.
O tio do menino disse nesta quarta (10) em sua rede social que "jamais imaginou que a minha irmã pudesse estar sendo aliciada" e que "ela está com a família e a gente está dando força para ela".
As defesas dos presos negam a acusação de tráfico de pessoas. Segundo a advogada Fernanda Salvador, que defende Roberta Santos, o menino foi entregue pela mãe para que fosse cuidado "por um tempo" pela sua cliente por causa da situação de vulnerabilidade.
Santos, que mora em São Paulo e trabalha com transportes, está na fila de adoção e, conforme a defesa, foi buscar o menino em Santa Catarina. Porém, ela teria se assustado com a repercussão do caso e, após conversar com um promotor da Vara da Infância e Juventude, resolveu entregar a criança no Fórum do Tatuapé, na zona leste, quando ocorreu a prisão.
"A gente achou prudente entregar [a criança] no fórum porque [a mãe] nos disse que estava em um ambiente tóxico, de vulnerabilidade", afirmou a advogada. "Como ela é habilitada para processo de adoção, achamos prudente entregar a criança no fórum."
Segundo a advogada, quando Santos foi a Santa Catarina buscar o menino, trouxe a documentação e ficha de vacinação da criança. "Como [a mãe] pediu ajuda, ela se sentiu à vontade para ir lá ajudar ver se ele iria se adaptar", disse a defensora, que não soube dizer como as duas se conheceram.
"A prisão foi ilegal, como se ela estivesse fugindo com a criança, mas estavam indo para o fórum a mando de um promotor para conversar sobre o que seria feito com a criança", disse a advogada.
A defesa de Marcelo Valeze negou que ele tenha assediado a mãe do menino a entregar a criança para a adoção. Mas confirmou que ele a conheceu logo após o nascimento do garoto e que naquela época teve interesse em adotá-lo.
Segundo as advogadas Laryssa Nartis e Khatarine Grimza, Veleze foi procurado recentemente pela mãe do menino. "Ela falou que, caso ele não pegasse a criança, ela poderia cometer uma loucura", disseram. "Ele não tinha mais contato com a mãe, ela é que veio procurá-lo agora."
De acordo com a defesa, Veleze conheceu a mãe do menino em um grupo de mulheres com interesse em doar crianças.
A partir daí, ele indicou Roberta Santos para a mãe do menino, de acordo com as defensoras, que reafirmaram que os dois presos estavam indo entregar a criança no fórum.
O menino permanece sob os cuidados do Conselho Tutelar de São Paulo. A Vara da Infância e da Juventude do Foro Regional do Tatuapé determinou o acolhimento institucional da criança na cidade até que as circunstâncias do caso sejam apuradas.
A Justiça paulista também determinou a citação da mãe e dos dois presos para que apresentem defesa.
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