Lula e Nísia anunciam produção de vacina da dengue
Anúncio foi feito em meio a expectativa de demissão da ministra
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anuncia nesta terça-feira (25) ao lado da ministra da Saúde, Nísia Trindade, um acordo para a produção de 60 milhões de doses anuais da vacina contra a dengue pelo Instituto Butantan, em meio a uma perspectiva de demissão da chefe do ministério.
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) ainda avalia o pedido de registro da vacina. No início do mês, o órgão pediu esclarecimentos e mais dados ao Butantan, além de ter enviado em dezembro o pedido de aprovação do imunizante.
Como revelou a Folha de S.Paulo na semana passada, Lula comunicou a aliados que havia decidido demitir Nísia do comando do Ministério da Saúde. O nome mais cotado para sua substituição é o atual ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, que já chefiou a pasta na gestão Dilma Rousseff (PT).
A partir de 2026, serão ofertadas 60 milhões de doses anuais, com possibilidade de ampliação do quantitativo conforme a demanda e a capacidade produtiva, segundo o governo. Objetivo é atender a população elegível pelo PNI (Programa Nacional de Imunizações) em 2026 e 2027.
O acordo também inclui outros insumos que são resultado de projetos de parcerias público-privadas. O evento de anúncio acontece nesta terça no Palácio do Planalto.
A iniciativa é uma parceria entre o Instituto Butantan e a empresa WuXi Biologics. A produção se dará pelo Programa de Desenvolvimento e Inovação Local (PDIL) do Ministério da Saúde, que já foi aprovado e está em fase final de desenvolvimento tecnológico.
A crise epidemiológica da dengue no país esteve entre os principais pontos de fragilidade da gestão de Nísia. No auge do desgaste político, a ministra chegou a ser cobrada pelo presidente durante uma reunião ministerial, em março do ano passado.
Na ocasião, ela alegou sofrer muita pressão política e afirmou que algumas pessoas cobram que ela fale grosso, mas que continuaria falando como habitual, com "contundência".
Com o acordo assinado nesta terça, o governo federal quer fortalecer a produção nacional para o SUS (Sistema Único de Saúde), por meio do Complexo Econômico-Industrial da Saúde brasileiro. O acordo é parte de uma estratégia de fortalecimento da indústria para dar autonomia e buscar novas soluções para o SUS.
Também está entre os objetivos que a capacidade produtiva e de oferta da vacina nacional contra a dengue cresça 50 vezes.
Por meio do Complexo Econômico-Industrial da Saúde, o projeto tem o apoio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), no financiamento da pesquisa clínica, e da Anvisa, na análise do pedido de registro, que contempla a população de dois a 59 anos.
O governo também anunciou uma parceria para a fabricação nacional da insulina glargina. O projeto envolve a produção do Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) pela Fiocruz, na fábrica localizada em Eusébio (CE), e a ampliação da fabricação do produto final pela farmacêutica Biomm.
"A produção de insulina poderá atingir 70 milhões de unidades anuais ao final do projeto. O primeiro fornecimento está previsto para o segundo semestre de 2025", afirma o governo Lula.
No mesmo comunicado, o governo disse que as parcerias com o setor privado devem "garantir inovação e acesso à vacina Influenza H5N8".
O investimento total na parceria é de R$ 1,26 bilhão. Também estão previstos R$ 68 milhões em estudos clínicos para ampliar a faixa etária e avaliar a coadministração com a vacina contra chikungunya. Essas ações estão alinhadas à estratégia da Nova Indústria Brasil (NIB).
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