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Brasil

‘Igreja de ouro’ que desabou em Salvador apresentava danos visíveis; veja imagens


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Parte do teto da Igreja de São Francisco de Assis, mais conhecida como “igreja do ouro” no Pelourinho, região do Centro Histórico de Salvador, desabou na tarde desta quarta-feira, 5. O acidente provocou a morte de Giulia Panchoni Righetto, de 26 anos, paulista de Ribeirão Preto. Outras cinco pessoas ficaram feridas. Um problema foi notado na segunda-feira, mas haveria uma visita técnica apenas na quinta-feira, 6.

À TV Globo, o presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Leandro Grass, informou que o frei responsável pela igreja protocolou na segunda-feira, às 15h48, um documento relatando “dilatação no forro”. Como não se falou em urgência, uma vistoria foi marcada para esta quinta-feira.

Há mais de dez anos, historiadores e defensores do patrimônio denunciavam as más condições estruturais do templo, erguido em 1708. Um restauro na estrutura até chegou a ser anunciado em 2024.

A Polícia Civil vai investigar a morte de Giulia, que tinha viajado a Salvador como turista e estava visitando a igreja no momento em que o teto colapsou. Segundo a Defesa Civil, o espaço central da igreja cedeu durante um momento em que o templo estava aberto, mas não havia missa.

O comerciante francês George Laporte, dono de uma sorveteria a menos de 10 metros da igreja, atendia clientes quando ouviu “um barulho muito forte de coisa caindo”. “Todo o mundo saiu (da loja) para ver”, narrou. Ao cruzarem a porta, já avistaram parte da igreja, do outro lado da rua, reduzida a escombros.

Pessoas que passavam em frente à igreja histórica tentaram ajudar as vítimas. A área, logo depois, foi isolada pela polícia. Os feridos foram socorridos e encaminhados para um hospital local. Conforme as autoridades, todos só sofreram ferimentos leves e não correm risco de morrer.

Em nota conjunta, o Ministério da Cultura e o Iphan afirmaram “acompanhar de perto a situação, em articulação com as autoridades locais”. O imóvel, segundo o comunicado, é de propriedade da Ordem Primeira de São Francisco, “responsável direta pela gestão e manutenção da edificação”. “O Iphan, enquanto órgão de proteção do patrimônio cultural brasileiro, tem atuado na preservação do bem, com ações como o restauro dos painéis de azulejaria portuguesa”.

A reportagem tentou contato com a Ordem Primeira de São Francisco, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.

A Arquidiocese de Salvador reforçou, em nota, que o “patrimônio histórico ora afetado é de valor inestimável para a humanidade”. “Rogamos a Deus, de modo especial, consolo para a família enlutada e a plena recuperação dos feridos.”

Valor patrimonial

O templo foi construído no início do século 18. Seu interior é revestido de ouro e a igreja é considerada uma das Sete Maravilhas de Origem Portuguesa no mundo. O prédio é um dos mais expressivos monumentos do barroco nacional e também é tombado pelo Iphan. Integra ainda o perímetro considerado como patrimônio mundial (popularmente chamado de “patrimônio da humanidade”) pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

A igreja possui uma arquitetura singular. No anexo, há um pequeno museu com exposição de peças sacras.

A última grande reforma data de 1983. Em junho de 2023, um dos pátios da igreja foi parcialmente fechado após se constatar risco de desabamento do pináculo (cúpula de ferro que fica no topo da igreja e pesa uma tonelada e meia) da torre da igreja. Até uma rua no entorno da igreja teve de ser interditada.

“O forro era uma joia à parte da nossa arte brasileira. Ver tudo isso no chão é uma tragédia”, afirma o historiador e curador de obras de arte Rafael Dantas, que já organizou projetos ali e, em 2019, por exemplo, promoveu uma visita ao local. “Já havia vazamento, cupim. Na época, isso chegou a ser denunciado, mas nada foi feito”, conta. A parte do teto que caiu, segundo ele, trazia “detalhes geométricos e caixotões pintados que registravam passagens religiosas”.

Obras de restauração

Superintendente do Iphan, Hermano Queiroz esteve no local no fim da tarde. Na saída, ele comentou o fato de o Iphan ter se comprometido, em outubro de 2024, a investir R$ 1,2 milhão na restauração da Igreja e Convento de São Francisco (que formam um conjunto arquitetônico). As obras, quatro meses depois, não haviam sido iniciadas. “Um projeto executivo precede toda a obra de um bem desse. Estávamos nesse projeto, porque todo bem tombado tem seus proprietários. O que a gente faz é ser um agente, entre um conjunto de atores, para a preservação. A ideia é que a gente some forças.”

Sobre os problemas estruturais da Igreja e do Convento, ele disse que “são os proprietários que fazem as intervenções”. “A gente não tem domínio sobre a gestão. O tombamento não significa tornar um bem público.” Durante o anúncio da restauração, no ano passado, o gestor apresentou uma “responsabilidade compartilhada” sobre os bens culturais. “É um esforço coletivo que envolve o compromisso de todos os setores da sociedade”.

Em maio de 2023, o governo federal já havia restaurado os painéis de azulejo no claustro. Trazidos de Lisboa em 1953, os 19 painéis retratam o cortejo do casamento de d. José I e Mariana Vitória de Bourbon, em 1729. Antes do restauro, parte dos azulejos já estava esbranquiçada. / COLABORARAM FABIO GRELLET, CAIO POSSATI E PRISCILA MENGUE

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